Economia

Cinema nacional faz venda de ingressos crescer 11% em 2003

Poucos setores da economia terão motivos para lembrar o ano de 2003. Entram aí o automotivo, o de celulose e papel, e o de eletroeletrônicos, só para citar alguns. Um deles, entretanto, conseguiu fugir da regra: o de exibição de filmes. Segundo uma projeção da Filme B, empresa carioca que pesquisa o mercado de cinema, […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Poucos setores da economia terão motivos para lembrar o ano de 2003. Entram aí o automotivo, o de celulose e papel, e o de eletroeletrônicos, só para citar alguns. Um deles, entretanto, conseguiu fugir da regra: o de exibição de filmes. Segundo uma projeção da Filme B, empresa carioca que pesquisa o mercado de cinema, 102 milhões de ingressos foram vendidos no ano passado, um crescimento de 11% em relação ao ano de 2002, quando a venda de 91 milhões de ingressos renderam aos exibidores 529,5 milhões de reais. O faturamento total de 2003 ainda não foi consolidado.

O volume maior de espectadores no cinema, afirmam executivos das empresas do setor, foi resultado do bom desempenho dos filmes, sobretudo os nacionais. "O setor se saiu bem graças a bons produtos", diz Valmir Fernandes, presidente da operação brasileira da americana Cinemark, maior rede de exibição do país com 272 salas.

Só os 29 filmes nacionais lançados em 2003 foram responsáveis pela venda de 22 milhões de ingressos. No ano anterior, apenas 7,5 milhões de espectadores haviam ido ao cinema assistir à produção nacional, um crescimento de quase 200%. "Como em 2002 a produção nacional foi de 30 filmes, o crescimento está mesmo relacionado à melhoria de qualidade das produções aos olhos do público", diz Fernandes. Entre os títulos nacionais que fizeram a festa dos exibidores em 2003 estão Carandiru, com 4,7 milhões de espectadores, Lisbela e o Prisioneiro, com 3,1 milhões, e Os Normais, com 2,9 milhões, todos no ranking das 10 maiores bilheterias do ano.

Para os executivos do setor, o perfil de alguns dos produtos nacionais de 2003 também colaborou para o volume de público. "Tivemos filmes mais comerciais e de público-alvo mais amplo", diz Fernandes. "Eles atraíram gente que não frequenta os cinemas", afirma Luiz Gonzaga de Luca, diretor de relações institucionais do grupo carioca de exibição Severiano Ribeiro, o segundo maior do país. Nessa categoria, os executivos incluem filmes como Os Normais e Maria, Mãe do Filho de Deus, do padre Marcelo Rossi.

Essas produções, além de Xuxa Abracadabra, Deus é Brasileiro e Maria, Mãe do Filho de Deus, também com mais de 1,5 milhão de espectadores - cifra que é sinônimo de bom negócio para os exibidores -, compensaram uma ligeira queda no desempenho dos filmes estrangeiros. Mesmo com 6 das 10 maiores bilheterias do ano, eles levaram 80 milhões de pessoas às salas, contra 82 milhões em 2002.

Mais ingressos, mais salas
Com as salas cheias, a Cinemark, que ainda não consolidou seu balanço de 2003, deverá saltar de um faturamento de 200 milhões de reais em 2002 para 240 milhões. A empresa não encontrou dificuldades para abrir 16 novas salas, resultado de um investimento de cerca de 16 milhões de reais. Os números também foram positivos para o Severiano Ribeiro, segundo Luca. Ele não revela a receita do grupo, mas o Severiano conta hoje com 207 salas, 32 delas inauguradas em 2003.

Não há ainda uma projeção de vendas de ingressos em 2004, mas o Cinemark tem planos ambiciosos: mais 40 milhões de reais em investimentos e mais 40 salas nos estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. O Severiano Ribeiro também tem inaugurações de salas planejadas para Florianópolis e Rio de Janeiro. "Estamos otimistas, mas ainda não sabemos se o cinema nacional conseguirá repetir a dose", diz Fernandes, do Cinemark.

Até agora, os grandes lançamentos esperados para 2004 são Homem Aranha 2, Shrek 2, O Último Samurai e o nacional Olga. "Somos reféns dos produtos. A forma como eles serão aceitos pelo público é sempre uma surpresa", diz Fernandes. A produção nacional recheada de atores globais Sexo, Amor e Traição, que estreou no início de janeiro, já superou as expectativas dos exibidores ao levar 2 milhões de espectadores ao cinema. "Já o Acquaria, com a dupla Sandy e Junior, ainda está aquém do que esperávamos", diz Luca. "Por isso, 2004 ainda é uma incógnita."

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