Economia

Ciclo de aumento dos juros pode estar perto do fim, dizem analistas

Na ata da reunião de fevereiro, o Copom afirma que a Selic está próxima do nível adequado para trazer a inflação para o centro da meta deste ano

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h40.

Após seis aumentos consecutivos, o ciclo de ajuste da taxa básica de juros (Selic) pode estar perto do final. Na ata da reunião de fevereiro, divulgada nesta quinta-feira (24/2), o Comitê de Política Monetária (Copom) assinala que a desaceleração da inflação e do crescimento industrial delineiam um "cenário benigno" para os próximos meses. A autoridade monetária também afirma que a Selic, atualmente em 18,75% ao ano, já está próxima do nível ideal para fazer a inflação convergir para a meta de 5,1%, estabelecida para este ano.

Segundo os economistas, isso aumenta a probabilidade de os ajustes terminarem em março. "Se os próximos números da economia vierem em linha com o que o Copom espera, é razoável estimar um aumento de 0,25 a 0,50 ponto percentual da Selic em março", afirma Luiz Alberto Thomson de Lacerda, sócio da Quest Investimentos (se você é assinante, leia também reportagem de EXAME sobre como o governo se beneficia da política de juros altos).

Para o economista-chefe do ABN Amro Real, Mário Mesquita, o tom mais ameno da ata divulgada hoje dá margem, inclusive, para que o Banco Central (BC) mantenha a taxa de juros inalterada em sua próxima reunião, marcada para os dias 15 e 16 de março. "O mais provável, porém, é uma alta modesta e final de 0,25 ponto percentual", afirma.

Inflação difusa

Entre as questões que ainda preocupam o Copom, está o aumento do número de itens cujos preços estão subindo. Em janeiro, 73,6% dos itens pesquisados apresentaram alta, contra 68% em dezembro e em novembro. De acordo com o BC, "a persistência dos núcleos [de inflação] em nível elevado e o comportamento do índice de difusão denotam o processo de disseminação do movimento de alta de preços entre os diversos segmentos da economia".

Para a autoridade monetária, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicador utilizado como referência na meta de inflação continuará pressionado em fevereiro. Os itens que mais pesarão no bolso dos consumidores são a educação e o reajuste de preços administrados. Os alimentos in natura também devem continuar a trajetória de alta verificada em janeiro. Esses produtos estão sendo prejudicados por condições adversas de clima e cultivo.

Por isso, a autoridade monetária destacou a necessidade de prosseguir com os aumentos da Selic. "Embora essa decisão [de elevar a taxa em fevereiro] já traga a taxa de juros básica para nível próximo ao que, na avaliação do Copom, promoverá a convergência da inflação para a trajetória das metas, o Comitê entende que ainda não será possível dar por concluído, com esse movimento, o processo de ajuste iniciado em setembro de 2004", afirma a ata. Segundo o Copom, a interrupção dos ajustes depende da confirmação "do cenário benigno que começa a se delinear e da percepção, por parte dos agentes econômicos, de após os ajustes, que a taxa será mantida constante por um período suficientemente longo de tempo". Na ata, o Copom lembrou que as taxas anualizadas dos núcleos da inflação indicadores que excluem variações abruptas de preço ainda projetam percentuais incompatíveis com a meta deste ano.

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