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China jogou no lixo US$ 6,8 tri em investimento, diz estudo

Pesquisadores apontam que entre um terço e metade do investimento realizado no país nos últimos 5 anos foi desperdiçado - mas os dados podem estar exagerados

Condomínio de Tianducheng, na China (Aly Song / Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de dezembro de 2014 às 21h47.

São Paulo - 6,8 trilhões de dólares é o equivalente a três anos de PIB brasileiro. É também o quanto de investimento a China desperdiçou só nos últimos 5 anos - 42 trilhões em renminbi, a moeda local.

A estimativa é de Xu Ce, da agência de planejamento estatal, e Wang Yuan, da Acadêmia de Estudos Macroeconômicos, também ligada à agência, e foi publicada em um artigo de opinião no jornal estatal local Shanghai Securities Journal, com a ressalva de que não representa a opinião oficial.

O valor é cerca de 37% do total investido pelo país no período. Em 2013, o desperdício chegou a praticamente 50%.

Isso aconteceu porque depois da crise de 2008, a China liberou crédito e despejou recursos para não deixar o crescimento cair muito. O investimento, que já era o motor da economia chinesa, foi incentivado ainda mais.

Só que uma política monetária frouxa, incentivos distorcidos e a falta de controle sobre oficiais e governos locais fizeram com que muito desse dinheiro acabasse desperdiçado, especialmente em indústrias como de aço e automóveis.

Cidades fantasmas inteiras (e até uma réplica de Paris) se tornaram o maior símbolo de um mercado imobiliário completamente distorcido. Recentemente, uma queda dos preços despertou novamente o medo de que uma bolha esteja prestes a estourar.

Outro lado

O blog Free Exchange, da revista britânica The Economist, nota que é simplesmente impossível pontuar com exatidão os reflexos de determinado investimento sobre o resto da economia, e questiona os dados utilizados.

O ponto fraco de Xu e Wang é que simplesmente pegaram a média de retorno do capital no período 1979-1996 e aplicaram para os últimos 5 anos, considerando qualquer perda de eficiência como simples "desperdício".

Só que menos eficiência é até certo ponto natural e não significa jogar dinheiro no lixo. Além do mais, o retorno do investimento pode se realizar ao longo do tempo. Um exemplo simples: casas que hoje estão vazias podem ser eventualmente ocupadas.

De qualquer forma, o alerta é válido: a China não pode continuar dependendo tanto de investimento para continuar crescendo - problema oposto, aliás, ao do Brasil.

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São Paulo - 6,8 trilhões de dólares é o equivalente a três anos de PIB brasileiro. É também o quanto de investimento a China desperdiçou só nos últimos 5 anos - 42 trilhões em renminbi, a moeda local.

A estimativa é de Xu Ce, da agência de planejamento estatal, e Wang Yuan, da Acadêmia de Estudos Macroeconômicos, também ligada à agência, e foi publicada em um artigo de opinião no jornal estatal local Shanghai Securities Journal, com a ressalva de que não representa a opinião oficial.

O valor é cerca de 37% do total investido pelo país no período. Em 2013, o desperdício chegou a praticamente 50%.

Isso aconteceu porque depois da crise de 2008, a China liberou crédito e despejou recursos para não deixar o crescimento cair muito. O investimento, que já era o motor da economia chinesa, foi incentivado ainda mais.

Só que uma política monetária frouxa, incentivos distorcidos e a falta de controle sobre oficiais e governos locais fizeram com que muito desse dinheiro acabasse desperdiçado, especialmente em indústrias como de aço e automóveis.

Cidades fantasmas inteiras (e até uma réplica de Paris) se tornaram o maior símbolo de um mercado imobiliário completamente distorcido. Recentemente, uma queda dos preços despertou novamente o medo de que uma bolha esteja prestes a estourar.

Outro lado

O blog Free Exchange, da revista britânica The Economist, nota que é simplesmente impossível pontuar com exatidão os reflexos de determinado investimento sobre o resto da economia, e questiona os dados utilizados.

O ponto fraco de Xu e Wang é que simplesmente pegaram a média de retorno do capital no período 1979-1996 e aplicaram para os últimos 5 anos, considerando qualquer perda de eficiência como simples "desperdício".

Só que menos eficiência é até certo ponto natural e não significa jogar dinheiro no lixo. Além do mais, o retorno do investimento pode se realizar ao longo do tempo. Um exemplo simples: casas que hoje estão vazias podem ser eventualmente ocupadas.

De qualquer forma, o alerta é válido: a China não pode continuar dependendo tanto de investimento para continuar crescendo - problema oposto, aliás, ao do Brasil.

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