China isenta produtos dos EUA de tarifas extras, antes de negociações
China e Estados Unidos protagonizam desde 2018 uma guerra comercial que resultou na imposição de tarifas que alcançam bilhões de dólares
AFP
Publicado em 11 de setembro de 2019 às 06h58.
Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 15h07.
A China publicou nesta quarta-feira uma lista de produtos americanos que ficarão isentos das tarifas de importação suplementares aplicadas desde o ano passado, poucas semanas antes de novas negociações comerciais entre Pequim e Washington - uma ação que foi elogiada pelo presidente americano, Donald Trump .
Com a medida, a China pretende limitar as consequências sobre seu setor industrial, que reclama dos custos excessivos provocados pelas tarifas impostas aos produtos 'made in USA'.
As isenções anunciadas nesta quarta-feira, que entrarão em vigor em 17 de setembro pelo prazo de um ano, afetam 16 categorias de produtos, de pesticidas a lubrificantes, passando por produtos farmacêuticos, informou a Comissão de Direitos Alfandegários da China.
"Foi um grande passo", disse Trump à imprensa nesta quarta.
China e Estados Unidos protagonizam desde 2018 uma guerra comercial que resultou na imposição mútua de tarifas que alcançam bilhões de dólares.
Em maio, o governo começou a receber pedidos para suspender as tarifas adicionais que aplicava aos produtos americanos.
Esta é a primeira vez que o governo chinês publica uma lista de produtos desde que começou a aplicar, ano passado, tarifas adicionais de 25% a uma série de bens procedentes dos Estados Unidos.
Entre as 16 categorias também estão produtos mais técnicos como alfafa granulada, os aceleradores lineares usados na medicina ou óleos para o setor mecânico.
"Estes ajustes são um sinal de que a China está mais disposta a obter avanços nas negociações comerciais de outubro", afirmaram analistas do banco britânico Barclays em uma nota.
O anúncio pode ser interpretado como um pequeno sinal de distensão em direção ao governo do presidente Donald Trump, apesar de Pequim prosseguir com a aplicação de tarifas punitivas aos principais produtos agrícolas americanos, como a soja ou a carne de porco.
Apesar das tensões bilaterais, China e Estados Unidos afirmam que o diálogo prossegue: no início de outubro está prevista uma reunião em Washington entre negociadores dos dois países.
Em maio, os dois países estiveram a ponto de assinar um acordo comercial, mas as negociações foram suspensas depois que Trump acusou Pequim de revisar seus compromissos.
Desde então, a crise aumentou com a entrada em vigor de tarifas recíprocas, reforçada por séries sucessivas, a mais recente no dia 1 de setembro.
Até o fim do ano, a administração de Donald Trump aplicará tarifas a quase todos os produtos importados da China, um total de 540 bilhões de dólares, levando em consideração os números das importações em 2018.
Os economistas alertam para o risco de uma guerra comercial que desacelera o crescimento mundial.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou recentemente que a situação já tem efeitos sobre a economia chinesa.
O pessimismo também está afetando as empresas americanas, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira pela Câmara de Comércio Americano em Xangai.
Quase 25% das empresas afirmaram esperar este ano uma queda do faturamento (apenas 6,1% pensavam assim em 2018). E 47% pretendem aumentar os investimentos no país asiático (contra 61,6% ano passado).
Diante da ofensiva de Washington, Pequim tentou até o momento mirar os produtos agrícolas ou de manufatura produzidos nos estados americanos que votaram em peso por Trump em 2016.
Levando em consideração a perspectiva de novas tarifas decididas pelo governo Trump, a China deve manter no momento as tarifas sobre a soja, carne de porco e automóveis americanos.
Pequim, no entanto, afirmou nesta quarta-feira que poderia anunciar outra lista de isenções de produtos, que seria divulgada "no devido tempo".