Economia

China estuda controle de preços do carvão para segurar inflação

O governo de Pequim considera impor um limite para o preço do carvão térmico com o objetivo de controlar os altos custos de energia

Uma ideia em discussão para o carvão é limitar o preço de venda de mineradoras (Kevin Frayer/Getty Images)

Uma ideia em discussão para o carvão é limitar o preço de venda de mineradoras (Kevin Frayer/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 9 de junho de 2021 às 21h40.

As medidas da China para controlar os custos das matérias-primas poderiam incluir limites de preços no mercado de carvão, destacando a determinação do governo chinês para combater a inflação.

O governo de Pequim considera impor um limite para o preço do carvão térmico com o objetivo de controlar os altos custos de energia antes do pico de demanda no verão. A medida seria mais um passo na campanha bem-sucedida da China iniciada em abril para esfriar o rali das commodities e evitar que pressões inflacionárias afetem a economia.

Uma ideia em discussão para o carvão é limitar o preço de venda de mineradoras, de acordo com pessoas a par do plano, que não quiseram ser identificadas. Yulin, uma importante base de produção na província de Shaanxi, no noroeste do país, já começou a testar um teto de preços, disse uma das pessoas.

Outra possibilidade é impor um limite de 900 yuans (US$ 141) ou 930 yuans por tonelada sobre o preço de referência no porto de Qinhuangdao, o que influenciaria outros mercados no país, disseram as fontes. Nesse cenário, as usinas seriam informadas pelas autoridades de que não podem comprar carvão acima desse nível. O segundo plano está sendo testado no porto por algumas geradoras estatais, disse uma das pessoas.

Nenhuma decisão foi tomada sobre a adoção de controles de preços, e os planos estão sujeitos a mudanças, segundo as fontes. Um fax para a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC, na sigla em inglês), a principal agência de planejamento da China, não obteve resposta.

Os contratos futuros de carvão térmico em Zhengzhou perderam força após a notícia do possível limite de preço, assim como as ações da China Shenhua Energy, a maior mineradora do país.

O preço no porto de Qinhuangdao atingiu recorde de 962 yuans em 19 de maio. Desde então, caiu para 865 yuans por tonelada - ainda bem acima da média histórica de 547 yuans - depois que o governo intensificou a campanha para esvaziar uma bolha de commodities que teria crescido em parte pela demanda de especuladores e investidores que acumulam apostas em um ativo.

A China produz e usa principalmente o próprio carvão, e a cadeia de suprimentos é dominada por estatais. Mas o precedente de impor controles de preços ainda pode abalar outros mercados de commodities que dependem de importações e do setor privado, devido ao maior escrutínio do governo de Pequim sobre os ralis recordes de várias matérias-primas como cobre, minério de ferro e milho.

As commodities industriais negociadas na China caíram em relação às máximas históricas nas últimas semanas. Em maio, a inflação ao produtor na China subiu para o nível mais alto desde 2008. Em mais uma medida para evitar que os consumidores sintam o aperto, a NDRC planeja elevar os estoques estatais de carne suína e aumentar a supervisão de outros mercados de alimentos básicos.

O mercado de carvão se aqueceu neste ano devido a uma combinação de fatores, como a forte recuperação econômica da pandemia, restrições à produção doméstica depois de uma série de acidentes fatais e controles de importação.

Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME

Acompanhe tudo sobre:CarvãoChinaMineração

Mais de Economia

Olimpíada de 2024 pode movimentar até 11 bilhões de euros, diz estudo

Aneel aciona bandeira verde e conta de luz deixará de ter cobrança extra em agosto

Governo prevê espaço extra de R$ 54,9 bi para gastos em 2025

BID faz acordo com Coreia do Sul e vai destinar US$ 300 milhões em financiamento para América Latina

Mais na Exame