CETA: livre-comércio em tempos de Brexit
O dia será longo no parlamento europeu. Nesta quarta-feira os parlamentares se reúnem com agricultores, empresários e representantes sindicais para discutir os prós e contras de um dos maiores e mais complexos acordos de livre comércio dos últimos anos. O Acordo Econômico e Comercial Abrangente (CETA) entre o Canadá e a União Europeia propõe uma […]
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2016 às 05h26.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h08.
O dia será longo no parlamento europeu. Nesta quarta-feira os parlamentares se reúnem com agricultores, empresários e representantes sindicais para discutir os prós e contras de um dos maiores e mais complexos acordos de livre comércio dos últimos anos.
O Acordo Econômico e Comercial Abrangente (CETA) entre o Canadá e a União Europeia propõe uma severa redução de tarifas aduaneiras, uma intensa troca de profissionais — sobretudo engenheiros, contabilistas e arquitetos europeus — e também a possibilidade de que empresas europeias atuem em setores como naval, de telecomunicações e de serviços financeiros no país da América do Norte.
O acordo esteve em elaboração durante os últimos sete anos e entra em fase de votação em um momento extremamente hostil para a globalização. Em um ano em que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia — e um improvável candidato à presidência dos Estados Unidos chegou a reta final com seu discurso ultra protecionista —, os ministros do parlamento europeu votarão o CETA no dia 18 de outubro. Mas isso é apenas o começo, após passar pelo parlamento do bloco, o acordo ainda será votado pelo parlamento de cada estado membro da UE.
Em teoria, especialistas apontam que o CETA deveria ser de fácil aprovação por se tratar de um acordo entre duas economias desenvolvidas onde há consenso sobre questões importantes como o mercado de trabalho. Além disso, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Canadá, atrás apenas dos Estados Unidos. Por outro lado, o Canadá é o 12º maior parceiro da UE. A transação de mercadorias entre essas nações somou 59,1 bilhões de euros em 2014.
O acordo, segundo estimativas da UE, poderia acrescentar 12 bilhões de euros anualmente para a produção econômica do bloco e as transações comerciais entre essas nações aumentaria em mais de 25%, segundo estimativas da UE.
Mais do que apenas o CETA, sua aprovação é vista como um termômetro para o avanço de outros acordos ainda maiores. O principal exemplo é a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, o pacto dos Estados Unidos e da UE para eliminar tarifas sobre produtos agrícolas, industriais e de consumo. Algo ambicioso em tempos de Brexit e Trump.