Câmbio favorável estimula indústria brasileira a exportar
O superávit de US$ 19,681 bilhões foi o melhor desde 2011 e ficou acima do esperado para 2015
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 13h45.
São Paulo - A mudança de patamar do câmbio abre nova perspectiva para o comércio exterior do país.
A melhora da balança comercial pode significar um respiro para a economia brasileira diante do enfraquecimento do mercado interno.
Os resultados mais positivos do comércio exterior já ficaram evidentes no ano passado.
O superávit de US$ 19,681 bilhões foi o melhor desde 2011 e ficou acima do esperado, embora o número tenha sido impulsionado pela forte queda nas importações.
"Esse ajuste externo em curso é um ajuste clássico como sempre ocorre em períodos de crise", afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria Integrada.
"O ajuste cambial já viria de qualquer maneira e está sendo acentuado por causa de toda a piora de fundamentos da economia brasileira."
Ainda que tímidos, os efeitos da valorização do dólar ante o real já começam a se materializar em novas estratégias para as empresas, sobretudo do setor industrial.
Com o novo patamar do câmbio, as empresas exportadoras esperam reconquistar e ampliar mercado externo.
"O câmbio pode ser uma válvula de escape no curto prazo", afirma Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "O Brasil já teve essa válvula de escape mais forte no período em que tinha uma penetração em mercado externo maior."
Movimentação
A Cedro Têxtil está reestruturando seu setor de exportação com a contratação de representantes em países no qual estava ausente nos últimos anos para ampliar sua atuação.
Atualmente, a presença da companhia está concentrada na América Latina e chega a 12 países.
"No passado, a exportação chegou a representar 15% (do volume produzido). Nos últimos anos, com a valorização do real, reduziu para 2%. A expectativa é pelo menos dobrar a participação em volume", diz Luiz César Guimarães, diretor comercial da Cedro. A empresa produz denims, brins e telas em quatro fábricas em Minas Gerais.
Em todo o setor, as pesquisas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) já apuram uma predisposição dos empresários brasileiros em exportar.
Em agosto de 2014, 27% das empresas que não exportavam tinham intenção de vender os produtos no exterior. Em outubro do ano passado, esse índice ultrapassou os 80%.
"A mudança de patamar do câmbio já mostrou para as empresas que a exportação é a saída", afirma Rafael Cervone, presidente da Abit.
A indústria automobilística também já sentiu a melhora nas vendas externas. Depois de uma queda de 40% em 2014, o setor conseguiu encerrar o ano passado com alta de 24,8% nas exportações, que totalizaram 417 mil veículos.
Para este ano, a previsão é de novo crescimento de 8%. "O dólar é vital e trouxe de volta parte da competitividade que perdemos nos últimos anos", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.
Segundo ele, novos acordos comerciais, por exemplo com Uruguai, e a renovação de acordos já em vigor com Argentina e México também ajudaram a impulsionar as vendas externas. Só para o mercado mexicano as exportações cresceram 75% no ano passado em relação ao anterior.
A Volkswagen, maior exportadora de carros do Brasil, registrou crescimento de 35% nas vendas ao exterior em 2015 em relação ao ano anterior, com 124.959 unidades, ou um terço de todo o volume exportado.
Entre os 16 países que importaram produtos da marca, o principal mercado foi a Argentina, que recebeu 68,8 mil veículos. Com 54,8 mil unidades, o Gol foi o modelo mais vendido lá fora.
Importação
A desvalorização do real também tem levado ao aumento da nacionalização das matérias-primas e insumos que abastecem a cadeia da indústria.
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a participação de insumos importados recuou para 23,5% no terceiro trimestre do ano passado, nível mais baixo desde os três primeiros meses de 2014.
"Esse processo está ocorrendo, mas as estatísticas mostram que ainda é bastante devagar", afirma Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da CNI.
São Paulo - A mudança de patamar do câmbio abre nova perspectiva para o comércio exterior do país.
A melhora da balança comercial pode significar um respiro para a economia brasileira diante do enfraquecimento do mercado interno.
Os resultados mais positivos do comércio exterior já ficaram evidentes no ano passado.
O superávit de US$ 19,681 bilhões foi o melhor desde 2011 e ficou acima do esperado, embora o número tenha sido impulsionado pela forte queda nas importações.
"Esse ajuste externo em curso é um ajuste clássico como sempre ocorre em períodos de crise", afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria Integrada.
"O ajuste cambial já viria de qualquer maneira e está sendo acentuado por causa de toda a piora de fundamentos da economia brasileira."
Ainda que tímidos, os efeitos da valorização do dólar ante o real já começam a se materializar em novas estratégias para as empresas, sobretudo do setor industrial.
Com o novo patamar do câmbio, as empresas exportadoras esperam reconquistar e ampliar mercado externo.
"O câmbio pode ser uma válvula de escape no curto prazo", afirma Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "O Brasil já teve essa válvula de escape mais forte no período em que tinha uma penetração em mercado externo maior."
Movimentação
A Cedro Têxtil está reestruturando seu setor de exportação com a contratação de representantes em países no qual estava ausente nos últimos anos para ampliar sua atuação.
Atualmente, a presença da companhia está concentrada na América Latina e chega a 12 países.
"No passado, a exportação chegou a representar 15% (do volume produzido). Nos últimos anos, com a valorização do real, reduziu para 2%. A expectativa é pelo menos dobrar a participação em volume", diz Luiz César Guimarães, diretor comercial da Cedro. A empresa produz denims, brins e telas em quatro fábricas em Minas Gerais.
Em todo o setor, as pesquisas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) já apuram uma predisposição dos empresários brasileiros em exportar.
Em agosto de 2014, 27% das empresas que não exportavam tinham intenção de vender os produtos no exterior. Em outubro do ano passado, esse índice ultrapassou os 80%.
"A mudança de patamar do câmbio já mostrou para as empresas que a exportação é a saída", afirma Rafael Cervone, presidente da Abit.
A indústria automobilística também já sentiu a melhora nas vendas externas. Depois de uma queda de 40% em 2014, o setor conseguiu encerrar o ano passado com alta de 24,8% nas exportações, que totalizaram 417 mil veículos.
Para este ano, a previsão é de novo crescimento de 8%. "O dólar é vital e trouxe de volta parte da competitividade que perdemos nos últimos anos", afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.
Segundo ele, novos acordos comerciais, por exemplo com Uruguai, e a renovação de acordos já em vigor com Argentina e México também ajudaram a impulsionar as vendas externas. Só para o mercado mexicano as exportações cresceram 75% no ano passado em relação ao anterior.
A Volkswagen, maior exportadora de carros do Brasil, registrou crescimento de 35% nas vendas ao exterior em 2015 em relação ao ano anterior, com 124.959 unidades, ou um terço de todo o volume exportado.
Entre os 16 países que importaram produtos da marca, o principal mercado foi a Argentina, que recebeu 68,8 mil veículos. Com 54,8 mil unidades, o Gol foi o modelo mais vendido lá fora.
Importação
A desvalorização do real também tem levado ao aumento da nacionalização das matérias-primas e insumos que abastecem a cadeia da indústria.
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a participação de insumos importados recuou para 23,5% no terceiro trimestre do ano passado, nível mais baixo desde os três primeiros meses de 2014.
"Esse processo está ocorrendo, mas as estatísticas mostram que ainda é bastante devagar", afirma Flávio Castelo Branco, gerente executivo de política econômica da CNI.