Economia

C-Bond é vendido por mais de 100% do seu valor pela primeira vez

  Pela primeira vez na história, o C-Bond, principal título da dívida externa do governo brasileiro, está sendo negociado a 100% do seu valor de face. Desde a manhã desta quinta-feira (8/1), o papel que vence em abril de 2014 ganhou compradores que não se importam em pagar o mesmo valor que receberão se resgatarem […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h52.

 

Pela primeira vez na história, o C-Bond, principal título da dívida externa do governo brasileiro, está sendo negociado a 100% do seu valor de face. Desde a manhã desta quinta-feira (8/1), o papel que vence em abril de 2014 ganhou compradores que não se importam em pagar o mesmo valor que receberão se resgatarem o título no vencimento.

 

Isso significa que nunca os investidores confiaram tanto na capacidade de o Brasil honrar suas dívidas. Quem paga 100% por um título que já foi vendido por 33% (em 10 de março de 1995) do seu valor nominal certamente duvida de um calote. Mais: ao comprar o título pagando seu valor total, o investidor mostra que está disposto a ganhar menos rentabilidade (ao comprar o C-Bond por 100% do seu valor, o investidor tem como única rentabilidade o cupom de 8% ao ano) - o que só melhora a avaliação dos papéis brasileiros.

 

Para Paulo Gomes, economista da Global Invest, o otimismo com os bonds brasileiros seria uma boa oportunidade de o governo retirar do mercado

esses títulos com cupom de 8% ao ano. "Há dois dias o governo já sinalizou como poderá fazer isso: comprando dólares no mercado à vista e recompondo as reservas cambiais", diz Gomes. Outra forma de baratear a dívida externa pública seria emitir títulos com taxa de juros mais baixa

para se capitalizar e resgatar antecipadamente os C-Bonds. "Se o governo for de fato recomprar, o mais provável é que use os dois instrumentos, recomprando com reserva cambial e com o dinheiro de uma nova emissão", diz.

 

A disposição do investidor para pagar 100% por um C-Bond brasileiro pode ser considerada paradoxal. Criado a partir do Plano Brady, que buscou reativar e prover de liquidez o mercado de títulos dos países emergentes, o C-Bond ainda é lembrado como dívida podre, já que remonta à moratória decretada pelo presidente José Sarney, em 1987. Para reanimar o mercado de títulos no Brasil, o governo federal lançou o papel em 1994 em uma emissão 7,4 bilhões de dólares. O C-Bond não passava de uma troca de papéis: saía do mercado a dívida que o Brasil não pagou e entrava o novo título.

 

Cotação

Depois de ter pequenas oscilações - inferiores a um ponto percentual, o C-Bond estava cotado a 100,38% às 15h56, o que representa uma variação positiva de 0,75% em relação ao dia anterior. E o risco-país segue em queda, a 409 pontos básicos, patamar 2,85% inferior ao de quarta-feira.

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