Economia

Bush fará corte de impostos para os EUA voltarem a crescer

A economia norte-americana deve repetir em 2003 o cenário tenso e contido de 2002. Para driblar as conseqüências negativas de um eventual conflito contra o Iraque, o presidente George W. Bush deve anunciar nesta terça-feira um plano econômico que tentará evitar as repetições dos efeitos negativos para a economia do país como o ataque terrorista […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h50.

A economia norte-americana deve repetir em 2003 o cenário tenso e contido de 2002. Para driblar as conseqüências negativas de um eventual conflito contra o Iraque, o presidente George W. Bush deve anunciar nesta terça-feira um plano econômico que tentará evitar as repetições dos efeitos negativos para a economia do país como o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.

Neste pacote, o presidente Bush proporá um corte de impostos que, segundo estimativas, pode variar de US$ 150 bilhões a US$ 600 bilhões ao longo dos próximos 10 anos, além da criação de empregos. Depois disso, o pacote deve ser aprovado pelo Congresso americano. Assessores da Casa Branca disseram que a proposta provavelmente incluirá ainda uma ajuda de bilhões de dólares para os governos estaduais que estão enfrentando enormes dificuldades orçamentárias por déficits fiscais. O corte de impostos pode elevar o déficit fiscal para US$ 200 bilhões de dólares _número que pode ser ainda maior se houver a guerra contra o Iraque.

Nesta segunda-feira (6/1), a Casa Branca anunciou que o novo plano econômico economizará cerca de 1,03 dólares em média para os 92 milhões de contribuintes este ano, na expectativa de aumentar o consumo e os investimentos.

Bush disse que seu plano, que deve custar mais de US$ 600 bilhões em 10 anos, é "muito justo" para os trabalhadores norte-americanos e que iria ajudar a aumentar o crescimento da economia. "Esta economia é uma das mais fortes do mundo, mas nós acreditamos que ela possa ser ainda mais forte", disse Bush durante uma reunião do gabinete.

Os democratas, opositores de Bush, querem cortes de impostos que atinjam as famílias de baixa e média renda, com alguns propondo um "feriado" temporário de pagamento de impostos para o Seguro Social e outros propondo devoluções em parcela única. A concentração de cortes em famílias de classe média ajudaria o governo republicano a obter o apoio democrata em um Senado quase dividido.

Assessores da Casa Branca sugerem que o plano é mais agressivo do que o especulado, prevendo um corte de impostos para investidores e pessoas das faixas de renda mais elevadas. Um assessor disse que Bush poderá propor corte de impostos de 50% para dividendos corporativos. Uma redução deste porte soma cerca de US$ 150 bilhões ao longo de 10 anos, e provavelmente seria a peça central de seu plano de impostos, afirma o jornal "The New York Times". Estudos mostram que os beneficiados com essas medidas seriam os 5% mais ricos do país.

Em entrevista ao "NYT", membros do governo reconhecem que os contribuintes mais ricos serão os principais beneficiários, mas argumentaram que a redução dos impostos sobre dividendos reduzirá as distorções no atual sistema tributário e elevará o mercado de ações. E já tem até republicano contra as medidas que ainda nem foram anunciadas por Bush: em entrevista a CBS, o senador republicano do Arizona John McCain disse que se oporia a um estímulo que é "muito nobre" para as classes mais favorecidas e de investidores.

Bush provavelmente também proporá uma redução mais rápida das alíquotas para todas as faixas de contribuintes, refutando a especulação de que o governo tentaria retardar as reduções para pessoas da faixa de renda mais alta. "O Congresso já concluiu que a redução de impostos é necessária e a aprovou em lei", disse um assessor, se referindo às reduções de imposto de renda previstas para entrar em vigor em 2004 e 2006. "O presidente não vê nenhuma necessidade de se distinguir os grupos."

Cálculos do Centro de Política Tributária mostram que uma pessoa que ganha mais de US$ 1 milhão por ano economizaria US$ 24 mil em impostos, enquanto uma pessoa que ganha entre US$ 40 mil e US$ 50 mil/ano economizaria apenas US$ 76.

Um analista da KPMG, especializado em política tributária federal dos Estados Unidos, acredita que os efeitos dessas medidas de Bush não virão no curto prazo. William Dudley, economista-chefe da Goldman Sachs, disse ao "NYT" que muitos dos cortes de impostos nem mesmo serão sentidos até 2004.

Na última quinta-feira, Bush divulgou a criação deste pacote. Em seu discurso, qualificou a economia do país como "sólida e resistente", mas ressaltou que ações decisivas eram necessárias para criar empregos. Mas acrescentou: "Eu estou preocupado com aqueles que estão desempregados. Eu estou preocupado com aqueles que estão procurando e não conseguem encontrar trabalho". A taxa de desemprego atingiu 6% em novembro, um recorde em oito anos. Na semana passada, Bush afirmou que pediria ao Congresso a continuação do seguro-desemprego para mais de 750.000 americanos cujos benefícios haviam expirado no sábado.

Segundo ele, todas as opções estavam sendo examinadas, com o intuito de impulsionar a economia - atualmente com uma taxa de crescimento anualizada em 1,5% - e estimular os investimentos, após três anos negativos em Wall Street. Os preços das ações nos EUA fecharam 2002 registrando o primeiro triênio de perdas desde o período 1939-1941.

Bush indicou que os cortes de impostos possivelmente não alcançariam os setores de maior renda. Os democratas sugeriram que o plano poderia favorecer os ricos em detrimento dos pobres.

O outro lado da moeda

Em dezembro, o Conference Board, grupo privado de pesquisas sobre negócios, divulgou que o seu índice de confiança do consumidor caiu para 80,3 em dezembro contra 84,9 em novembro. A importância deste índice reflete o potencial da crise americana. Os consumidores são responsáveis por dois terços do crescimento econômico norte-americano. Mas os analistas afirmaram que a causa por trás da falta de confiança era o medo da guerra contra o Iraque.

Alguns analistas, porém, afirmam que muitos fatores indicam uma retomada econômica. O economista John Silvia, da First Union Corp., diz que os lucros empresariais estão relativamente estáveis e o crescimento da renda pessoal é consistente, apesar de os consumidores estarem economizando mais.

As taxas de juro já são as mais baixas nas últimas quatro décadas, e o presidente do Federal Reserve (banco central norte-americano), Alan Greenspan, afirmou no início do mês que a economia ainda passava por um período delicado que poderia tornar-se mais fácil de atravessar se o cenário internacional se acalmar.

Na época da primeira Guerra do Golfo, em 1991, quando Bush pai era presidente, e James Baker, secretário de Estado, os americanos, como hoje, passavam por uma crise de confiança, preocupados com as conseqüências da guerra com o Iraque, que havia invadido o Kuweit.

Essa Guerra do Golfo, que durou de 17 de janeiro de 1991 até a rendição do Iraque, 42 dias depois, foi rápida. Os preços do petróleo, que haviam crescido com os temores do conflito, caíram junto com as primeiras bombas e a Bolsa subiu.

O breve conflito dissipou as incertezas sobre a economia norte-americana e contribuiu para impulsionar o mais longo período de crescimento econômico da história dos EUA.

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