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Brasil tira nota 8 em resistência a crise, diz Goldman Sachs

Em entrevista a EXAME, Jim O'Neill, que criou o termo BRIC e chefia a área de pesquisas globais do banco, a crise será um teste para empresas brasileiras

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h17.

Até o momento o Brasil passaria com uma nota 8 pelo teste de resistência à crise americana, na opinião do chefe do Departamento de Pesquisas Econômicas Globais do banco Goldman Sachs, o britânico Jim O';Neill.

Rotulado de "estrela do rock" por uma das mais prestigiadas revistas de negócios do mundo, a Business Week, por causa de sua capacidade de atrair milhares de espectadores às suas apresentações sobre economia internacional, O';Neill também é conhecido como pai do termo BRIC, sigla formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China e usada para designar os quatro países emergentes mais relevantes no cenário global.

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Nesta entrevista ao Portal EXAME, ele afirma que os BRICs, como um todo, não estão imunes à crise, mas aponta que no caso brasileiro a crise pelo menos servirá de teste quanto à força do mercado doméstico.

Portal EXAME - Em que medida a crise do subprime nos EUA pode afetar a economia brasileira?

O';Neill - Podemos dizer que uma recessão moderada não deve afetar o Brasil. Por moderada que quero dizer um cenário em que tenhamos dois ou três trimestres de crescimento negativo do PIB americano. Já uma recessão longa e profunda, que se prolongue por quatro trimestres ou mais, seria mais problemática para todo o mundo, e nesse cenário não podemos deixar de incluir o Brasil.

Portal EXAME - O senhor considera o Brasil mais ou menos vulnerável à crise internacional do que os outros emergentes, como a China?

O';Neill - O Brasil passa por um momento bastante singular porque os brasileiros estão finalmente acordando para os benefícios do sistema de metas de inflação e começam a acreditar que vai haver algum grau de estabilidade e segurança em seu país nos próximos anos. Esse é um contraste significativo em relação à maior parte do que vimos no país nas últimas três décadas do século passado, o que nos mostra que a evolução do caso brasileiro tem se mostrado cada vez mais ligada às questões domésticas.

Portal EXAME - Qual é a possibilidade de que uma redução da liquidez nos mercados internacionais afete a habilidade das empresas brasileiras de crescer?

O';Neill - Acho que, como eu disse, o caso brasileiro está ligado essencialmente ao plano doméstico. Por isso, uma situação como essa pode ser positiva para que as empresas passem por um "teste" real. Elas não podem confiar que as condições externas serão favoráveis para sempre.

Portal EXAME - O mercado de ações brasileiro parece refletir mais claramente do que as empresas uma preocupação com o cenário externo. Essa comparação entre os setores produtivo e financeiro deve continuar durante a crise ou um deles pode acabar influenciando desempenho o outro?

O';Neill - As companhias brasileiras mais expostas no cenário externo serão obviamente influenciadas pelos eventos globais. Isso significa que um ponto importante para os investidores brasileiros é focar no mercado doméstico e buscar as oportunidades ligadas ao consumo interno, já que elas devem permanecer mais protegidas da crise.

Portal EXAME - Apenas como um exercício de simplificação, que nota, entre 0 a 10, o senhor daria para a maneira como a economia brasileira tende a reagir à crise americana?

Eu daria um 8, até agora, mas com ênfase no "até agora"!

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