Brasil tem primeira deflação em 11 anos, diz IBGE
Queda nas contas de energia foi uma das grandes responsáveis pela primeira deflação mensal no país desde junho de 2006
João Pedro Caleiro
Publicado em 7 de julho de 2017 às 09h07.
Última atualização em 26 de julho de 2017 às 19h12.
São Paulo - A inflação no Brasil, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de -0,23% em junho, informou hoje o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi a primeira deflação mensal registrada no país desde junho de 2006, quando ficou em -0,21%, além de ser a taxa mais baixa para o mês desde o início do Plano Real.
Também representa uma queda forte em relação a maio, quando ficou em 0,31%, e em relação ao mesmo mês do ano passado, quando ficou em 0,35%.
Com isso, o acumulado em 12 meses está em 3%, abaixo da meta do governo, que é de 4,5% com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo.
Contexto
Uma deflação em junho já estava sendo apontada por dados preliminares e por estimativas do mercado.
A próxima reunião do Copom para decidir a taxa de juros será nos dias 25 e 26. O BC havia sinalizado uma redução no ritmo de corte de juros diante da crise política, mas a queda consistente da inflação enfraquece essa aposta.
A queda do consumo, da renda e do emprego também estão entre os fatores que contribuem para queda dos preços.
Grupos
4 dos 9 grupos pesquisados pelo IBGE tiveram queda de preços no mês. Artigos de Residência foram de -0,23% em maio para -0,07% em junho.
Alimentação e Bebidas, que tem peso acima de um quarto no total da cesta que compõe o índice, aprofundou a queda de -0,35% em maio para -0,50% em junho.
O mesmo aconteceu em Transportes, que foi de -0,42 em maio para -0,52% em junho puxado pelos combustíveis, que caíram 2,84% e tiveram impacto negativo de -0,14 ponto percentual na taxa mensal.
Duas reduções de preços autorizadas pela Petrobras deixaram o litro de gasolina 2,65% mais barato, influenciado também por uma queda de 4,66% no etanol, que faz parte da sua composição.
Habitação
Habitação teve a maior virada: de 2,14% em maio para -0,77% em junho, resultado do impacto negativo das contas de energia elétrica.
Esse item ficou mais barato em 5,52% e foi responsável, sozinho, por um impacto negativo de 0,20 ponto percentual no IPCA do mês.
Isso foi resultado da substituição, em primeiro de junho, da bandeira vermelha pela verde, levando a uma redução de R$ 3,00 a cada 100 kwh consumidos. Além disso, houve queda de 6,03% nas tarifas de Belo Horizonte.
Tudo isso pesou mais do que fatores de alta como o aumento do PIS/COFINS na maioria das regiões pesquisadas.
Outros fatores que pressionaram o grupo Habitação para cima foram aumentos de 1,14% nas contas de condomínio e de 2,16% nas de água e esgoto.
Outros grupos
Educação e Comunicação mantiveram a mesma taxa do mês anterior: 0,08% e 0,09%, respectivamente.
Vestuário reduziu a taxa (de 0,98% para 0,21%), assim como Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,62% para 0,46%), enquanto Despesas Pessoais acelerou de 0,23% para 0,33%.
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980 e se refere às famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos, abrangendo 10 regiões metropolitanas do país, além de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.
Grupo | Variação maio, em % | Variação junho, em % |
---|---|---|
Índice Geral | 0,31 | -0,23 |
Alimentação e Bebidas | -0,35 | -0,50 |
Habitação | 2,14 | -0,77 |
Artigos de Residência | -0,23 | -0,07 |
Vestuário | 0,98 | 0,21 |
Transportes | -0,42 | -0,52 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,62 | 0,46 |
Despesas pessoais | 0,23 | 0,33 |
Educação | 0,08 | 0,08 |
Comunicação | 0,09 | 0,09 |
Grupo | Impacto maio, em p.p. | Impacto junho, em p.p. |
---|---|---|
Índice Geral | 0,31 | -0,23 |
Alimentação e Bebidas | -0,09 | -0,12 |
Habitação | 0,32 | -0,12 |
Artigos de Residência | -0,01 | 0,00 |
Vestuário | 0,06 | 0,01 |
Transportes | -0,07 | 0,09 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,07 | 0,05 |
Despesas pessoais | 0,03 | 0,04 |
Educação | 0,00 | 0,00 |
Comunicação | 0,00 | 0,00 |