Brasil será o segundo maior produtor mundial de transgênicos até 2015
Aprovação de novas culturas geneticamente modificadas, como milho e cana-de-açúcar, e expansão das atuais sustentarão crescimento da área plantada
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.
Até 2015, o Brasil se consolidará como o segundo maior produtor mundial de culturas geneticamente modificadas, desbancando a Argentina, atual vice-líder. A previsão é de Anderson Galvão, diretor para o Brasil do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agrobiotecnológicas (Isaaa, na sigla em inglês). A organização divulgou, nesta quinta-feira (18/1), o relatório "Situação Global da Comercialização de Lavouras Geneticamente Modificadas".
A Isaaa estima que, até 2015, o total de área plantada com culturas transgênicas praticamente dobre, passando dos 102 milhões de hectares registrados em 2006 para 200 milhões. No ano passado, a área plantada cresceu 13% sobre 2005. O número de produtores rurais que adotam sementes geneticamente modificadas também subiu 21%, para 10,3 milhões de agricultores. Estima-se que nos próximos oito anos, a adesão dobre para 20 milhões de pessoas em 40 países - atualmente, 22 nações plantam transgênicos.
De acordo com o Isaaa, a expansão mundial dessas culturas será sustentada pelo maior número de países plantadores, pela introdução de novas lavouras, como a cana-de-açúçar, pelo aumento do mercado de bioetanol, e pela progressiva aceitação dos transgênicos entre os consumidores.
Brasil
Segundo Galvão, o Brasil tem todas as condições para liderar o crescimento do mercado mundial de transgênicos nos próximos anos. Mesmo que o maior plantador continue sendo os Estados Unidos, os brasileiros vão, em algum momento, ultrapassar os argentinos e se consolidarem na segunda posição. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor de transgênicos. Dos 102 milhões de hectares cultivados em 2006, 54,6 milhões de hectares pertenciam aos Estados Unidos, e 18 milhões, à Argentina.
O Brasil apareceu com 11,5 milhões de hectares plantados - um incremento de 22% sobre 2005. Praticamente toda a área foi ocupada pela soja transgênica, já que o algodão, segunda cultura geneticamente modificada introduzida no país, começou a ser plantada no ano passado.
Para Galvão, a expansão brasileira vai acelerar com a chegada de novas variedades de transgênicos, como o milho - que deve ser aprovado neste ano pelo CNTBio - e a cana-de-açúcar, cuja autorização para testes de campo será solicitada por pesquisadores ainda neste ano.
Até 2015, o Brasil terá, pelo menos, 40 milhões de hectares plantados de transgênicos. A previsão envolve três culturas - soja, com 28 milhões de hectares; milho, com 12 milhões; e algodão, com 1,2 milhão. O total pode crescer com a chegada da cana-de-açúcar geneticamente modificada, cuja área plantada ainda não pode ser estimada.
"Somente com essas três culturas, já será suficiente para ser o segundo maior produtor mundial", afirma Galvão. O diretor da Isaaa também não teme a concorrência de indianos e chineses, povos emergentes cujas lavouras transgênicas também estão crescendo. Segundo Galvão, a maior demanda de China e Índia é por algodão geneticamente modificado, uma cultura relativamente pequena no panorama mundial.