Brasil quer reduzir dependência do gás boliviano e descarta aumento
Petrobras aumentará pesquisa do combustível em território nacional. Presidente Lula afirma que gás não será reajustado, apesar das declarações de Evo Morales
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.
A Petrobras deve aumentar os investimentos na pesquisa e exploração de gás natural no próprio território brasileiro, a fim de reduzir a dependência do país do combustível fornecido pela Bolívia. A decisão foi tomada pelo grupo de coordenação política do governo, nesta segunda-feira (8/5), integrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelos ministros Dilma Roussef (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Tarso Genro (Relações Institucionais), e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
Atualmente, o gás natural representa 7,5% da matriz energética brasileira. Os planos do governo é de elevar essa fatia para 15% até 2015. As reservas comprovadas de gás existentes no país somam 316 bilhões de metros cúbicos. Segundo a Petrobras, a expectativa é de que o mercado de gás natural cresça 14,2% ao ano até 2010. Em 2004 - últimos dados atualizados pela estatal - a produção brasileira de gás somou 16,971 bilhões de metros cúbicos.
Após a reunião, o porta-voz da Presidência, André Singer, não forneceu detalhes sobre o quanto será investido pela Petrobras para aumentar a pesquisa e as reservas nacionais. Singer limitou-se a afirmar que o governo "não aumentará os preços do gás que vem da Bolívia para consumidores residenciais, empresariais e que usam gás como combustível veicular".
Neste fim de semana, o presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que espera reajustar em dois dólares o preço do gás fornecido a brasileiros e argentinos. Se concretizado, isso representaria um reajuste de 61% sobre os 3,26 dólares cobrados atualmente pelo milhão de BTU (unidade térmica britânica, referência internacional para medida de gás) no Brasil e quase 77% sobre os 2,6 dólares pagos pela Argentina.
"Agora, depende de nós. Podemos determinar o preço, mas para não perder a amizade [com o governo dos outros países] vamos discutir", afirmou Morales neste fim de semana. Segundo a Agência Boliviana de Informação, o órgão oficial de comunicação do governo daquele país, o reajuste do gás serviria para cobrir o déficit fiscal da Bolívia, de aproximadamente 300 milhões de dólares por ano, sem a necessidade de recorrer à ajuda de organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional.
As declarações de Morales destoam da posição manifestada por Lula nesta segunda-feira, durante seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente. "O fato de a Bolívia nacionalizar o gás não significa que vai faltar gás no Brasil. Nem vai faltar gás e nem vai aumentar o preço do gás. Ele vai aumentar quando tiver que fazer a renovação de contrato", afirmou Lula.
Com informações da Agência Brasil.