Brasil pode ter um dos cinco melhores resultados fiscais do G20, diz André Esteves
No mesmo debate, presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, enalteceu recente emissão de debêntures de saneamento em parceria com bancos privados
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 25 de agosto de 2023 às 17h21.
O chairman e sócio-fundador do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), André Esteves, afirmou nesta sexta-feira, 25, que a situação econômica do Brasil é mais favorável do que se costuma sinalizar. Segundo ele, a inflação brasileira está controlada e será mais baixa do que a da Europa.
Além disso, as contas externas são superavitárias. E, por fim, a situação fiscal mostra uma visão responsável do governo com o arcabouço aprovado pelo Congresso. Com isso, o Brasil caminha para um resultado primário entre os cinco melhores entre os membros do G20.
- Pagamento de aposentados e pensionistas do INSS começa nesta sexta-feira; veja calendário
- Banco Central permitirá acesso a dados de usuários sob investigação por polícia e Ministério Público
- Haddad diz que governo fez proposta de garantia em yuan para exportações à Argentina
- Brasil aprova documento do G20 sobre economia digital
- Ainda é cedo para pensar em pausa no aperto monetário da zona do euro, diz membro do BCE
- Presidente de Taiwan solicita aumento no orçamento militar para se defender da China
“Todos somos de uma geração em que vivemos diversos momentos do Brasil com desafios econômicos. Inflação alta nos anos 1980 e 1990. Depois contas externas e por último as contas fiscais. Agora, a inflação desse ano vai ser mais baixa que a da Europa. As contas externas estão equilibradas. Nossa situação fiscal, com o arcabouço fiscal, mostra essa visão responsável. O Brasil caminha para que tenha um dos cinco melhores resultados fiscais dos membros do G20. O copo está bem mais cheio do que parece”, disse, durante o Fórum Esfera 2023.
Esteves também defendeu que o debate democrático no Brasil, com a pluralidade de opiniões, tem ajudado a tomada de decisões importantes, como a queda de juros de 0,5 ponto percentual promovida pelo Banco Central (BC).
“Iniciamos um processo de distensão de juros baseado em dados técnicos. Feliz é o país em que o debate técnico está acontecendo”, afirmou.
Parceria com BNDES
Também presente no debate, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu integração maior entre bancos públicos e privados para o desenvolvimento de produtos para alavancar investimentos.
Segundo ele, em um momento de escassez de ofertas no mercado de capitais, o BNDES promoveu com sucesso a emissão de debêntures, em parceria com bancos privados.
“Podemos operar e estruturar juntos programas de debêntures como fizemos na infraestrutura. O BNDES estruturou, o BTG e o Itaú coordenaram, e foi um sucesso. Precisamos de mais parcerias público privados. Uma relação entre os setores privado e público de outro nivel para nos fortalecer como país”, disse.
Reequilíbrio das contas públicas
O equilíbrio da trajetória de dívida pública é uma prioridade do governo, afirmou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan. Segundo ele, o arcabouço fiscal é parte desse processo coordenado pelo ministro Fernando Haddad. “O arcabouço coloca uma trava de crescimento das despesas. A gente, sem dúvida ,vai chegar nos próximos anos numa trajetória de equilíbrio da dívida pública”, afirmou.
Diante do debate para reequilibrar as contas públicas, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, propôs uma mudança no processo de cobrança da dívida pelo governo. “As execuções fiscais entram no Judiciário e não saem nunca. A União ganha, mas não leva. Isso traz um problema grave e temos que pensar em formas inteligentes para sentar-se em uma mesa para resolver esse passivo. O Estado e setor privado precisam se entender”, disse.