As fragilidades enfrentadas pelo Brasil não são apenas conseqüência de um cenário externo adverso, mas de seus próprios problemas internos, disse o economista Paulo Guedes. A crise que afeta os países emergentes está passando ao largo da Rússia e do Chile, que devem crescer este ano e mantêm seu acesso ao crédito internacional.

Para Guedes, o Brasil está enfrentando uma situação muito difícil hoje porque o governo de Fernando Henrique Cardoso demorou muito para aprender alguns fatos econômicos básicos , como a necessidade de conter os gastos públicos e de deixar o câmbio flutuar.

O atual governo tucano, afirmou Guedes, substituiu o financiamento simplista do déficit público por meio da emissão de moeda (ou seja, inflação), por uma política de endividamento. Não podemos nos esquecer que, no início do primeiro mandato do Fernando Henrique Cardoso, o déficit público era de 28% do PIB, e hoje está em 65% do PIB , disse ele. Depois, as pessoas se espantam que o Brasil não consegue crédito no mercado internacional. A Rússia tem conseguido crédito, a alíquota máxima de imposto de renda é de 13,5% e as projeções de crescimento para este ano são de 3%.

Guedes disse que o principal desafio a ser encontrado pelo PT são seus limites cognitivos . Se o partido se mantiver vinculado a suas origens sindicais, ele terá uma grande dificuldade para reorientar os gastos públicos para fins sociais. Se, ao contrário, ele conseguir superar as velhas fórmulas corporativistas e assistencialistas, ele terá chance de fazer um bom governo. O economista e colunista de EXAME fez sua apresentação no seminário Brasil em EXAME, que acontece na manhã desta quarta-feira (13/10) em São Paulo e é promovido pela revista EXAME.