Bolsonaro tratará de acordo com o Mercosul em visita ao Japão
Brasil tem interesse em ampliar relações comerciais com Japão porque números das relações bilaterais estão em ritmo decrescente
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de outubro de 2019 às 14h44.
Última atualização em 21 de outubro de 2019 às 15h06.
São Paulo — O acordo comercial entre o Mercosul e Japão deve ser assunto da reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, na próxima quarta-feira, 23. As chances das negociações efetivamente avançarem, no entanto, são vistas como baixas até o momento.
Na avaliação de integrantes do governo brasileiro, é mais provável que um eventual pronunciamento sobre o início das tratativas fique para a visita de Shinzo Abe ao Brasil, em novembro.
O foco, agora, é a cerimônia de coroação do imperador do Japão, Naruhito, que acontece na terça-feira, 22. Também é considerada a possibilidade do anúncio ser substituído por um estudo oficial sobre um possível acordo nas próximas semanas, em tom mais discreto.
Ao chegar em Tóquio, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ainda não sabe se será possível iniciar as negociações ou não, mas que o assunto está "adiantado". "Não sei, não sei. Está adiantado", avaliou.
Questionado sobre se está interessado em começar as negociações, Bolsonaro respondeu que "é lógico". "É lógico que estou interessado, a Coreia do Sul também, os Estados Unidos. Está indo bem o Brasil", declarou a jornalistas.
O momento para o acordo é considerado propício, já que os japoneses encerraram recentemente as tratativas com os Estados Unidos. As conversas com o bloco de países sul-americanos, então poderiam ganhar espaço. A pauta positiva também viria em boa hora para o governo brasileiro.
Segundo o secretário de Negociações Bilaterais na Ásia, Pacífico e Rússia, embaixador Reinaldo José de Almeida Salgado, um estudo feito no Japão mostra que 97% da pauta exportadora do Japão para o Brasil está coberta no acordo Mercosul-UE.
"Se a gente não correr atrás, esse comércio tenderá a declinar. Por muito tempo, o Japão esteve envolvido no acordo com EUA, com dificuldade para se engajar em novas negociações. Pelo menos do nosso ponto de vista, não sei se da parte deles será o mesmo, agora é chegado o momento do Mercosul entrar na lista", afirmou Salgado.
Além disso, o Brasil tem interesse em ampliar as relações comerciais com o Japão porque os números das relações bilaterais entre os países seguiram em ritmo decrescente nos últimos anos. No ano passado, o comércio do Brasil com o Japão totalizou cerca 8 bilhões de dólares, metade do que já foi em 2011.