BC vê mais inflação e diz que tomará "medidas necessárias"
Na semana passada, o BC decidiu manter a Selic em 14,25 por cento ao ano
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 09h06.
São Paulo - O Banco Central afirmou que tomará as "medidas necessárias" para controlar a escalada de preços independentemente da política fiscal e do cenário de incertezas, indicando que deve voltar a elevar os juros básicos em breve.
Ao mesmo tempo, a autoridade monetária piorou sua previsão para a inflação neste ano e em 2016, afirmando que ambas estão acima do centro da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA , com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos--, segundo ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira.
"Independentemente do contorno das demais políticas, o Comitê adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas (de inflação)", trouxe o documento, ressaltando que isso significa levar "a inflação o mais próximo possível de 4,5 por cento em 2016... e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5 por cento em 2017".
Para 2017, a meta de inflação é de 4,5 por cento, mas com margem de 1,5 ponto percentual.
Na semana passada, o BC decidiu manter a Selic em 14,25 por cento ao ano, mas numa decisão dividida, com dois membros do Copom optando por elevar a taxa em 0,5 ponto percentual, em meio à piora nas expectativas de inflação e no cenário de indefinições fiscais e turbulências políticas no país.
Mais uma vez, o BC destacou o atual cenário fiscal, com as contas públicas em desordem, como um dos fatores que pesam negativamente sobre o cenário econômico.
Para a autoridade monetária, as incertezas envolvem "a velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e a sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostra-se mais demorado e mais intenso que o previsto".
Segundo a pesquisa Focus do próprio BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, as expectativas de alta da inflação têm piorado com intensidade.
No início de outubro, os cálculos para a elevação do IPCA em 2015 e 2016 estavam em 9,5 e 5,92 por cento, passando agora para 10,38 e 6,64 por cento, estourando a meta do governo.
Para 2017, as contas também estão cada vez piores: passaram de alta de 4,86 para 5,12 por cento, no período.
Pela ata, no cenário de referência (com dólar constante a 3,80 reais e Selic em 14,25 por cento), o BC piorou suas projeções para a inflação tanto em 2015 quanto em 2016, permanecendo acima do centro da meta. Para 2017, a projeção encontra-se em torno da meta.
Nestes casos, o BC não informa sua projeção nominal.
Os membros do Copom que votaram pela alta da Selic na semana passada, ainda segundo o documento, argumentaram que o movimento serviria para "reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos".
Porém, a maioria votou pela manutenção da taxa para "monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
Foi a primeira decisão sem consenso do Copom desde outubro do ano passado.
Via de regra, o BC inicia ciclos de aperto monetário com alta mais branda, de 0,25 ponto percentual. A inclinação de dois membros por um passo mais agressivo reforçou, para analistas, a visão de que o Copom estaria se preparando para subir a Selic em breve, até mesmo em janeiro, quando se reúne novamente.
"Se as expectativas de inflação se deteriorarem ainda mais, eles (BC) vão subir na próxima reunião", afirmou o analista da TD Securities, Cristian Maggio.
No mercado de juros futuros, as apostas são de que a Selic será elevada em 0,5 ponto percentual no próximo mês, segundo dados da Reuters.
Segundo operadores, a curva de DIs também apontava pelo menos outras duas elevações de 0,50 ponto na Selic em seguida.
Até a última reunião, o Copom defendia que a manutenção dos juros no atual patamar, por período suficientemente prolongado, seria necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. Ou seja, no final de 2017.
Mesmo com a economia em recessão, o que poderia ajudar a reduzir a alta dos preços, as pressões inflacionárias continuam a aumentar na esteira de ajustes de tarifas e da disparada do dólar sobre o real.
Texto atualizado às 10h06.
São Paulo - O Banco Central afirmou que tomará as "medidas necessárias" para controlar a escalada de preços independentemente da política fiscal e do cenário de incertezas, indicando que deve voltar a elevar os juros básicos em breve.
Ao mesmo tempo, a autoridade monetária piorou sua previsão para a inflação neste ano e em 2016, afirmando que ambas estão acima do centro da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA , com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos--, segundo ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira.
"Independentemente do contorno das demais políticas, o Comitê adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas (de inflação)", trouxe o documento, ressaltando que isso significa levar "a inflação o mais próximo possível de 4,5 por cento em 2016... e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5 por cento em 2017".
Para 2017, a meta de inflação é de 4,5 por cento, mas com margem de 1,5 ponto percentual.
Na semana passada, o BC decidiu manter a Selic em 14,25 por cento ao ano, mas numa decisão dividida, com dois membros do Copom optando por elevar a taxa em 0,5 ponto percentual, em meio à piora nas expectativas de inflação e no cenário de indefinições fiscais e turbulências políticas no país.
Mais uma vez, o BC destacou o atual cenário fiscal, com as contas públicas em desordem, como um dos fatores que pesam negativamente sobre o cenário econômico.
Para a autoridade monetária, as incertezas envolvem "a velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e a sua composição, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostra-se mais demorado e mais intenso que o previsto".
Segundo a pesquisa Focus do próprio BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, as expectativas de alta da inflação têm piorado com intensidade.
No início de outubro, os cálculos para a elevação do IPCA em 2015 e 2016 estavam em 9,5 e 5,92 por cento, passando agora para 10,38 e 6,64 por cento, estourando a meta do governo.
Para 2017, as contas também estão cada vez piores: passaram de alta de 4,86 para 5,12 por cento, no período.
Pela ata, no cenário de referência (com dólar constante a 3,80 reais e Selic em 14,25 por cento), o BC piorou suas projeções para a inflação tanto em 2015 quanto em 2016, permanecendo acima do centro da meta. Para 2017, a projeção encontra-se em torno da meta.
Nestes casos, o BC não informa sua projeção nominal.
Os membros do Copom que votaram pela alta da Selic na semana passada, ainda segundo o documento, argumentaram que o movimento serviria para "reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos".
Porém, a maioria votou pela manutenção da taxa para "monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
Foi a primeira decisão sem consenso do Copom desde outubro do ano passado.
Via de regra, o BC inicia ciclos de aperto monetário com alta mais branda, de 0,25 ponto percentual. A inclinação de dois membros por um passo mais agressivo reforçou, para analistas, a visão de que o Copom estaria se preparando para subir a Selic em breve, até mesmo em janeiro, quando se reúne novamente.
"Se as expectativas de inflação se deteriorarem ainda mais, eles (BC) vão subir na próxima reunião", afirmou o analista da TD Securities, Cristian Maggio.
No mercado de juros futuros, as apostas são de que a Selic será elevada em 0,5 ponto percentual no próximo mês, segundo dados da Reuters.
Segundo operadores, a curva de DIs também apontava pelo menos outras duas elevações de 0,50 ponto na Selic em seguida.
Até a última reunião, o Copom defendia que a manutenção dos juros no atual patamar, por período suficientemente prolongado, seria necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. Ou seja, no final de 2017.
Mesmo com a economia em recessão, o que poderia ajudar a reduzir a alta dos preços, as pressões inflacionárias continuam a aumentar na esteira de ajustes de tarifas e da disparada do dólar sobre o real.
Texto atualizado às 10h06.