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BC tem ajustado juros para combater inflação, diz Hamilton

Segundo diretor, convergência da inflação ainda não está refletida nas projeções do Banco Central

Diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo: "Prefiro focar na fala do presidente de que estamos usando os juros para enfrentar a inflação", afirmou (Marcello Casal Jr/ABr)
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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2014 às 15h33.

Curitiba - O Banco Central tem ajustado os juros para combater a inflação que, apesar de estar se deslocando para a meta, essa convergência ainda não está refletida nas projeções do banco, disse nesta quinta-feira o diretor de Política Econômica da autoridade monetária, Carlos Hamilton Araújo.

"Prefiro focar na fala do presidente (do BC, Alexandre Tombini) de que estamos usando os juros para enfrentar a inflação", afirmou o diretor ao ser questionado por jornalistas sobre eventual uso de outros instrumentos no combate à alta dos preços.

O diretor acrescentou ainda que a Selic é o instrumento de que o BC dispõe "para tratar de questões inflacionárias".

Em entrevista à revista Exame publicada nesta quinta-feira, Tombini disse que "o Banco Central vai ajustar seus instrumentos para trazer a inflação para baixo e mantê-la sob controle. Mas dependemos do cenário externo." A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

A partir de abril do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC retirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento ao ano e elevou-a para o atual patamar de 10,5 por cento, num aperto monetário para conter a escalada preços.

Mesmo após esse aperto, a inflação continua mostrando resistência, com indicação de nova alta na taxa básica de juros na reunião do comitê marcada para a última semana de fevereiro.

No mês passado, o IPCA foi a 0,55 por cento e, em 12 meses, a 5,59 por cento, abaixo do previsto para o mercado, mas ainda em meio a um cenário de resistência dos preços ao atual ciclo de aumento dos juros.

Carlos Hamilton disse que a inflação menor em janeiro decorre de fatores pontuais, como menores preços das passagens aéreas. Ele ressaltou que as decisões do BC sobre juros levam em conta horizontes mais longos.

"A inflação de janeiro foi positiva porque melhora as expectativas, mas tomamos decisões de política monetária olhando horizonte de um a dois anos." Diante desse cenário, o diretor disse ainda que a convergência da inflação para o centro da meta é possível num cenário que vai até o final de 2015, mas que "ainda não está refletida nas nossas projeções de inflação", acrescentou o diretor.


Ao apresentar o Boletim Regional em Curitiba, ele disse ainda que não faria novos comentários sobre política monetária além do que já constam na última ata do Copom.

Pelo documento, divulgado em janeiro, o BC voltou a reforçar que é "apropriada" a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias "ora em curso", ponderando também que a transmissão dos efeitos das ações de política monetária ocorre com defasagens.

Câmbio

Sobre o efeito da desvalorização cambial, o diretor comentou que ainda pode haver resquícios de repasse aos preços. De acordo com ele, uma desvalorização de 10 por cento "se traduziria em 60 a 50 pontos-base na inflação". No ano passado, o dólar subiu pouco mais de 15 por cento ante o real e, em 2014, outros 2,76 por cento até a véspera.

Em termos de atividade, Carlos Hamilton comentou que esse movimento de valorização da moeda norte-americana favorecerá o setor industrial e que está em curso uma mudança na composição do crescimento do país. Por um lado, com expansão mais moderada do crédito e, de outro, melhor evolução das exportações e investimentos.

"Mas a velocidade (do crescimento) vai depender do fortalecimento da confiança das firmas e das famílias", acrescentou ele.

Em sua projeção mais recente, o BC estimou em 2,3 por cento a expansão do país em quarto trimestres encerrados no terceiro trimestre deste ano.

Sobre o crédito, o diretor disse que seriam "oportunas" políticas de redução de subsídios no mercado de crédito. Dados sobre o crédito apresentados pelo BC mostram sistemático aumento da participação dos bancos públicos na oferta total de crédito no país, comparativamente aos bancos privados.

Às vésperas da apresentação pelo governo da nova meta de superávit primário, o diretor repetiu que a maior economia do gasto pública ajudaria a política monetária. "Quanto mais disciplina fiscal, melhor para o combate à inflação".

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Curitiba - O Banco Central tem ajustado os juros para combater a inflação que, apesar de estar se deslocando para a meta, essa convergência ainda não está refletida nas projeções do banco, disse nesta quinta-feira o diretor de Política Econômica da autoridade monetária, Carlos Hamilton Araújo.

"Prefiro focar na fala do presidente (do BC, Alexandre Tombini) de que estamos usando os juros para enfrentar a inflação", afirmou o diretor ao ser questionado por jornalistas sobre eventual uso de outros instrumentos no combate à alta dos preços.

O diretor acrescentou ainda que a Selic é o instrumento de que o BC dispõe "para tratar de questões inflacionárias".

Em entrevista à revista Exame publicada nesta quinta-feira, Tombini disse que "o Banco Central vai ajustar seus instrumentos para trazer a inflação para baixo e mantê-la sob controle. Mas dependemos do cenário externo." A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

A partir de abril do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC retirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento ao ano e elevou-a para o atual patamar de 10,5 por cento, num aperto monetário para conter a escalada preços.

Mesmo após esse aperto, a inflação continua mostrando resistência, com indicação de nova alta na taxa básica de juros na reunião do comitê marcada para a última semana de fevereiro.

No mês passado, o IPCA foi a 0,55 por cento e, em 12 meses, a 5,59 por cento, abaixo do previsto para o mercado, mas ainda em meio a um cenário de resistência dos preços ao atual ciclo de aumento dos juros.

Carlos Hamilton disse que a inflação menor em janeiro decorre de fatores pontuais, como menores preços das passagens aéreas. Ele ressaltou que as decisões do BC sobre juros levam em conta horizontes mais longos.

"A inflação de janeiro foi positiva porque melhora as expectativas, mas tomamos decisões de política monetária olhando horizonte de um a dois anos." Diante desse cenário, o diretor disse ainda que a convergência da inflação para o centro da meta é possível num cenário que vai até o final de 2015, mas que "ainda não está refletida nas nossas projeções de inflação", acrescentou o diretor.


Ao apresentar o Boletim Regional em Curitiba, ele disse ainda que não faria novos comentários sobre política monetária além do que já constam na última ata do Copom.

Pelo documento, divulgado em janeiro, o BC voltou a reforçar que é "apropriada" a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias "ora em curso", ponderando também que a transmissão dos efeitos das ações de política monetária ocorre com defasagens.

Câmbio

Sobre o efeito da desvalorização cambial, o diretor comentou que ainda pode haver resquícios de repasse aos preços. De acordo com ele, uma desvalorização de 10 por cento "se traduziria em 60 a 50 pontos-base na inflação". No ano passado, o dólar subiu pouco mais de 15 por cento ante o real e, em 2014, outros 2,76 por cento até a véspera.

Em termos de atividade, Carlos Hamilton comentou que esse movimento de valorização da moeda norte-americana favorecerá o setor industrial e que está em curso uma mudança na composição do crescimento do país. Por um lado, com expansão mais moderada do crédito e, de outro, melhor evolução das exportações e investimentos.

"Mas a velocidade (do crescimento) vai depender do fortalecimento da confiança das firmas e das famílias", acrescentou ele.

Em sua projeção mais recente, o BC estimou em 2,3 por cento a expansão do país em quarto trimestres encerrados no terceiro trimestre deste ano.

Sobre o crédito, o diretor disse que seriam "oportunas" políticas de redução de subsídios no mercado de crédito. Dados sobre o crédito apresentados pelo BC mostram sistemático aumento da participação dos bancos públicos na oferta total de crédito no país, comparativamente aos bancos privados.

Às vésperas da apresentação pelo governo da nova meta de superávit primário, o diretor repetiu que a maior economia do gasto pública ajudaria a política monetária. "Quanto mais disciplina fiscal, melhor para o combate à inflação".

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