BC estuda acabar com o rotativo do cartão de crédito, que hoje é de 454% ao ano
Campos Neto também afirmou no Senado que ideia é criar tarifa para desincentivar parcelamento longo sem juros
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 10 de agosto de 2023 às 13h11.
Última atualização em 10 de agosto de 2023 às 13h15.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 10, que a autoridade monetáriaestuda propor ao Legislativo a extinção do rotativo do cartão de crédito, que tem taxa de 454% ao ano. Segundo ele, o cliente que não pagar a fatura do cartão de crédito entraria automaticamente em um parcelamento, com juros ao redor de 9%. O tema deve ser incluído na Medida Provisória que criou o Desenrola.
“A solução está se encaminhando para que o cliente não vá para o rotativo. Que vá direto para o parcelamento. Extingue o rotativo e quem não paga o cartão vai direto para um parcelamento com taxa ao redor de 9%. E a gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse tipo de parcelamento sem juros tão longo. Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que ele fique disciplinado para não afetar o consumo. Cartão de crédito responde por 40% do consumo no Brasil”, disse Campos Neto em audiência no Senado.
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Parcelado sem juros
Campos Neto reconheceu que o cartão de crédito rotativo é um grande problema, diante das características do produto no Brasil, com a existência do parcelado sem juros.
“A gente tem o parcelado sem juros que ajuda o comércio, mas que tem aumentado muito o número de parcelas. O prazo médio é de 13 parcelas. É como se a pessoa fizesse um financiamento de longo prazo sem juros. A pessoa que toma a decisão de parcelar não é a mesma que paga pelo risco. Isso gera uma assimetria.A inadimplência no rotativo é de 52%. Não há nenhuma inadimplência parecida no mundo no cartão de crédito”, disse.
Segundo o presidente do BC, a outra alternativa seria limitar a taxa do cartão de crédito no Brasil, mas os bancos retirariam os cartões de circulação para as pessoas que tem maior risco de crédito.