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BC deve manter juros estáveis em 26,5%

Esta semana começa com muita expectativa em cima da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, e da divulgação de mais índices de inflação. A grita pela queda da taxa de juro é grande tanto no setor privado quanto dentro do próprio governo. Mas analistas sinalizam que ainda não é hora de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.

Esta semana começa com muita expectativa em cima da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, e da divulgação de mais índices de inflação. A grita pela queda da taxa de juro é grande tanto no setor privado quanto dentro do próprio governo. Mas analistas sinalizam que ainda não é hora de baixar a taxa do atual patamar de 26,5%. "Os riscos associados ao corte de juros neste momento superam os possíveis benefícios de antecipar o corte de juros, notadamente no que se refere à atividade econômica", afirma o CSFB em sua análise especial sobre os juros.

Para o banco, apesar dos sinais positivos vindos dos indicadores mais recentes de inflação, os índices mensais de IPCs e suas medidas de núcleo de inflação continuam bastante elevados, ao redor de 1% ao mês e, portanto, bem acima do patamar das metas de inflação para 2003 e 2004.

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"Esperamos juros estáveis no Copom, mantemos nossa posição de que o Banco Central manterá os juros estáveis em 26,5% ao ano, sem viés", afirma o CSFB. "É necessário manter uma política monetária conservadora, em razão das incertezas ainda grandes sobre a trajetória de curto prazo dos preços da economia, notadamente inflação e taxa de câmbio."

"A manutenção dos juros concede um maior tempo para melhor se avaliar o comportamento da taxa de câmbio, dado que parte da apreciação observada até agora se deveu ao influxo de capitais de curto prazo", afirma o CSFB.

Na semana passada, o presidente do BC, Henrique Meirelles, deu sinais no exterior de que o Copom não deve mexer na taxa básica de juros na próxima semana. Em entrevista ao jornal espanhol "El País", Meirelles disse que o BC será conservador no curto prazo. "A hora de baixar os juros será determinada pela taxa de inflação", disse Meirelles. "Não haverá queda dos juros até que a inflação baixe." Em Sevilha (Espanha), onde participa de seminário sobre a América Latina, Meirelles disse ainda que estão mantidas as metas de inflação de 8,5% para 2003, de 5,5% para 2004 e de 4% para 2005. Meirelles participa da primeira sessão de trabalho da 75a Reunião de Governadores de Bancos Centrais da América Latina e da Espanha, em Sevilha (Espanha).

Esse é mais um sinal de que o coro do setor privado e do mercado financeiro em defesa da queda dos juros pode não surtir efeito sobre a próxima reunião do Copom, marcada para terça e quarta-feira da semana que vem. Nas últimas aparições em público, representantes do governo e do Banco Central fizeram questão de se calar sobre o tema. Os poucos comentários se restringem a ressaltar a importância do controle da inflação, o que já pode ser uma grande sinalização sobre o que acontecerá na reunião.

Na contra-mão da expectativa dos empresários, o silêncio do primeiro escalão do governo vem acompanhado por previsões e conselhos nada animadores dos analistas econômicos, defendendo justamente a manutenção da Selic nos atuais 26,5%.

"Se eu fosse o BC, mantinha a cautela e esperava mais um pouco antes de iniciar uma rota de queda nos juros básicos", diz Mailson da Nóbrega, sócio-diretor da Tendências Consultoria. "Seria precipitado reduzir os juros agora, assim como seria uma insensatez puxar a taxa de câmbio para favorecer a exportações." Na avaliação de Nóbrega, a inflação pode estar cedendo levemente no atacado, mas os indicadores do custo de vida para o consumidor final ainda estão muito elevados.

A opinião do ex-ministro é compartilhada pelo economista-chefe do Lloyds TSB, Odair Abate: "Os núcleos de inflação não caíram o bastante. É preciso ainda esperar os resultados dos índices de maio e junho." Para ele, as quedas observadas nas taxas de inflação medidas em abril são reflexo de fatores momentâneos, como a redução do preço dos combustíveis e dos alimentos. "Ainda não é o momento de redução dos juros", afirma.

"Apesar da compreensível ansiedade, não chegou a hora de reduzir a Selic", diz Paulo Leme, diretor para mercados emergentes do banco de investimentos americano Goldman Sachs. "Não dá para cogitar queda dos juros antes de dois meses." Nóbrega e Leme participaram na manhã desta quinta-feira (15/5) de debate promovido pela agência de notícias Bloomberg, ao lado de representantes do governo e da iniciativa privada.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) concorda com os economistas. Ele acha que o país precisa de taxas menores para crescer, mas defendeu uma queda progressiva e segura dos juros. " Acho que todas as condições da economia brasileira, especialmente a queda na inflação, contribuem para que isso venha ocorrer. Agora, quando, quanto e como, só o Copom e o BC têm os instrumentos e o poder decisório. " Já o vice-presidente, José Alencar (PL), considerou um "despropósito", nesta quarta-feira (14/5), a atual taxa de 26,5% ao ano. Os demais integrantes do governo ou do Banco Central evitam fazer comentários sobre os juros, mas sinalizam que há resistência por parte da autoridade monetária em mexer na taxa, provavelmente pelas questões técnicas, como os núcleos da inflação, por exemplo.

"Os juros vão cair ainda neste ano e no momento oportuno , diz Bernard Appy, secretário executivo do Ministério da Fazenda, sem fixar datas. De acordo com Appy, o comportamento da inflação surpreendeu o governo porque "mostrou resistência acima da esperada", mas o secretário de Fazenda evita projeções para a Selic. "A decisão caberá ao Copom", diz Ilan Goldfajn, diretor de Política Econômica do Banco Central. Segundo Goldfajn, as preocupações do governo são conter a alta da inflação, manter uma política fiscal responsável e garantir a solvência do Brasil para criar condições de crescimento sustentável nos próximos meses. "Precisamos cautela contra a volatilidade no humor dos mercados e foco nas reformas da previdência e tributária."

Mas a certeza é uma só: mantendo ou reduzindo os juros o Banco Central será criticado pelo mercado. "As mesas de operação estão muito propensas a queda da Selic", afirma Abate. "As críticas serão ou por excesso de conservadorismo ou por ter sido prudentes." É esperar para ver.

FMI

A vice-diretora gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, e o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Anoop Singh, chegam nesta segunda-feira (19/5) ao Brasil e terão encontros com o setor privado. Nesta terça, terão em Brasília encontro com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci.

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