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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h21.
Os economistas ainda tentam entender o motivo que levou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a elevar, na semana passada, a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual. É o caso de Gustavo Loyola, ex-presidente do BC. "É difícil considerar que entre 19,25% e 19,5% ao ano exista alguma diferença relevante em termos dos efeitos da política monetária sobre a demanda", escreve Loyola em análise da consultoria Tendências, da qual é sócio.
Para o economista, "com alguma boa vontade" pode-se admitir no máximo que o "microscópico aumento" tenha algum efeito sobre o câmbio (desvalorizando ainda mais o dólar), e assim, indiretamente, sobre os preços de bens transacionáveis com o exterior. Mas a única motivação racional da decisão do Copom seria o temor de que uma parada no processo de elevação dos juros contaminasse as expectativas futuras de inflação.
Assim, a opção do comitê foi seguir por um meio-termo entre a necessidade de resistir à elevação contínua das expectativas de inflação para os próximos doze meses e a constatação de que elevações adicionais da taxa de juros teriam pouco ou nenhum efeito sobre a inflação no ano-calendário de 2005. O quarto de ponto percentual de aumento foi o custo pago, "o menor possível", para se manter a crença dos agentes econômicos na continuidade, pelo tempo que for necessário, da política monetária restritiva.
Uma alternativa, diz Loyola, seria a substituição da meta inflacionária no ano-calendário para um período maior. A mesma opinião tem o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. "Se essa mudança já tivesse sido explicitada, eventualmente teria sido desnecessária a última alta dos juros, já que o BC poderia, sem risco de dano à reputação, ter admitido que sua política visa atingir 4,5% de inflação no ano que vem", afirma Loyola.