Bastidores: sinalização favorável de Lula sobre ajuste fiscal acalmaria mercados, avaliam banqueiros
A avaliação majoritária é de que somente uma declaração de Lula tem potencial para reduzir o preço do dólar, que é negociado acima de R$ 6
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 29 de novembro de 2024 às 17h21.
Os discursos sintonizados do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, agradaram os executivos que participaram nesta sexta-feira, 29, do almoço anual de dirigentes de bancos, organizado pela Federação Brasileira de Bancos ( Febraban ).
Dezenas de executivos ouvidos pela EXAME afirmaram que a boa relação dos dois pode favorecer o país, com queda de juros e da inflação. Entretanto, os mesmos banqueiros disseram que é necessária uma sinalização pública e clara do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de compromisso com o equilíbrio das contas públicas e com o corte de gastos.
A avaliação majoritária é de que somente uma declaração de Lula tem potencial para reduzir o preço do dólar, que é negociado acima de R$ 6, frear a retração do Ibovespa e colocar em queda a curva de juros futuros.
Com a repercussão negativa do pacote, avaliam os banqueiros, caberia ao presidente sinalizar esse compromisso para dissipar as incertezas e as expectativas negativas.
Apoio dos bancos ao ajuste fiscal
Haddad se comprometeu com o ajuste fiscal e em enviar, se necessário, novas medidas de cortes de gastos ao Legislativo. Segundo ele, a equipe econômica tem compromisso com o equilíbrio fiscal.
A necessidade de ajuste fiscal foi endossada pelo presidente do conselho diretor da Febraban, Luiz Carlos Trabuco Cappi, durante o discurso no evento. Trabuco também preside o conselho de administração do Bradesco.
Segundo ele, a equipe econômica, a classe política e o Judiciário têm se esforçado para estabilizar a economia.
“Aproveito para destacar os esforços da equipe econômica, do Banco Central, da classe política e da Justiça no processo de avanço da pauta de estabilização fiscal da economia. Tem nosso apoio e compreensão ao timing necessário para a evolução da agenda. O caminho do ajuste fiscal não tem volta. O setor financeiro é hoje um exemplo de solidez. Somos engajados e comprometidos com os desafios da sociedade e o mundo”, disse.