Bancos terão de destinar mais R$ 6 bi para pequenos produtores
A partir de amanhã, todos os recursos obtidos com as emissões de LCA serão emprestados com taxas definidas pelo mercado
Agência Brasil
Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 21h15.
Os bancos terão de destinar mais R$ 6 bilhões dos depósitos à vista e da poupança rural para pequenos produtores rurais, definiu hoje (31) o Conselho Monetário Nacional (CMN). Os recursos serão empregados nas operações de custeio agrícola e pecuário do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
A medida é transitória e valerá de 1º de fevereiro a 30 de junho. Segundo o Banco Central (BC), o direcionamento adicional foi necessário para fazer frente ao aumento da demanda por crédito rural por parte dos pequenos produtores nesta safra. "A mudança vai garantir os recursos até o fim da safra", disse o chefe do Departamento de Regulação, Supervisão e Controle de Operações do Crédito Rural do BC, Cláudio Filgueiras.
Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 30% dos depósitos à vista e 60% dos depósitos na poupança rural para o crédito rural. Além disso, as instituições têm de empregar 35% dos recursos da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) para esse tipo de crédito. Com a mudança, os bancos terão de destinar, além desse valor, mais R$ 6 bilhões para o Pronaf e o Pronamp.
LCA
O CMN também liberou as condições de aplicação das LCA, título emitido por bancos públicos e privados para financiar operações de crédito rural rurais. Por meio desse papel, os investidores emprestam dinheiro para os bancos em troca de receberem o dinheiro de volta com alguma correção e isenção de Imposto de Renda.
Até agora, os bancos tinham de usar 35% das emissões de LCA para emprestarem aos pequenos produtores rurais com juros limitados a 8,5% ao ano. Os 65% restantes podiam ser emprestados a qualquer taxa para o produtor rural. Os recursos da LCA são emprestados sem distinção entre pequenos, médios e grandes produtores.
O CMN revogou o sublimite de 35%. A partir de amanhã (1º), todos os recursos obtidos com as emissões de LCA serão emprestados com taxas definidas pelo mercado. Segundo Filgueiras, essas taxas atualmente estão entre 9,5% e 10% ao ano. Ele, no entanto, disse que a taxa média poderá cair e ficar próxima de 8,5% ao ano porque a mudança vai ampliar o mercado de LCA no país.
Na safra de 2017/2018, informou o técnico do BC, as emissões de LCA renderam R$ 30 bilhões para o crédito rural. Na safra 2018/2019, as emissões saltaram para R$ 46 bilhões. "É um mercado em crescimento, que vai crescer ainda mais com a livre negociação das taxas", disse o técnico do BC.