Bancos lucram R$ 3 bi no primeiro trimestre

Os bancos estão mais uma vez no topo do ranking dos maiores lucros das empresas brasileiras de capital aberto, elaborado pela Economática. No primeiro trimestre de 2003, as 18 instituições financeiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo lucraram 3 bilhões de reais - o que equivale a 29,6% do total de ganhos de todas as 268 empresas listadas (a Petrobras não foi incluída).

Segundo Fernando Exel, presidente da Economática, desde 1999 os bancos lideram os ganhos das empresas listadas - com exceção do ano 2000, quando perderam o primeiro lugar para o setor de telecomunicações. Ao somar os lucros anuais do setor neste período de quatro anos, a Economática chegou ao total de 31 bilhões de reais - metade do total da soma dos lucros de todas as outras empresas de capital aberto, que foi de 72 bilhões de reais.

O ranking da Economática mostra que as 268 empresas listadas tiveram um lucro líquido de 10,1 bilhões de reais no primeiro trimestre. Adicionado o lucro da Petrobras, o valor passa para 15,68 bilhões. Depois da Petrobras, a empresa que obteve maior ganho foi a Companhia Vale do Rio Doce, com 1,16 bilhão de reais.

Dos 17 setores analisados, três apresentaram prejuízos: energia elétrica (com perdas de 18,1 milhões de reais), eletroeletrônicos (29,3 milhões) e construção (7,7 milhões) ( veja tabela abaixo ). Exel, da Economática, destaca o desempenho das elétricas. "O setor não conseguiu gerar o ganho financeiro que se esperava para o início do ano e mais uma vez amargou um dos maiores prejuízos", diz. Na sua avaliação, as empresas do setor, duramente prejudicadas pela alta do dólar em 2002, deveriam começar a esboçar uma reação no primeiro trimestre de 2003, quando a moeda americana foi desvalorizada em 5%. "A retração da atividade econômica e o baixo consumo mantêm o faturamento do setor em baixa", afirma Exel. De acordo com análise feita pela Economática, a receita das empresas de energia elétrica listadas em bolsa sofreu uma retração de 23% nos primeiros três meses de 2003, em comparação com o mesmo período do ano passado (com valores reajustados pelo IGP-DI).

O total da dívida das 31 empresas do setor de energia elétrica é de 56 bilhões de reais. O lucro operacional do primeiro trimestre foi de 1,3 bilhão. "Nenhuma empresa consegue sobreviver com esses números", diz Exel.

A estagnação do mercado de energia prejudicou em parte o desempenho do setor eletroeletrônico - o lanterninha do ranking de lucros. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a escassez de novos contratos de fornecimento de equipamentos para geradoras e distribuidoras é uma das explicações para a queda no faturamento do setor no primeiro trimestre do ano. Extraída a inflação do período, tal queda foi de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. É importante destacar que o setor não é exportador de equipamentos elétricos, o que atrapalha mais ainda seu desempenho. Pelos números da Abinee, as exportações do setor cresceram no primeiro trimestre, graças principalmente às vendas de aparelhos celulares.