Economia

Bancos espanhóis deixam crise imobiliária para trás

As grandes instituições como Santander, BBVA e CaixaBank terão, contudo, que continuar enfrentando uma situação difícil na Espanha


	Santander: em 2012, os seis principais bancos espanhóis viram seus lucros acumulados caírem 82%, a 1,86 bilhão de euros
 (Dan Kitwood/Getty Images)

Santander: em 2012, os seis principais bancos espanhóis viram seus lucros acumulados caírem 82%, a 1,86 bilhão de euros (Dan Kitwood/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2013 às 17h42.

Madri - Os bancos espanhóis afirmam estar prontos para crescer em 2013, após um ano sacrificando os lucros por causa de provisões para cobrir riscos ligados ao setor imobiliário.

As grandes instituições como Santander, BBVA e CaixaBank terão, contudo, que continuar enfrentando uma situação difícil na Espanha, onde a recessão e o desemprego persistirão durante boa parte do ano.

Em 2012, os seis principais bancos espanhóis viram seus lucros acumulados caírem 82%, a 1,86 bilhão de euros.

O Banco Popular pagou o preço mais alto, registrando pela primeira vez em sua história perdas de 2,46 bilhões de euros.

Contudo, seus concorrentes também viram suas receitas se reduzirem: -31% para o pequeno Bankinter, pouco exposto ao setor imobiliário, e -78% para CaixaBank, por causa da compra do Banco Cívica.


O Santander, maior banco da zona do euro por capitalização, também não saiu ileso, com queda em seu resultado líquido de 59%.

O grupo conseguiu, contudo, limitar os prejuízos graças a sua diversificação geográfica, já que o Santander, assim como o BBVA, obteve cerca da metade de seus lucros na América Latina.

No total, os grandes bancos do país aportaram cerca de 51 bilhões de euros em 2012, para cobrir seus riscos por créditos que não foram pagos e os relacionados à exposição ao setor imobiliário espanhol.

O estouro da bolha imobiliária em 2008 aumentou a taxa de inadimplência no balanço de alguns bancos, alimentando dúvidas sobre sua solidez. No final de novembro, esta taxa alcançava uma média de 11,38%, segundo o Banco da Espanha.

As autoridades espanholas impuseram aos bancos uma limpeza em seus balanços, aumentando o montante de provisões exigidas para fazer frente a perdas potenciais em sua carteira de ativos.


Uma boa parte das provisões realizadas pelos seis grandes bancos espanhóis em 2012 - cerca de 20 bilhões de euros - responde a novas exigências regulamentares.

Um trabalho que permite afirmar que já fizeram um esforço principal de saneamento.

O Santander destaca, assim, que não resta mais de 800 milhões de euros de elementos excepcionais a serem contabilizados em 2013, depois que o gigante bancário fez provisões de 18,8 bilhões de euros em 2012. A CaixaBank deve aportar 902 milhões de euros este ano.

No começo de 2012, o pedido de resgate do Bankia levou a Espanha a pedir uma ajuda de urgência à zona do euro para todo seu setor bancário. Naquele momento, foi realizada uma auditoria para avaliar as necessidades de capital dos bancos espanhóis.

Segundo essa auditoria, os seis bancos espanhóis não precisavam aumentar seus capitais (Santander e BBVA) ou poderiam fazê-lo sem ajuda externa.


Os bancos também destacaram que seu produto líquido bancário continuou crescendo em 2012, apontando esse dado como um indício de força de sua atividade central e de sua capacidade para crescer em 2013.

As perspectivas para 2013 são "muito positivas", considerou Francisco González, presidente do BBVA, durante a apresentação dos resultados do grupo. Os fundamentos "muito sólidos" do banco lhe permitirão entrar em um "novo ciclo de crescimento de lucros", acrescentou.

Emilio Botín, presidente do Santander, projetou uma "mudança de ciclo" no setor financeiro, graças à união bancária europeia e às reformas realizadas na Espanha.

A economia espanhola deve continuar se contraindo em 2013 (-0,5% segundo o governo, -1,5% segundo o FMI) e com um desemprego de 26,02% da população ativa, os analistas alertam que será preciso vigiar mais do que nunca a taxa de inadimplência.

Apesar dos dirigentes do banco elogiarem a "boa cultura de pagamento" que existe na Espanha, ela pode não ser tão boa se a deterioração da atividade continuar.

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