Bancos médios diminuem crédito com economia mais fraca
Para melhorar a rentabilidade, o Banco Pine seguiu com a estratégia de alterar o mix de sua carteira de crédito, diminuindo o crédito em açúcar e etanol
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2014 às 09h17.
São Paulo - A desaceleração da economia brasileira represou ainda mais a concessão de crédito entre os bancos de nicho ou médios, especialmente para empresas - o que resultou em rentabilidade menor no segundo trimestre e uma postura mais cautelosa para o desempenho do ano.
"Essas instituições normalmente são mais afetadas por indicadores relacionados à indústria e, neste segundo trimestre, vimos uma tendência clara entre alguns deles de dificuldade em crescer carteira", diz Gilberto Tonello, analista do GBM.
O Pine , por exemplo, com foco no crédito para empresas de maior porte, reduziu sua projeção de crescimento médio de carteira de crédito em 7,5 pontos porcentuais.
O Banrisul , que tem presença importante no consignado, também revisou para baixo a média da projeção da carteira de crédito no ano em 2 pontos porcentuais, puxado pela expectativa de contração nas concessões para empresas.
O ABC Brasil , igualmente, reduziu em 1 ponto porcentual o crescimento de sua carteira de crédito para este ano.
Por outro lado, os executivos já comentam ter conseguido repassar parte da alta recente da Selic - taxa básica de juros - aos empréstimos, uma vez que a concorrência com os bancos públicos está menos acirrada.
Além disso, as provisões para devedores duvidosos estão controladas, graças a medidas que incluem seletividade nas concessões, estruturas de garantias e acompanhamento mais rigoroso dos empréstimos. Mesmo assim, o Daycoval teve parte de seu lucro consumido pelas elevadas despesas.
Para melhorar a rentabilidade de suas operações, o Banco Pine seguiu com a estratégia de alterar o mix de sua carteira de crédito, diminuindo o foco no crédito em açúcar e etanol. Paralelamente, está alongando seu passivo.
No segundo trimestre, a instituição elevou em 200% as captações feitas por meio de letras de crédito agrícola (LCA) e letras de crédito imobiliário (LCI). Essa, aliás, tem sido uma tendência entre bancos médios.
O BicBanco, por sua vez, fez uma provisão para devedores duvidosos no segundo trimestre que surpreendeu analistas do mercado, levando a especulações de que a ideia foi ajeitar o índice de cobertura antes de entregá-lo ao novo controlador. O China Construction Bank (CCB) deve assumir o controle do banco no dia 1º de setembro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.