Economia

Ataques em Israel: entenda como os mercados devem responder e os efeitos na economia do Brasil

Grupo palestino iniciou ataque surpresa ao sul do território israelense e reação dos EUA pode preocupar investidores

Guerra em Israel: ataques do Hamas começaram neste sábado no sul do país (YOUSSEF MASSOUD/AFP)

Guerra em Israel: ataques do Hamas começaram neste sábado no sul do país (YOUSSEF MASSOUD/AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 7 de outubro de 2023 às 17h13.

Última atualização em 7 de outubro de 2023 às 18h46.

Israel foi atingido por um enorme ataque surpresa na manhã de sábado por combatentes do Hamas na Faixa de Gaza, o maior ataque contra o país em décadas.

Embora os dois lados tenham testemunhado uma escalada de violência nos últimos meses, a ofensiva representa uma das maiores falhas de inteligência da história de Israel, pois o país demonstrou estar completamente desprevenido.

O alcance, a letalidade e o choque do ataque geraram comparações com o atentado do 11 de setembro, Pearl Harbor e a Guerra do Yom Kippur (no que certamente não é uma coincidência, pois o conflito deste sábado ocorre quase no dia em que o início da guerra do Yom Kippur completa 50 anos).

O número de vítimas aumenta a cada hora e o Hamas mantém dezenas de israelenses como reféns em Gaza.

O primeiro-ministro israelense Netanyahu declarou que o país está em estado de guerra e posteriormente se ofereceu para formar um amplo governo de emergência com Yair Lapid e Benny Gantz.

Por outro lado, quando se trata de guerra, os mercados dos EUA tendem a examinar a situação através de três perspectivas: recursos naturais, atividade econômica e potencial de escalada dos maiores arsenais nucleares do mundo, especificamente os EUA, a Rússia e a China.

Em relação aos dois primeiros fatores, a guerra Israel e Hamas não deverá ter muitas consequências, pois o país não é uma relevante fonte de petróleo e gás, apesar do considerável PIB. No entanto, o potencial de escalada é um fator de risco, especialmente porque é difícil imaginar que o Hamas consideraria um ataque sem pelo menos olhar para seus benfeitores. Os investidores estarão atentos para ver se os combates se espalham para além de Gaza, incluindo o Líbano, a Cisjordânia e outros territórios.

Outra preocupação no cenário econômico é o potencial desta guerra para prejudicar múltiplas negociações geopolíticas que ocorrem no Médio Oriente, incluindo um acordo histórico entre a Arábia Saudita, os EUA e Israel, pelo qual o governo Biden dariam garantias de segurança à Arábia Saudita em troca de Riade reconhecendo Israel. Além disso, Washington e Teerã mantiveram conversas discretas durante meses com o objetivo de conter o seu programa nuclear.

A guerra  entre Israel e o Hamas chega em um momento de extrema fragilidade, em razão do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento das tensões em torno de Taiwan. Em todos estes casos, os EUA estão se preparando para prestar apoio aos aliados. deixando também os investidores atentos com as despesas e os déficits do governo Biden.

Quais os efeitos econômicos do ataque do Hamas a Israel no Brasil?

De acordo com o economista André Perfeito, ainda é cedo para determinar o tamanho deste conflito, especialmente pela participação de outros países na organização deste ataque pelo Hamas. Mas, o analista afirma que o grupo não conseguiria reunir tal poder bélico sem a ajuda de terceiros.

Para ele, tudo indica que o conflito será prolongado e sem solução, pois é improvável que Israel destrua todos os territórios da Faixa de Gaza. Mesmo assim, a reação internacional aos eventos é preocupante. Com isso, é possível determinar certas variáveis:

  • Longa duração do conflito;
  • Foco sairá da Ucrânia para o Oriente Médio;
  • Os EUA irão ajudar Israe, mas Rússia e Irã serão responsabilizados.

Efeitos de curto prazo

Segundo André Perfeito, há forte possibilidade do valor do barril de petróleo subir na próxima segunda-feira 9. O WTI está há meses em queda e atingiu USD 82,81. No entanto, o conflito deste sábado pode ser o impulso para elevar o barril e, consequentemente, os esforços do FED e dos EUA para domar a inflação estarão em risco.

Além disso, com o petróleo em alta, os investidores devem colocar mais pressão sobre os juros norte-americanos com os efeitos usuais sobre as demais classes de ativo.

O economista afirma, que aparentemente, a guerra não vai se espalhar pela região e envolver outros países. Mas, apenas a possibilidade disso já mostra que a preferência pela liquidez dos agentes deve subir e estimular a elevação do ativos livres de risco, como é o caso do dólar.

Para o médio prazo, por outro lado, a situação não é necessariamente ruim para o Brasil. André Perfeito diz que tudo vai depender da maneira como o Itamaraty conduzir a crise internacional, fazendo com que o país fique distante do conflito.

Acompanhe tudo sobre:BrasilConflito árabe-israelenseIsraelHamas

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor