Economia

Ata do Copom revela insegurança diante de cenário de curto prazo

É preciso precaver-se contra chance de instabilidades externas tornarem-se duradouras, justifica Copom. Para economista, colegiado reage com base em otimismo equivocado sobre ritmo da economia no 2º semestre

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

A volatilidade de curto prazo foi o fator determinante da decisão não unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), tomada semana passada, de manter a taxa básica de juros (Selic) em 16% ao ano. O colegiado, por seis votos a três, considerou que essa volatilidade aumenta a incerteza em relação ao comportamento futuro da inflação, mas fez questão de registrar que a "instabilidade está longe de se configurar como quadro de crise", em função do caráter passageiro das causas principais daturbulência e "aos sólidos fundamentos da economia brasileira", conforme ata da reunião, divulgada hoje (27/5).

É o cenário externo, e mais uma vez, dúvidas sobre sua evolução, que geram essa volatilidade. Como variáveis externas determinantes da ansiedade atual, foram mencionadas a alta da cotação internacional do petróleo, a iminência do aumento da taxa de juros americana e a desaceleração chinesa. Os seis diretores que determinaram mais uma vez a interrupção na redução gradual da Selic acharam que seria mais prudente uma ação "preventiva à possibilidade de que parte das mudanças recentes do cenário externo seja duradoura" e, assim, o câmbio, o risco-Brasil e as expectativas do mercado com relação ao aumento da inflação sejam ainda mais deteriorados.
Para Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management, o maior problema revelado pela ata é um otimismo exagerado com o ritmo da atividade econômica no Brasil. "Não concordo com esse otimismo, porque há sinais de comprometimento da atividade econômica na segunda metade do ano, em função dos juros reais de longo prazo e dos spreads, comprometendo as vendas do comércio." Para Penteado, essa percepção errada da temperatura da economia por parte do Copom acabou afetando sua disposição para reduzir juros.
Quanto aos problemas externos, Penteado acredita que só o petróleo deveria preocupar, e assim mesmo, não pelo potencial efeito inflacionário das altas cotações no Brasil, mas pelo risco de afetar o ciclo econômico mundial. "Exceto isso, todas as outras variáveis externas já foram precificadas."

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