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Ata do Copom reforça aposta do mercado em corte da Selic

Tom mais otimista do documento leva economistas a preverem uma redução de 0,25 ponto percentual em setembro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h10.

Há vários meses, o Comitê de Política Monetária (Copom) vinha repetindo uma expressão que havia se tornado uma espécie de mantra do combate à inflação. Tratava-se da referência à necessidade de que os juros se mantivessem altos "por um período suficientemente longo de tempo" até que os preços convergissem para o centro da meta de inflação. O que animou os economistas, nesta quinta-feira (25/8), foi justamente não encontrar mais essa expressão na ata divulgada pelo Banco Central (BC), referente à sua última reunião, que manteve a taxa Selic em 19,75% ao ano.

Na avaliação dos analistas, se não se tratar apenas de uma omissão involuntária, a retirada da frase é um sinal de que o Copom está abrindo caminho para o primeiro corte de juros desde setembro de 2004, quando iniciou o ciclo de aumento da Selic. Mário Mesquita, economista-chefe do ABN Amro Real, destaca que o BC não se comprometeu totalmente com o corte, mas já é animadora a disposição da autoridade monetária em, pelo menos, avaliar mais detidamente uma mudança de postura. "Acredito que o cenário mais provável é uma redução de 0,25 ponto no próximo encontro", diz.

A análise é compartilhada por Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investment. "A ata mostrou que o Copom está mais seguro quanto à convergência da inflação para a meta", afirma. Segundo Sandra, o BC vem consolidando uma imagem gradualista junto ao mercado. Por isso, o mais provável é que diminua em 0,25 ponto os juros no mês que vem, embora a economista não descarte um corte de 0,5 ponto.

Bases do otimismo

Em vários momentos, a ata deixa transparecer a satisfação do Copom em relação ao comportamento dos preços. "Continua se configurando, de maneira cada vez mais definida, um cenário benigno para a evolução da inflação", diz o documento. O quadro favorável é composto, primeiro, pela "continuidade do processo de arrefecimento da inflação", cujo reflexo foi o recuo do seu núcleo (taxa de reajuste, desconsiderando-se as maiores e as menores variações), de 0,49% para 0,45% entre junho e julho.

Outro elemento que melhorou o humor do BC foi a queda do índice de difusão de 61,7% para 53,7%, no mesmo período. O índice refere-se ao número de itens que apresentaram reajuste de preços. A ata também menciona a continuidade do crescimento industrial e do comércio, bem como a redução do desemprego como sinais de que a economia está bem.

A maior incerteza do BC, agora, é a evolução dos preços internacionais do petróleo. A ata admite que é cada vez mais difícil manter a expectativa de que não haverá reajuste dos combustíveis e do gás natural neste ano uma das premissas de suas projeções de inflação. "A elevação dos preços internacionais do petróleo desde já representa um fator de risco para a trajetória futura da inflação", diz o Copom. Além dos efeitos diretos sobre os combustíveis, o óleo cru também prejudica o mercado interno indiretamente, via insumos derivados do petróleo.

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