Economia

Artigo no Financial Times critica Lula e a exploração do pré-sal

Norman Gall, diretor do Instituto do Mundo Econômico Fernand Braudel, em São Paulo, critica o presidente Lula e as políticas relacionadas à exploração do pré-sal

"Lula pode em breve encontrar sua reputação afundada nas profundezas dos depósitos de petróleo que tem entusiasmado seu país", escreve Norman Gall (.)

"Lula pode em breve encontrar sua reputação afundada nas profundezas dos depósitos de petróleo que tem entusiasmado seu país", escreve Norman Gall (.)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2010 às 12h16.

São Paulo - A edição do jornal britânico Financial Times, um dos mais respeitados no mundo da economia e dos negócios, traz  nesta quinta-feira o artigo de Norman Gall, diretor do Instituto do Mundo Econômico Fernand Braudel, em São Paulo. O autor critica o presidente Lula e as políticas de seu governo em relação ao pré-sal.

"Assim como Ícaro viu suas asas de cera se derreterem enquanto voava perto do sol, o presidente Lula está arriscando seu legado em troca das controvérsias que se multiplicam sobre as políticas em relação ao petróleo", escreve Norman Gall.

Citando a descoberta do pré-sal, o articulista afirma que Lula usa a imagem do Brasil para impulsionar a campanha da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. "Lula está usando a imagem do Brasil, com um aumento do poder político do petróleo, como uma arma, invocando sentimentos de triunfo para ajudar o PT em sua  vitória", diz o diretor.

Ele relaciona a época quando Dilma Rousseff chefiava o conselho de técnicos da Petrobras e a concessão da exploração do óleo do pré-sal unicamente à Petrobras. "Desde então, assessores econômicos do Senado têm encontrado 'inconstitucionalidades' miríades nas propostas", diz Norman Gall.

Petrobras, Copa 2014  e Olimpíadas
Para o diretor do Instituto do Mundo Econômico Fernand Braudel, o dinheiro investido na Petrobras para extrair o óleo do pré-sal pode afetar outro setores econômicos do País. "As necessidades financeiras da empresa são agora tão grandes, que elas lançam dúvidas sobre a escassa capacidade de investimento do governo federal em um país que precisa desesperadamente gastar mais em infra-estrutura e educação", escreve Norman Gall.

Para ele, existe o risco de um desvio de dinheiro que deveria ser investido em outras prioridades, como os US$ 80 bilhões necessários para Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Além disso, ele também cita o trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo e a hidrelétrica de Belo Monte como obras importantes para o País.

Conselho ao presidente
Na conclusão do artigo, Norman Gall deixa um aviso para o presidente Lula. "Quando Lula tomou posse em 2003, ele teve a sabedoria de reconhecer que os brasileiros não aceitariam um retorno à inflação crônica que tinha danificado o seu bem-estar ao longo de décadas", relembra.

"Agora os críticos argumentam que o aumento dos gastos governamentais recentes, juntamente com a controvérsia financeira que tem rodeado a descoberta do pré-sal pode significar um retorno ao passado lamentável", diz o diretor do Instituto do Mundo Econômico Fernand Braudel.

"Se o Brasil não endireitar as suas prioridades, Lula pode em breve encontrar sua reputação afundada  nas profundezas dos depósitos de petróleo que tem entusiasmado seu país", aconselha Norman Gall.

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