Argentina estende a 24 de julho prazo para reestruturação da dívida
A extensão ocorre em meio a impasse entre credores e governo, com grupo de detentores de títulos classificando as negociações como um "fracasso"
Reuters
Publicado em 19 de junho de 2020 às 20h00.
Última atualização em 19 de junho de 2020 às 20h17.
A Argentina prorrogará o prazo para as negociações de reestruturação da dívida de 65 bilhões de dólares em mais de um mês, informou o Ministério da Economia do país nesta sexta-feira, depois que as conversas com os credores sofreram abalo nesta semana.
A extensão para 24 de julho ocorre em meio a um impasse entre credores e o governo, com um grupo de detentores de títulos classificando as negociações nesta semana como um "fracasso." A Reuters havia noticiado que o prazo de sexta-feira seria adiado.
O atraso dá espaço para que os dois lados aliviem tensões e diminuam a divisão restante depois de terem feito progresso significativo nos últimos meses.
A Argentina — grande produtor de grãos que em maio deixou de honrar compromissos de dívida pela nona vez — melhorou duas vezes a proposta de renovar sua dívida externa. Um acordo é fundamental para evitar um longo e confuso impasse legal.
"Vamos nos recompor e vamos chegar a um acordo", disse o presidente peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, que assumiu o cargo em dezembro passado, em transmissão de rádio nesta sexta-feira, acrescentando estar "confiante" que um acordo poderia ser alcançado.
Grupos de credores estão exigindo que a Argentina melhore ainda mais a oferta, enquanto a posição do governo é que não pode ceder terreno depois de aumentar sua proposta para cerca de 50 centavos por dólar, além de um afago inicial vinculado à exportação.
Apesar das tensões, os dois lados devem conseguir chegar a um acordo, disseram analistas.
"Embora tivesse sido melhor que as negociações continuassem com declarações mais construtivas, não é a primeira vez que a reestruturação parece estar em um impasse", disse o Morgan Stanley em nota.
O banco afirmou que, com um rendimento de saída de 10%, a oferta do governo valia cerca de 49,7 centavos, enquanto a contraproposta mais agressiva de dois grupos, incluindo nomes como BlackRock, Fidelity e AllianceBernstein, era de cerca de 57 centavos.
"Com menos de 8 pontos de diferença, não beneficiaria a nenhum dos lados romper completamente com as negociações", disse o banco de investimento, acrescentando que segue com sua visão de que um acordo será alcançado no terceiro trimestre do ano.
O Goldman Sachs disse que, embora os riscos tenham aumentado, os dois lados podem finalmente encontrar uma maneira de preencher uma lacuna calculada em 5 centavos e "evitar um default desordenado e controverso."
Os preços dos títulos do país negociados no mercado de balcão subiram, em média, 1,2% nesta sexta-feira, depois de perderem terreno no dia anterior.