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Área econômica sustenta popularidade de Lula

Apesar da crise política, avaliação positiva do presidente é amparada no bom desempenho da economia

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.

A crise política já derrubou a cúpula nacional do PT e o ex-superministro José Dirceu, da Casa Civil, além de forçar uma reforma ministerial. Mas seus efeitos sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até o momento, foram bem pequenos. De acordo com a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e do Instituto Sensus, a avaliação positiva do presidente subiu para 40,3% em julho, contra 39,8% em maio. A avaliação regular caiu de 38,3% para 37,1%, e a negativa cresceu de 18,8% para 20%.

Para o cientista político José Luciano Dias, da consultoria Góes & Associados, o bom desempenho da economia é o que está impedindo a queda da aprovação de Lula. "Não há motivos para surpresa. Na ausência de uma crise econômica, as notícias políticas são processadas de modo mais vago pela população", diz (se você é assinante, leia ainda entrevista exclusiva do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a EXAME, sobre a crise política).

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A pesquisa da CNT/Sensus ouviu 2 000 pessoas em todos os estados brasileiros, entre os dias 05 e 07 de julho. Como as primeiras denúncias de corrupção no governo Lula surgiram em meados de maio, a pesquisa já é capaz de captar seu impacto sobre a opinião pública. Mas o período também coincidiu com alguns bons números da economia. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que baliza as metas oficiais de inflação) apresentou deflação de 0,02% em junho trata-se da menor inflação em dois anos. Já a produção industrial avançou 1,3% em maio e o desemprego, nesse mesmo mês, caiu para 10,2%, contra 12,2% em maio de 2004.

Embora esses números só tenham sido divulgados pelos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos dias posteriores às entrevistas da CNT/Sensus, Dias acredita que a população sentiu no bolso o clima de relativa tranqüilidade econômica. Um indício é o grau de confiança dos entrevistados nos rumos da política econômica. De acordo com a pesquisa, a taxa de confiança nesta área subiu de 37,5% para 40,2% entre maio e julho. Já a porcentagem dos que desconfiam da economia cresceu menos: de 45,2% para 46,1%.

Cenários

De acordo com Dias, a oposição adotou uma estratégia errada ao poupar Lula dos ataques, durante a crise política. Mas os oposicionistas também não têm muita margem de manobra, já que será difícil atingir o presidente sem atacar sua política econômica. "A estratégia de Fora Lula e Fica Palocci não é adequada", diz.

O cientista político acredita, porém, que a persistência da crise ainda corroerá parte da popularidade de Lula. Segundo Dias, o apoio ao governo já caiu nas camadas mais escolarizadas da população. A extensão dessa deterioração para as demais parcelas de eleitores é uma questão de tempo. Mas o grau com que ela ocorrerá depende de como a oposição explorará o caso. "Os oposicionistas também estão num dilema", diz.

Segundo a CNT/Sensus, até o momento, Lula seria reeleito contra qualquer adversário, embora sua diferença para os demais candidatos venha caindo. Nas simulações de segundo turno, se a eleição fosse hoje (12/7), o adversário mais competitivo seria o tucano José Serra, que receberia 32,7% dos votos, contra 46,3% de Lula. Já a vitória mais fácil seria sobre César Maia (PFL), que receberia 16,8% dos votos, contra 54,5% de Lula.

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