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Após trégua natalina, Grécia enfrenta batalha com credores

Credores devem voltar a Atenas no dia 8 de janeiro, quando começarão a revisar o terceiro resgate grego

Bandeira da Grécia: manifestação de apoio ao novo governo (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de janeiro de 2016 às 10h58.

Atenas, 1 jan (EFE).- Após uma trégua natalina de várias semanas, a Grécia enfrenta a partir de janeiro uma nova batalha com seus credores, negociações que não só serão uma prova de fogo para consolidar a entrega das próximas parcelas do resgate, mas para a coesão do governo de Alexis Tsipras.

Os representantes da denominada tétrade - Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Mecanismo europeu de Estabilidade e Fundo Monetário Internacional - devem voltar a Atenas em torno do dia 8 de janeiro, onde começarão a primeira revisão deste terceiro resgate grego.

O objetivo do governo é concluir esta revisão e os temas pendentes até o final de fevereiro, para poder começar o mais rápido possível o debate sobre o alívio da dívida, tema que foi um dos principais cavalos de batalha de Tsipras, mas que os parceiros europeus não têm tanta urgência.

Entre os temas chave que ainda precisam ser resolvidos está a reforma da previdência e a gestão das dívidas pelos bancos.

Ambos são temas com alto potencial de conflito, tanto na sociedade como dentro da própria coalizão governamental.

Em declarações à imprensa ontem, Tsipras reconheceu que fevereiro será um mês crítico na negociação, mas ressaltou a necessidade de reformar o sistema da seguridade social, pois caso contrário "em cinco anos não poderemos pagar a previdência".

No acordo para o terceiro resgate, assinado no meio do ano passado, o governo se comprometeu a fazer uma profunda reforma do sistema de previdência, e em particular uma economia de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Isto se traduz em medidas que somariam 1,8 bilhões de euros (R$ 7,65 bilhões), entre cortes das prestações e altas das cotações, em um país que viu suas aposentadorias diminuírem quase 40% nos últimos seis anos.

O governo de esquerdistas e nacionalistas se comprometeu a elevar as cotações dos aposentados ao seguro-doença, o que já foi aprovado e constitui em torno de 0,6% do PIB.

Mas ainda falta ao governo conseguir cortar 700 milhões de euros, valor que Tsipras quer evitar a todo custo que sejam economizados através de um novo corte nas previdências principais, uma linha vermelha que ele disse não estar disposto a atravessar.

Há semanas o governo estuda fórmulas para evitar ter de dar este drástico passo, consciente que, além de avivar os protestos populares, podem pôr à prova a sobrevivência da coalizão, cuja maioria parlamentar de dois votos é altamente frágil.

A proposta de elevar as cotações da seguridade social cobradas de patrões e empregados obteve até agora, segundo a imprensa local, poucos apoios por parte dos credores.

Menos apoio aparentemente recebeu o modelo alternativo de introduzir uma taxa nas transações financeiras.

Na minuta enviada a Tsipras ontem, e que será repassada nos próximos dias aos credores, o ministro do Trabalho, Yorgos Katrugalos, manteve as previdências principais, mas aplicou cortes às complementares e elevou as cotações delas.

As previdência complementares constituem até um terço da renda de um aposentado e são financiadas exclusivamente por taxas pagas por patrões e empregados.

Aplicar a tesoura nas prestações que não contam com financiamento do Estado provocou de antemão vários protestos entre os envolvidos.

E outro problema é o enorme déficit dos caixas da seguridade social que, segundo os últimos dados, passa de 2,1 bilhões de euros, o que eleva drasticamente o montante que deveria ser poupado.

O segundo grande empecilho nas negociações é o dos créditos morosos dos bancos e a possibilidade de vendê-los a empresas privadas, os denominados fundos "abutre".

Em dezembro, a Grécia e os credores chegaram a um acordo que abordava somente os créditos das grandes empresas e deixaram para meados de fevereiro resolver o problema dos empréstimos impagáveis das pequenas e médias empresas, dos consumidores e das hipotecas de imóveis principais que não estão protegidos por lei.

Essa série de problemas levantou novamente conjecturas sobre a possibilidade de Tsipras tentar estabelecer um governo de grande maioria, para que outros partidos o ajudem a garantir a estabilidade parlamentar necessária para poder levar adiante todas as reformas que ainda precisam ser feitas para garantir que a Grécia receba o resto da ajuda financeira que necessita. EFE

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Atenas, 1 jan (EFE).- Após uma trégua natalina de várias semanas, a Grécia enfrenta a partir de janeiro uma nova batalha com seus credores, negociações que não só serão uma prova de fogo para consolidar a entrega das próximas parcelas do resgate, mas para a coesão do governo de Alexis Tsipras.

Os representantes da denominada tétrade - Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Mecanismo europeu de Estabilidade e Fundo Monetário Internacional - devem voltar a Atenas em torno do dia 8 de janeiro, onde começarão a primeira revisão deste terceiro resgate grego.

O objetivo do governo é concluir esta revisão e os temas pendentes até o final de fevereiro, para poder começar o mais rápido possível o debate sobre o alívio da dívida, tema que foi um dos principais cavalos de batalha de Tsipras, mas que os parceiros europeus não têm tanta urgência.

Entre os temas chave que ainda precisam ser resolvidos está a reforma da previdência e a gestão das dívidas pelos bancos.

Ambos são temas com alto potencial de conflito, tanto na sociedade como dentro da própria coalizão governamental.

Em declarações à imprensa ontem, Tsipras reconheceu que fevereiro será um mês crítico na negociação, mas ressaltou a necessidade de reformar o sistema da seguridade social, pois caso contrário "em cinco anos não poderemos pagar a previdência".

No acordo para o terceiro resgate, assinado no meio do ano passado, o governo se comprometeu a fazer uma profunda reforma do sistema de previdência, e em particular uma economia de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Isto se traduz em medidas que somariam 1,8 bilhões de euros (R$ 7,65 bilhões), entre cortes das prestações e altas das cotações, em um país que viu suas aposentadorias diminuírem quase 40% nos últimos seis anos.

O governo de esquerdistas e nacionalistas se comprometeu a elevar as cotações dos aposentados ao seguro-doença, o que já foi aprovado e constitui em torno de 0,6% do PIB.

Mas ainda falta ao governo conseguir cortar 700 milhões de euros, valor que Tsipras quer evitar a todo custo que sejam economizados através de um novo corte nas previdências principais, uma linha vermelha que ele disse não estar disposto a atravessar.

Há semanas o governo estuda fórmulas para evitar ter de dar este drástico passo, consciente que, além de avivar os protestos populares, podem pôr à prova a sobrevivência da coalizão, cuja maioria parlamentar de dois votos é altamente frágil.

A proposta de elevar as cotações da seguridade social cobradas de patrões e empregados obteve até agora, segundo a imprensa local, poucos apoios por parte dos credores.

Menos apoio aparentemente recebeu o modelo alternativo de introduzir uma taxa nas transações financeiras.

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As previdência complementares constituem até um terço da renda de um aposentado e são financiadas exclusivamente por taxas pagas por patrões e empregados.

Aplicar a tesoura nas prestações que não contam com financiamento do Estado provocou de antemão vários protestos entre os envolvidos.

E outro problema é o enorme déficit dos caixas da seguridade social que, segundo os últimos dados, passa de 2,1 bilhões de euros, o que eleva drasticamente o montante que deveria ser poupado.

O segundo grande empecilho nas negociações é o dos créditos morosos dos bancos e a possibilidade de vendê-los a empresas privadas, os denominados fundos "abutre".

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Essa série de problemas levantou novamente conjecturas sobre a possibilidade de Tsipras tentar estabelecer um governo de grande maioria, para que outros partidos o ajudem a garantir a estabilidade parlamentar necessária para poder levar adiante todas as reformas que ainda precisam ser feitas para garantir que a Grécia receba o resto da ajuda financeira que necessita. EFE

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