Economia

Após escassez, pequenos negócios devem turbinar o crédito no 3º trimestre

Promessa de um cenário mais forte vem com a última aposta do governo para fazer o dinheiro chegar nas empresas menores

Bar (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Bar (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 29 de julho de 2020 às 16h59.

Última atualização em 29 de julho de 2020 às 20h11.

Em meio ao processo de reabertura gradual da economia, os dados de crédito de junho anunciados pelo Banco Central nesta quarta-feira, 29, delinearam um cenário fraco no segundo trimestre.

Para o terceiro, a promessa de um cenário mais forte diante da última iniciativa do governo para fazer o dinheiro chegar nas empresas menores, o Programa de Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE), indica um relatório novo da Exame Research.

Após a corrida inicial das empresas ao crédito no fim de março, antes do período de isolamento mais rigoroso da quarentena, a concessão recuou de 15,2% na série sem influência sazonal, do primero para o segundo trimestre.

O movimento foi levado, em grande parte em função da queda de mais de 17% entre os créditos livres, que não utilizam recursos do BNDES ou da poupança.

Nesse processo, ficaram a ver navios sobretudo as micro e pequenas empresas, as mais afetadas durante a crise. O motivo é que elas estão em grande parte no setor de serviços e tem mais dificuldade de acessar linhas de crédito mais baratas por representarem, em tese, maior risco para os bancos.

No terceiro trimestre, porém o mercado deve ganhar tração, segundo Arthur Mota, economista da Exame Research:

"O resultado do mercado de crédito pode ser impulsionado de forma determinante pelo CGPE, que tem o potencial de alavancar R$ 120 bilhões até o final do ano", diz.

Esse último ponto se torna mais positivo, segundo Mota, em função da estabilidade do endividamento das famílias e do recuo do comprometimento da renda.

Junho traz melhora

As concessões de crédito na série dessazonalizada subiram 2,5% em junho, de acordo com os dados do BC desta quarta-feira. No caso de pessoas físicas, essas concessões avançaram 10,4% e, no das empresas, cederam 2,4%.

Já o crédito livre avançou 3,9% em junho, mas em direções antagônicas. No caso das pessoas físicas, houve alta de 12,8%. Para as empresas, a baixa foi de 0,7%.

Apesar do aumento na concessão de crédito de junho, Mota alerta para um aumento expressivo no nível das provisões feitas pelos bancos para se proteger da inadimplência.

"Isso faz sentido, já que ainda temos um longo clclo de deterioração do mercado de trabalho, assim como das falências esperadas para o segundo semestre, quando esse cenário deverá ficar mais claro", diz.

 

 

 

 

 

 

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