Após cinco anos, exportações devem voltar a crescer em 2017
A expectativa é que o crescimento seja puxado pelos produtos primários, cujas exportações devem avançar 15,8%
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 17h04.
São Paulo - A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entidade que abriga empresas exportadoras e importadoras, divulgou projeções ao desempenho da balança comercial brasileira que indicam o primeiro aumento da corrente de comércio do País em quatro anos, com a volta do crescimento das exportações - em queda há cinco anos consecutivos - e retomada das importações em 2017.
Os embarques, nas contas da associação, devem crescer 7,2%, chegando a US$ 197,4 bilhões, no embalo da valorização das commodities - sobretudo minério de ferro e petróleo -, aumento nos embarques de soja (produto mais exportado) e um dólar na faixa de R$ 3,20 e R$ 3,50, o que, segundo a AEB, terá efeito limitado ou nulo sobre a competitividade dos produtos manufaturados.
A expectativa é que o crescimento seja puxado pelos produtos primários, cujas exportações devem avançar 15,8%, enquanto as vendas de manufaturados ao exterior tendem a cair 1,1% sem as exportações de plataformas de petróleo que inflaram o resultado deste ano.
Para as importações, a AEB prevê aumento de 5,2%, tendo como premissa um crescimento ao redor de 0,5% da atividade econômica, em paralelo a uma pequena redução média, em relação a 2016, dos custos cambiais e tributários nessa operação.
Num reflexo da recessão econômica, as compras de produtos estrangeiros no Brasil já caíram 43%, em valor, nos últimos três anos seguidos, regredindo a patamares de 2009, quando a economia brasileira sentia o choque da crise financeira internacional.
Os cenários, contudo, podem mudar devido a incertezas das quais a entidade reconhece desconhecer o impacto na economia global e brasileira - entre elas, a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.
Com o avanço das exportações superior ao das importações, a AEB projeta crescimento de 13,1%, para US$ 51,6 bilhões, no superávit comercial do ano que vem, renovando o recorde da série histórica previsto para 2016.
A aposta vai, porém, na direção contrária das expectativas da maior parte do mercado financeiro, que prevê redução de US$ 2 bilhões, a um total de US$ 45 bilhões, do saldo positivo das transações comerciais do Brasil com o exterior, segundo os números compilados pelo Banco Central no Boletim Focus.
Diante da perspectiva da associação empresarial de aumento nos dois fluxos, a corrente comercial (soma das exportações e importações), que cai há três anos, deve voltar a crescer no ano que vem, alcançando US$ 343,1 bilhões, 6,3% a mais do que o montante estimado para 2016 (US$ 322,7 bilhões).