Apetite dos bancos para ofertar crédito está diminuindo
Pesquisa da Febraban mostra que o crescimento “mágico” de 15% defendido pelo BC será atingido em 2012
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2011 às 22h50.
São Paulo – Um eventual descontrole inflacionário em 2012 não será culpa do excesso de crédito . A oferta de dinheiro tende a crescer num ritmo mais moderado e, segundo as previsões dos bancos, deve atingir o patamar tido como “ideal” pelo Banco Central (BC) no ano que vem.
Nesta semana, o Banco Central informou que até agosto, no acumulado em 12 meses, as operações de financiamento bancário cresceram 19,4%. O índice ainda está muito elevado para as pretensões do BC, que considera “adequada” uma alta de 15%.
Na visão da autoridade monetária, esse número “mágico” é um patamar que não compromete o nível de inadimplência e ainda alivia as pressões inflacionárias. No ano passado, por exemplo, a expansão foi de 20,6%.
Após cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) faz uma pesquisa para colher as previsões dos departamentos de economia das principais instituições que operam no país.
Desde novembro do ano passado é possível constatar uma tendência de esfriamento nas previsões para o ritmo de crescimento do crédito em 2011. A projeção de alta de 18,5% já caiu para 16%, ainda sob os efeitos do aperto monetário feito no primeiro semestre ( veja tabela na próxima página com as estimativas dos bancos ).
Para o ano que vem, os banqueiros preveem crescimento ainda menor no volume de empréstimos, em torno de 15% – exatamente o ritmo desejado pelo BC.
“Esse número pode ser ainda menor se a crise piorar muito lá fora. Como o nosso nível de inflação está elevado, não vejo muito espaço para o Banco Central fazer uma redução significativa dos juros. Ainda que ele faça uma redução muito significativa, eu não sei se os bancos vão ter apetite do lado da oferta de ser tão agressivos em relação ao crédito”, diz Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, que vê os bancos “mais cautelosos” por causa da perspectiva de crescimento menor da economia.
Sardenberg participou recentemente de um encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e constatou o pessimismo dos analistas e dos próprios representantes dos governos em relação à Europa e aos Estados Unidos.
Embora o debate no Brasil ainda esteja focado na inflação, lá fora a prioridade é o crescimento econômico. “Os governos estão muito preocupados e incentivam o crescimento dos emergentes como forma de compensar a estagnação dos países desenvolvidos. Nesse contexto, eles estão mais tolerantes com a inflação.”
Rubens Sardenberg acredita que a recente alta do dólar terá um “impacto pequeno” na inflação. “Eu não vejo essa alta (do dólar) como uma mudança definitiva de patamar. Um impacto expressivo na inflação só ocorreria se atingisse um patamar muito mais alto.”
Do ponto de vista dos preços, o risco maior envolve os acordos salariais e o reajuste do salário mínimo acima da inflação. “Além disso, você tem uma política fiscal melhor, mas que não é uma política fiscal tão contracionista”, diz o economista.
Veja a evolução das previsões dos bancos para a oferta de crédito em 2011
Mês da Pesquisa | Nov/2010 | Dez/2010 | Fev/2011 | Mar/2011 | Mai/2011 | Jun/2011 | Ago/2011 | Set/2011 |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Alta do crédito em 2011 | 18,5% | 17,8% | 18% | 17,4% | 16,7% | 16,5% | 16,4% | 16% |
São Paulo – Um eventual descontrole inflacionário em 2012 não será culpa do excesso de crédito . A oferta de dinheiro tende a crescer num ritmo mais moderado e, segundo as previsões dos bancos, deve atingir o patamar tido como “ideal” pelo Banco Central (BC) no ano que vem.
Nesta semana, o Banco Central informou que até agosto, no acumulado em 12 meses, as operações de financiamento bancário cresceram 19,4%. O índice ainda está muito elevado para as pretensões do BC, que considera “adequada” uma alta de 15%.
Na visão da autoridade monetária, esse número “mágico” é um patamar que não compromete o nível de inadimplência e ainda alivia as pressões inflacionárias. No ano passado, por exemplo, a expansão foi de 20,6%.
Após cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) faz uma pesquisa para colher as previsões dos departamentos de economia das principais instituições que operam no país.
Desde novembro do ano passado é possível constatar uma tendência de esfriamento nas previsões para o ritmo de crescimento do crédito em 2011. A projeção de alta de 18,5% já caiu para 16%, ainda sob os efeitos do aperto monetário feito no primeiro semestre ( veja tabela na próxima página com as estimativas dos bancos ).
Para o ano que vem, os banqueiros preveem crescimento ainda menor no volume de empréstimos, em torno de 15% – exatamente o ritmo desejado pelo BC.
“Esse número pode ser ainda menor se a crise piorar muito lá fora. Como o nosso nível de inflação está elevado, não vejo muito espaço para o Banco Central fazer uma redução significativa dos juros. Ainda que ele faça uma redução muito significativa, eu não sei se os bancos vão ter apetite do lado da oferta de ser tão agressivos em relação ao crédito”, diz Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, que vê os bancos “mais cautelosos” por causa da perspectiva de crescimento menor da economia.
Sardenberg participou recentemente de um encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e constatou o pessimismo dos analistas e dos próprios representantes dos governos em relação à Europa e aos Estados Unidos.
Embora o debate no Brasil ainda esteja focado na inflação, lá fora a prioridade é o crescimento econômico. “Os governos estão muito preocupados e incentivam o crescimento dos emergentes como forma de compensar a estagnação dos países desenvolvidos. Nesse contexto, eles estão mais tolerantes com a inflação.”
Rubens Sardenberg acredita que a recente alta do dólar terá um “impacto pequeno” na inflação. “Eu não vejo essa alta (do dólar) como uma mudança definitiva de patamar. Um impacto expressivo na inflação só ocorreria se atingisse um patamar muito mais alto.”
Do ponto de vista dos preços, o risco maior envolve os acordos salariais e o reajuste do salário mínimo acima da inflação. “Além disso, você tem uma política fiscal melhor, mas que não é uma política fiscal tão contracionista”, diz o economista.
Veja a evolução das previsões dos bancos para a oferta de crédito em 2011
Mês da Pesquisa | Nov/2010 | Dez/2010 | Fev/2011 | Mar/2011 | Mai/2011 | Jun/2011 | Ago/2011 | Set/2011 |
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Alta do crédito em 2011 | 18,5% | 17,8% | 18% | 17,4% | 16,7% | 16,5% | 16,4% | 16% |