Para Amorim, países do Bric não querem ser a nova "aristocracia" mundial
Segundo o chanceler brasileiro, a importância desses países no cenário mundial é cada vez mais evidente e já se reflete na economia
Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2011 às 21h01.
Rio de Janeiro - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (14) que os países que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) não querem se tornar uma nova aristocracia ou "uma elite dos países emergentes". Segundo o chanceler brasileiro, o crescente poder dos países emergentes no cenário mundial será usado para criar um "mundo mais democrático".
A afirmação de Celso Amorim foi feita durante o encerramento do encontro de empresários do Bric e do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul). Segundo o chanceler brasileiro, a importância desses países no cenário mundial é cada vez mais evidente e já se reflete na economia.
Amorim explicou que a participação dos países do Bric mais a África do Sul no crescimento da economia mundial ultrapassará os 60% nos próximos anos, enquanto os países do G7 (grupo de sete dos países mais ricos do mundo) só responderão por cerca de 13%.
"Essas novas organizações, tanto o Bric quanto o Ibas, estão ajudando a transformar o mundo. Mas não de uma maneira que eles se tornem uma nova aristocracia. Não queremos ser uma elite dos países emergentes. Nem queremos trocar uma velha aristocracia do G8 por uma outra aristocracia. O que queremos é contribuir para criar um mundo mais democrático, um mundo em que a voz de todos seja ouvida. Esse é o grande papel que o Bric e o Ibas podem realizar", disse.
Durante o encerramento do encontro, Celso Amorim afirmou ainda que bancos centrais, comerciais e de desenvolvimento dos países do Bric também estão discutindo formas de integração entre eles. No caso dos bancos de desenvolvimento, estão sendo acertados memorando de entendimento para haver operações conjuntas.
No caso dos bancos centrais, a conversa está girando em torno do uso de moedas locais no comércio entre os países do Bric, como já ocorre entre o Brasil e a Argentina. Isso pode nos colocar a salvo, um pouco, dos problemas internacionais. Houve uma crise financeira nos mercados dos países desenvolvidos e, subitamente, o comércio Brasil-Rússia caiu brutalmente, quase 50%. Temos que estar preparados para enfrentar essas coisas, disse Amorim.