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Alta do dólar teria elevado dívidas da Petrobras em 31%

Estudo do CBIE afirma que a Petrobras teria elevado em 31% suas dívidas com a depreciação cambial dos últimos seis meses

Plataforma da Petrobras: companhia reconhece uma dívida líquida de R$ 262 bilhões nos dados financeiros não auditados do terceiro trimestre de 2014 (Germano Lüders / EXAME)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2015 às 20h33.

Rio - Além das dificuldades de acesso a crédito, a Petrobras tem sofrido com a depreciação cambial dos últimos seis meses.

Considerando o último balanço não auditado, referente ao terceiro trimestre de 2014, a estatal teria elevado em 31% suas dívidas, segundo estudo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Nesse cenário, o indicador de alavancagem da companhia chegaria a 51% - máxima histórica, que indica a fragilidade financeira da estatal.

A companhia reconhece uma dívida líquida de R$ 262 bilhões nos dados financeiros não auditados do terceiro trimestre de 2014, divulgados em janeiro.

A variação cambial entre outubro e março poderia elevar esse montante para cerca de R$ 360 bilhões, segundo as estimativas do CBIE.

"A parte da dívida atrelada ao dólar é 70% do total. O dólar se valorizou de R$ 2,45 para R$ 3,20 no final de março, cerca de 30%. O real também se desvalorizou em relação ao euro, o que significa que quase 80% da dívida aumentarão em relação ao terceiro trimestre", explica a analista Luana Furtado.

Mantidas as parcelas de dívida em cada moeda, a alavancagem líquida da companhia subiria de 43%, conforme registrado no terceiro trimestre, para 51% - acima dos 35% recomendados pelo Conselho de Administração.

Na última versão do planejamento estratégico da companhia, divulgado em junho, a previsão era encerrar o ano de 2015 com alavancagem de 42,3% e chegar a 33% já em 2017.

As projeções consideram o cenário registrado no relatório financeiro não auditado, divulgado em janeiro, mas com dados de setembro. Desde então, a companhia pode ter quitado parte dos débitos e revisto os dados de patrimônio líquido e Ebtida (geração de caixa), que pesam sobre a alavancagem. O balanço final do ano, com dados auditados, pode ser divulgado até o fim do mês, mas a estatal informa que não há data estabelecida.

A alavancagem da empresa é uma referência da saúde financeira das companhias, observada por bancos para a liberação de crédito e por agências de classificação de risco para atribuir suas notas.

A Standard & Poor's (S&P) apontou a fragilidade desse item, associada à dificuldade de ampliar a geração de caixa, como razão para rebaixar a nota individual da Petrobras em março.

Defasagem

A estatal obteve um fôlego na geração de caixa com a defasagem favorável nos preços de combustíveis, no fim do ano passado, mas a alta do dólar anulou a vantagem.

Após três anos de importação a preços elevados, quando o petróleo estava acima de US$ 100 o barril, em novembro, a companhia reverteu as perdas, após a cotação internacional cair à metade.

Até março, a estatal registrou ganhos de R$ 6,7 bilhões com a revenda, no mercado doméstico, de diesel e gasolina por preços acima do custo de importação. Somente a gasolina atingiu uma variação de 67,8% em relação ao preço praticado no Golfo do México, em janeiro.

Em março, com a valorização do dólar, a defasagem positiva para a gasolina foi zerada completamente.

Somente o diesel permanece gerando receitas extras à companhia, com uma defasagem favorável de 11,9%.

Nos dois primeiros meses do ano, o diesel gerou um caixa de R$ 2,5 bilhões a partir do conceito de "custo de oportunidade", que considera a diferença entre os preços internacionais e os valores cobrados nas refinarias, antes da incidência de impostos ao consumidor.

A defasagem positiva era a base do plano de contingência da estatal para evitar a necessidade de novos financiamentos no mercado internacional em 2015.

A estratégia foi definida pela ex-presidente Graça Foster. Com a mudança do cenário, a estatal optou por recorrer, na última semana, a um financiamento de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China (BDC).

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Considerando o último balanço não auditado, referente ao terceiro trimestre de 2014, a estatal teria elevado em 31% suas dívidas, segundo estudo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Nesse cenário, o indicador de alavancagem da companhia chegaria a 51% - máxima histórica, que indica a fragilidade financeira da estatal.

A companhia reconhece uma dívida líquida de R$ 262 bilhões nos dados financeiros não auditados do terceiro trimestre de 2014, divulgados em janeiro.

A variação cambial entre outubro e março poderia elevar esse montante para cerca de R$ 360 bilhões, segundo as estimativas do CBIE.

"A parte da dívida atrelada ao dólar é 70% do total. O dólar se valorizou de R$ 2,45 para R$ 3,20 no final de março, cerca de 30%. O real também se desvalorizou em relação ao euro, o que significa que quase 80% da dívida aumentarão em relação ao terceiro trimestre", explica a analista Luana Furtado.

Mantidas as parcelas de dívida em cada moeda, a alavancagem líquida da companhia subiria de 43%, conforme registrado no terceiro trimestre, para 51% - acima dos 35% recomendados pelo Conselho de Administração.

Na última versão do planejamento estratégico da companhia, divulgado em junho, a previsão era encerrar o ano de 2015 com alavancagem de 42,3% e chegar a 33% já em 2017.

As projeções consideram o cenário registrado no relatório financeiro não auditado, divulgado em janeiro, mas com dados de setembro. Desde então, a companhia pode ter quitado parte dos débitos e revisto os dados de patrimônio líquido e Ebtida (geração de caixa), que pesam sobre a alavancagem. O balanço final do ano, com dados auditados, pode ser divulgado até o fim do mês, mas a estatal informa que não há data estabelecida.

A alavancagem da empresa é uma referência da saúde financeira das companhias, observada por bancos para a liberação de crédito e por agências de classificação de risco para atribuir suas notas.

A Standard & Poor's (S&P) apontou a fragilidade desse item, associada à dificuldade de ampliar a geração de caixa, como razão para rebaixar a nota individual da Petrobras em março.

Defasagem

A estatal obteve um fôlego na geração de caixa com a defasagem favorável nos preços de combustíveis, no fim do ano passado, mas a alta do dólar anulou a vantagem.

Após três anos de importação a preços elevados, quando o petróleo estava acima de US$ 100 o barril, em novembro, a companhia reverteu as perdas, após a cotação internacional cair à metade.

Até março, a estatal registrou ganhos de R$ 6,7 bilhões com a revenda, no mercado doméstico, de diesel e gasolina por preços acima do custo de importação. Somente a gasolina atingiu uma variação de 67,8% em relação ao preço praticado no Golfo do México, em janeiro.

Em março, com a valorização do dólar, a defasagem positiva para a gasolina foi zerada completamente.

Somente o diesel permanece gerando receitas extras à companhia, com uma defasagem favorável de 11,9%.

Nos dois primeiros meses do ano, o diesel gerou um caixa de R$ 2,5 bilhões a partir do conceito de "custo de oportunidade", que considera a diferença entre os preços internacionais e os valores cobrados nas refinarias, antes da incidência de impostos ao consumidor.

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A estratégia foi definida pela ex-presidente Graça Foster. Com a mudança do cenário, a estatal optou por recorrer, na última semana, a um financiamento de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China (BDC).

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