Economia

Alianças políticas para o segundo turno ditarão o cenário eleitoral

Por mais importante que sejam os palanques regionais, o perfil do voto do eleitor brasileiro ainda é muito mais personalista do que partidário, avalia o BBV

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h52.

Candidatos à presidência tentam agora reunir forças para vencer o segundo turno. O PT, por exemplo, se diz confiante de que os partidos de Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) o apoiarão no segundo turno. Garotinho, por outro lado, disse que somente apoia Lula nesse segundo turno caso o PT se desfaça de alguns apoios acertados no primeiro turno. O discurso do ex-governador do Rio dá a entender que ele esteja se referindo ao PMDB de José Sarney e a Orestes Quércia.

"É fato que nas últimas duas eleições presidenciais, antes mesmo da filiação de Garotinho ao PSB, o partido já apoiava o PT. Para o PT pode ser custoso, politicamente, abrir mão do apoio de José Sarney e, mais amplamente, de parte dos eleitores do Maranhão. É muito provável que Garotinho esteja adotando essa postura para tentar se consolidar como um genuíno candidato oposição o que talvez não impeça a decisão do PSB favorável a um apoio ao PT", avaliam os analistas do BBV Banco.

O apoio do PFL, PPB, PDT e PTB

O PFL, por sua vez, poderá anunciar seu apoio a Serra amanhã, quando a cúpula do partido discutirá a questão, acreditam os analistas do banco. Pesam a favor de uma coligação entre PFL e PSDB o fato de o vice-presidente Marco Maciel ter sido agora eleito para o Senado. Figuras como Antônio Carlos Magalhães e Roseana Sarney, ainda que se declarem contra a aliança, por terem rompido com o governo por motivos individuais, devem liberar suas bancadas para apoiarem o candidato que mais acharem conveniente.

"A longa tradição do PFL como partido governista faz crer que o apoio a Serra tem grandes chances de ocorrer. Além do PFL, o PSDB poderá contar com o apoio do PPB, facilitado pela derrota de Maluf em São Paulo e do não embate entre o então candidato e o governador Geraldo Alckmin do PSDB", avalia o banco.

Outro apoio que poderá contar a favor de Serra será o apoio de Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Apesar de ter eleito o tucano Aécio, Lula bateu Serra por 53% a 22,9% junto aos eleitores mineiros. O PPS de Ciro Gomes também decidirá amanhã se apóia ou não o PT. Muito provavelmente, PPS e PDT (partidos da Frente Trabalhista) apoiarão Lula, com exceção, talvez, do PTB de José Carlos Martinez, que poderá apoiar Serra.

"Ainda que o apoio de Ciro seja importante para o PT, não é claro se o eleitor de Ciro Gomes irá transferir automaticamente seus votos ao candidato petista. O perfil desse eleitor nos parece mais conservador do que, por exemplo, o de Garotinho", afirma o BBV. "Por mais importante que sejam os palanques regionais, o perfil do voto do eleitor brasileiro ainda é muito mais personalista do que partidário, o que limita o potencial de transferência de votos de qualquer ex-candidato a qualquer que seja o pretendente à presidência", afirma o relatório.

Câmara e Senado

Finalmente, a nova composição do Congresso poderá afetar a dinâmica do embate no segundo turno. Na Câmara e no Senado destacam-se o crescimento das cadeiras do PT e a redução das do PSDB. Entretanto, a despeito do crescimento do PT, a coligação formal de Lula (PT, PL e PC do B) não é capaz de fazer maioria simples no Congresso.

Logo, prevendo dificuldades para se conseguir essa maioria o PT deverá levar em conta a possibilidade de apoio do PSDB em um eventual governo Lula. "Isso talvez faça com que o debate de segundo turno não se transforme em uma quadro de muitas agressões. O balanço final das alianças é, portanto, ainda indefinido. O resultado das eleições do segundo turno passa, sem dúvida, pela composição das alianças partidárias mas também irá depender muito do foco da campanha política na TV e dos debates entre os candidatos", afirma o BBV.

Horário eleitoral gratuito

O TSE definiu ontem que cada candidato terá direito a 20 minutos diários (divididos entre a manhã e a noite) entre os dias 14 e 25 deste mês, além de 7 minutos e meio de inserções ao longo da programação. Por enquanto há debates previamente agendados para os dias 16 na Rede Bandeirantes, no dia 21 na Record, e no dia 24 na Rede Globo.

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