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Aliado de Bolsonaro, Skaf defende volta gradual da atividade no fim do mês

Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defende que quarentena seja flexibilizada em São Paulo a partir de 22 de abril

Paulo Skaf: "Até o dia 22 nós temos tempo para ter toda a infraestrutura de saúde preparada e começarmos a reativar a atividade econômica de forma gradual" (Rovena Rosa/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de abril de 2020 às 07h36.

Última atualização em 16 de abril de 2020 às 19h34.

Aliado de Jair Bolsonaro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), tem sido a principal ponte entre o governo e os empresários desde o início da pandemia do coronavírus.

Ao contrário de empresários bolsonaristas, o dirigente não aderiu à proposta de reabrir imediatamente o comércio das grandes cidades e acabar com o isolamento social. Ele advoga a tese de encerrar a quarentena determinada pelo governo paulista no dia 22 de abril, sem que haja prorrogação. Para Skaf, nesta data, a infraestrutura de saúde vai estar preparada para a demanda de doentes.

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"Até o dia 22 nós temos tempo para ter toda a infraestrutura de saúde preparada e começarmos a reativar a atividade econômica de forma gradual. Temos de reativar de forma prudente, gradativa e com todas as cautelas, com o uso de máscara e distanciamento. Defendo que isso seria o melhor para o Brasil", disse o dirigente. Esse foi o tema de reunião virtual com 40 empresários como Abílio Diniz, Luiz Carlos Trabuco e David Feffer, que fazem parte do grupo "Diálogo pelo Brasil". Eles discutiram um protocolo para a retomada da economia a partir do fim da quarentena.

Apesar do otimismo do empresariado, há risco de faltar leitos em São Paulo. Segundo o secretário de Saúde da capital, Edson Aparecido, em uma semana, 60% dos 1.662 leitos de baixa e média complexidade para pacientes com coronavírus foram ocupados. O Estado acumula o maior número de mortes por covid-19 no Brasil, 608, segundo dados divulgados ontem pelo governo estadual.

No último dia 6, o governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em São Paulo até o dia 22 de abril. No entorno do tucano, a avaliação é de que esse decreto pode ser prorrogado por 15 dias ou mais, a depender do quadro do avanço da pandemia.

A Fiesp não se manifestou sobre as falas de Bolsonaro minimizando a covid-19 ou pregando o fim da quarentena, mas também não se opôs ao decreto paulista. A entidade vai lançar nas próximas semanas uma campanha em defesa do uso de máscaras pela população. O Senai tem programas para recuperar respiradores e produzir álcool em gel.

Skaf tem mantido uma agenda intensa com ministros do governo Bolsonaro e empresários. Na semana retrasada, a Fiesp realizou uma reunião virtual com o presidente, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e 40 grandes empresários.

Na ocasião, Skaf manifestou uma "preocupação" que vai ao encontro do discurso do Palácio do Planalto de enfrentamento aos governadores: as decisões isoladas dos Estados e prefeituras podem "desestruturar" a operação produtiva. "A questão da segurança jurídica preocupa porque ela é tudo no momento em que você sente que cada prefeito ou governador vai ter regras distintas ou impedir a logística que leve alimentos e remédios", disse.

Monitoramento

O empresário recebeu a reportagem usando máscara em unidade do Senai. Ao chegar ao local, todos têm a temperatura medida e quem for detectado com febre é impedido de entrar.

Na sede da entidade, na Avenida Paulista, as regras são ainda mais rígidas. Além da medição de temperatura, visitantes são submetidos a um questionário feito por uma enfermeira. O presidente da Fiesp afirmou que fez duas vezes o exame para covid-19, sendo que ambas deram negativo.

Ainda filiado ao MDB, mas de malas prontas para o Aliança pelo Brasil quando a sigla sair do papel, Skaf evitou se posicionar publicamente em defesa do presidente, que tem sido alvo de panelaços diários. O empresário recebeu a promessa de assumir o comando do Aliança no Estado e ser o candidato em 2022.

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