Economia

Agroindústria tem o melhor desempenho em 11 anos, diz IBGE

Em 2002, crescimento foi de 7,9%, bem acima da taxa obtida pela média da indústria nacional (2,4%) no mesmo período, e a maior marca da série histórica iniciada em 1991 A agroindústria também expandiu-se em todos os trimestres do ano passado, em relação a iguais períodos de 2001: 1,6% no primeiro, 13,8% no segundo, 8,7% […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

Em 2002, crescimento foi de 7,9%, bem acima da taxa obtida pela média da indústria nacional (2,4%) no mesmo período, e a maior marca da série histórica iniciada em 1991

A agroindústria também expandiu-se em todos os trimestres do ano passado, em relação a iguais períodos de 2001: 1,6% no primeiro, 13,8% no segundo, 8,7% no terceiro, e 6,1% no último. Mas, enquanto em 2001 o resultado da agricultura (2,0%) foi superado pelo da pecuária (5,6%), em 2002 os setores agrícolas (8,5%) cresceram mais, pois a pecuária (6,5%) teve maior oferta de produtos e queda em seus preços internacionais.

Em linhas gerais, o bom desempenho da agroindústria em 2002 pode ser creditado à expressiva safra de grãos (96,86 milhões de toneladas), ligeiramente inferior à safra recorde de 2001 (98,54 milhões de toneladas), aos ganhos de produtividade obtidos tanto na indústria quanto no campo e à desvalorização cambial, que combinada com exitosos esforços de abertura de novos mercados, estimulou o crescimento das exportações.

Pelos resultados divulgados pela SECEX/MDIC, o volume das principais exportações da agroindústria aumentou 4,8% em relação a 2001, em especial: álcool (116,2%), carne suína congelada (99,5%), suco de laranja não fermentado (45,2%), carne de frango e peru em pedaços (28,0%), óleo de soja (22,3%), açúcar (19,5%), preparações e conservas de carne bovina (18,9%), carne bovina congelada/refrigerada (16,9%) e fumo (12,6%).

Produtos Industriais Derivados da Agricultura

No grupo de produtos derivados da agricultura, os principais impactos positivos para o aumento de 6,7% vieram dos derivados de cana-de-açúcar (7,0%), da soja (8,1%), da laranja (25,4%), do arroz (3,8%), e do fumo (32,8%). O aumento no processamento, pelas indústrias, tanto da cana-de-açúcar quanto da soja foi influenciado pela taxa de câmbio, pela recuperação das cotações internacionais e pelo crescimento na produção de suas matérias-primas de 6,2% e 11,3%, respectivamente. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a expansão na produção da cana refletiu, em grande parte, o aumento da produtividade, decorrente de investimentos nos canaviais, possibilitados pela maior capitalização dos produtores nas duas últimas safras.

Já o acréscimo na produção de soja deve-se, basicamente, à maior área cultivada, em decorrência das expectativas de preços e mercados geradas no ano anterior. Retrações ocorreram nas produções dos derivados de milho (-12,3%), cacau (-6,9%), trigo (-1,0%) e café (-1,6%). Nas exportações, as expansões dos derivados da soja (6,6%) e cana-de-açúcar (19,5%) continuaram sendo as de maior importância.

Produtos Industriais Utilizados pela Agricultura

A expansão de 15,7% ocorrida em produtos industriais utilizados pela agricultura, substancialmente superior à de 2001 (2,5%), refletiu tanto o crescimento de máquinas e equipamentos agrícolas (17,7%), quanto o de adubos e fertilizantes (13,9%). O expressivo incremento na fabricação de máquinas e equipamentos foi alavancado, sobretudo, pelo crescimento da produção agrícola, pelos juros baixos do programa de modernização da frota

agrícola - Moderfrota, do Ministério da Agricultura e BNDES, pelo aumento da renda agrícola e das exportações.

Nível tecnológico, preço e marketing agressivo por parte da indústria brasileira de máquinas agrícolas fizeram as exportações se ampliarem 26,4% em 2002, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). Já o crescimento na fabricação de adubos e fertilizantes deve-se ao aumento da produção de grãos, sobretudo da soja ( destino de quase 35% da produção do setor), e da cana-de-açúcar.

Produtos Industriais Derivados da Pecuária

Em 2002, o setor de produtos industriais derivados da pecuária teve crescimento de 4,7%, devido à ampliação na produção de todos os seus segmentos, exceto o de derivados do leite, que sofreu redução de 1,2%. O maior aumento foi observado em derivados de suínos (15,2%) e derivados de bovinos (7,0%), cujo segmento é o de maior peso do grupo. Os derivados de aves e miúdos tiveram, respectivamente, acréscimos de 6,8% e 3,2%. Vale observar que o volume exportado de carnes cresceu cerca de 33,0%, com destaque para os derivados de suínos com aumento nas vendas externas de quase 100%. Aí, as remessas para a Rússia deram a principal contribuição.

Em 2002, o volume exportado dos derivados de frangos aumentou em aproximadamente 28,0%, e o Brasil respondeu por cerca de 31,0% do comércio mundial. Esta expansão está associada à condição de sanidade do produto brasileiro, à sua divulgação no mercado exterior e, sobretudo, à competitividade gerada pelo desenvolvimento tecnológico. Já os derivados de bovinos apresentaram um crescimento de 17,4% no volume exportado, em função da ampliação dos mercados através de um programa de marketing da carne brasileira no exterior. Atualmente o Brasil é terceiro maior fornecedor mundial de carne e exporta para mais de 80 países.

Produtos Industriais Utilizados pela Pecuária

Repetindo o comportamento positivo dos últimos anos, o setor de produtos industriais utilizados pela pecuária apresentou um crescimento de 12,2%, quase o dobro do observado em 2001 (6,2%), decorrente do aumento na produção tanto de soros e vacinas (26,3%) quanto de rações (8,8%). Vale ressaltar que o bom resultado da indústria de produtos veterinários deve-se, principalmente, ao desempenho das exportações de carnes, à venda recorde de vacinas contra a febre aftosa e à ampliação de vendas ao segmento de pequenos animais.

Em síntese, pelo segundo ano consecutivo a performance de setores industriais na agroindústria mostrou maior dinamismo que a produção industrial. Se em 2001 a agroindústria cresceu 2,7% e a média da indústria brasileira foi de 1,6%, em 2002, a taxa dos setores agro-industriais (7,9%) ficou bem acima do comportamento global da indústria (2,4%). Para esse dinamismo da agroindústria contribuíram a desvalorização cambial, os seguidos ganhos de produtividade, a abertura de novos mercados, a melhora nas condições sanitárias e na qualidade de nossos produtos e os impactos positivos de programas de estímulo à produção agrícola, como o Moderfrota.

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