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Agricultura começará a sair da crise em 2007, diz ministro

Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, rebate críticas de produtores e afirma que medidas anunciadas garantem estabilidade ao campo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

O início da reversão da crise que assola os produtores rurais virá em 2007, como resposta ao pacote de ajuda ao campo anunciado pelo governo na semana passada e que prevê a liberação de 60 bilhões de reais para o setor. A expectativa é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, que rebateu nesta terça-feira (30/5) as críticas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) às medidas.

Os produtores consideram o pacote insuficiente para reverter a crise. Nas últimas duas semanas, a insatisfação dos agricultores transformou-se em protestos e bloqueios de estradas e rodovias, na tentativa de forçar o governo a renegociar suas dívidas. Rodrigues reconheceu a gravidade da situação hoje, classificando a crise como a "pior enfrentada pelo setor nos últimos 40 anos".

O ministro ressaltou, porém, que as medidas adotadas serão capazes de mudar o rumo do setor. "Hoje, estamos no fundo do poço, mergulhados num pântano de dívidas, de renda quebrada e de dificuldades muito grandes. Mas, se construirmos esse projeto coletivo e articulado de medidas, teremos sem dúvida uma agricultura cada vez mais estabilizada e mais competitiva", afirmou em entrevista coletiva às emissoras de rádio que compõem a rede da Radiobras, o órgão oficial de comunicação do governo.

Entre as iniciativas, o ministro destacou a extensão do regime de drawback para todos os produtos agrícolas. Por esse regime, a importação de matérias-primas é isenta de impostos, desde que o produto final seja exportado. Atualmente, a isenção só vale para frutas, algodão, carne de frango e suína, e camarão. Mas o ministério já articula uma expansão desse modelo. Outra aposta é a reformulação do seguro rural. Por fim, há a expectativa de que o câmbio volte a ser favorável às exportações do setor.

"Se somar tudo isso - câmbio, preço melhor e um seguro rural mais consistente -, eu acredito que, a partir do ano que vem, a gente comece a sair da crise de forma bastante articulada e consistente", afirmou Rodrigues.

O otimismo do ministro, porém, contrasta com o ceticismo do mercado. Para Paulo Molinari, analista da consultoria Safras & Mercado, o Brasil não tem plano agrícola de longo prazo. "Sempre são de curtíssimo prazo. Não há planejamento; o governo está sempre apagando incêndios," diz. Segundo Molinari, para a atual conjuntura de crise, a única solução, caso não houvesse o pacote, seria o produtor não pagar as dívidas. Ele acredita que se trata de uma solução paliativa. "Afinal, aumentar o volume de crédito é uma boa notícia, mas está aquém das necessidades do setor. Faltaram medidas estruturais, que já haviam sido anunciadas", diz Molinari.

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