Economia

AES Eletropaulo quer zerar em um ano perdas com clientes que podem pagar

O total da energia roubada por ano da empresa seria suficiente para iluminar uma cidade com 700 mil habitantes e 30 mil empresas por 20 dias

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h59.

A ofensiva da AES Eletropaulo para reduzir a perda de faturamento com consumidores que não pagam pela energia elétrica está concentrada nos clientes que possuem medidores. A empresa contabiliza que deixa de faturar anualmente 600 milhões de reais com fraudes e ligações clandestinas. Esse montante corresponde a 7,6% do faturamento total da companhia. Os consumidores que poderiam pagar e fraudam os medidores respondem por mais da metade da quebra de receitas. São esses os "ratos" definidos como inimigos públicos na campanha de propaganda recentemente lançada pela empresa. O objetivo estabelecido pela diretoria da AES Eletropaulo é, no prazo de um ano, zerar a perda de faturamento atualmente produzida pelos "ratos".

As fraudes desse tipo, com grandes consumidores, incluindo indústrias e empresas comerciais e de serviços, se intensificaram desde o racionamento de energia no país, em 2001. "Surgiram profissionais oferecendo formas de desviar energia para o consumidor não pagar sobretaxa pelo consumo", diz Cyro Vicente Boccuzzi, vice-presidente técnico da AES Eletropaulo. "Muita gente entrou nessa e acho que poderia continuar a fazer isso livremente. São clientes que podem pagar e fraudam os relógios. É roubo puro."

A empresa decidiu distinguir esse tipo de perda do causado pelas ligações clandestinas em áreas de baixa renda, os "gatos". Para essas, Boccuzzi diz que é necessário um trabalho social de inclusão dos consumidores, em conjunto com prefeituras e governo do estado.

Segundo Boccuzzi, os fraudadores muitas vezes são pessoas que tendem, se tiverem oportunidade, a cometer outras ações ilícitas. "Cometem outros crimes, até piores", diz ele. A AES Eletropaulo fez um acordo com a secretaria estadual da Fazenda para um trabalho integrado. As faturas de clientes fraudadores da concessionária de energia podem ser utilizadas pela secretaria para verificar casos de sonegação de impostos.

Perda de impostos

Esse é outro problema decorrente da fraude. Sobre a energia consumida e não paga, o governo também deixa de recolher impostos. Considerando os 600 milhões de reais que a AES Eletropaulo deixa de faturar por ano, o valor em impostos correspondentes não recolhidos soma 126 milhões de reais.

"O percentual perdido acaba entrando no custo de todo o setor elétrico na hora de calcular a tarifa e assim os prejuízos são pagos indiretamente por todos os consumidores que são corretos com a sua conta de luz", afirma Boccuzzi. Ainda seria preciso considerar que os recursos que deixam de ser recolhidos poderiam ser investidos na ampliação e na melhoria da rede. O total da energia roubada por ano da AES Eletropaulo seria suficiente para iluminar uma cidade como Osasco por 20 dias. Osasco é o quinto maior município paulista, com 700 00 habitantes e quase 30 000 empresas.

Outras operações

Para combater o roubo de energia em São Paulo, o grupo AES deslocou para a Eletropaulo alguns profissionais que haviam participado com sucesso de campanhas na AES Sul, concessionária que opera em parte da serra gaúcha e região central do Rio Grande do Sul. Há diferenças culturais que colaboram para que os prejuízos no sul sejam proporcionalmente menores, mas um aumento de incidência de fraudes detectado lá após o racionamento foi debelado. Hoje, o índice de perda de faturamento na AES por roubo e ligações clandestinas é inferior a 2%.

No grupo americano AES, com operações em 27 países, há índice de perda de até 40% em Camarões, na África. Na Ucrânia, a quebra é de 25% do faturamento. Na Eletricidad de Caracas, na Venezuela, é de 9%. O menor índice é o registrado na Indianapolis Power Company, os Estados Unidos, de 0,3%.

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