5 perguntas sobre uma possível guerra comercial entre EUA e China
À primeira vista, a China seria o país a sair perdendo com guerra comercial entre as duas primeiras economias do planeta
AFP
Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 11h59.
Última atualização em 20 de janeiro de 2017 às 15h06.
A China acompanha com apreensão a posse nos Estados Unidos de Donald Trump , cujas críticas e ameaças contra o gigante asiático podem desencadear uma guerra comercial entre as duas primeiras economias do planeta.
Por que Trump ataca a China?
O novo presidente critica o suposto desequilíbrio nas relações sino-americanas. Trump acusa Pequim de manipular sua divisa para estimular as exportações chinesas e, portanto, de ser um competidor desleal das empresas dos Estados Unidos.
O magnata ameaça impor uma taxa de 45% aos produtos importados da China.
No que se refere à manipulação da divisa chinesa, Trump se equivoca: há mais de um ano o governo de Pequim atua para sustentar sua moeda, e não para fazê-la baixar.
Mas, segundo estudos recentes, dois milhões de empregos americanos foram perdidos desde a adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001.
Trump diz poder repatriar parte destes empregos graças a negociações com Pequim.
Quem sai perdendo?
À primeira vista, a China. Ela tinha um colossal superávit comercial com os Estados Unidos de 30 bilhões de dólares por mês em 2016, segundo dados americanos.
A China também está em pleno processo de dolorosa transição econômica: uma queda de suas exportações a tornaria ainda mais delicada.
A imprensa chinesa brande a ameaça de medidas de represália em caso de conflito comercial, que podem afetar seriamente gigantes americanos como Apple, General Motors e Boeing, muito presentes na China.
Também pode ser afetada por estas represálias a soja americana exportada à China. O eleitorado rural de Trump pode, então, se voltar contra seu presidente. Em suma, os Estados Unidos também têm muito a perder.
Rumo a uma guerra comercial?
É difícil de responder. O presidente chinês, Xi Jinping, parece disposto a um compromisso: nesta semana declarou em Davos que ninguém sairia vencedor de uma guerra comercial.
Por sua vez, o secretário americano de Comércio, Wilbur Ross, não mencionou a taxa de 45% em sua audiência de confirmação ante o Senado. Deu a entender, no entanto, que a legislação atual permite a adoção de medidas punitivas. Isso demonstraria que o conflito pode acabar sendo menos radical que o previsto.
Um compromisso é possível?
A China anunciou recentes medidas para prosseguir com a abertura de seu mercado. Seu objetivo é atrair investimentos estrangeiros e desativar as críticas por suas restrições às empresas internacionais.
Pequim afirmou nesta semana que as empresas estrangeiras podem ser negociadas nas bolsas chinesas. E em dezembro a China anunciou que estas empresas estrangeiras podem ter filiais em 100%, sem serem obrigadas - como acontecia até agora - a se cercar de sócios chineses nos setores protegidos, como o material ferroviário.
Mas o mal-estar não se dissipou: 80% das empresas americanas declaram se sentir menos bem acolhidas na China que em outros lugares, segundo uma pesquisa da Câmara de Comércio dos Estados Unidos na China.
Como será o futuro?
Antes de sua eleição, Trump, muito irritado, havia dito que inscreveria a China na lista dos manipuladores de divisas. Esta promessa não foi repetida em um vídeo publicado após sua vitória eleitoral.
O magnata declarou, no entanto, sua intenção de retirar seu país do Acordo de Livre Comércio Transpacífico (TPP), negociado por Washington com 11 países da região Ásia-Pacífico, e que exclui ostensivamente a China.
A retirada americana deste acordo, que a China considerou hostil, ao menos deve tranquilizar parte dos líderes de Pequim.