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2021 vai ser melhor do que 2020? Veja o que esperar para a economia

A economia deve melhorar no ano que vem, mas incógnitas seguem no radar, das vacinas à política. Assista no Questão Macro, todas as quartas às 13h30

Paulo Guedes, ministro da Economia: o avanço da pauta econômica no Congresso segue nebuloso para o ano que vem (André Borges/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 16h33.

Última atualização em 16 de dezembro de 2020 às 17h31.

"Não tem como 2021 não ser melhor do que 2020". É o que aponta o economista da EXAME Research, Arthur Mota, em um resumo dos desafios que foram impostos aos países neste ano em meio à pandemia.

O que esperar para o ano que vem? As perspectivas para 2021 na economia e na política foram tema do Questão Macro , programa semanal da EXAME sobre os assuntos que movimentam o mercado no Brasil e no mundo ( assista na íntegra abaixo ).

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Os principais institutos e analistas vêm apontando que o mundo terá uma retomada no crescimento em 2021, após uma recessão global neste ano. No Brasil, o Boletim Focus desta semana projetou crescimento do PIB em 3,5% no ano que vem, e projeção de queda de 4,41% neste ano.

"Parte disso já está relativamente precificado", diz Mota, mas o economista aponta que, para chegar a um cenário ideal de retomada, é preciso que se concretize uma boa distribuição da vacina contra a covid-19 nos primeiros meses de 2021, com o imunizante chegando a um número razoável de pessoas.

A projeção ideal é de um primeiro trimestre com boa distribuição de vacinas no Ocidente -- o que deve acontecer sobretudo entre os países mais ricos, que já começaram a vacinação -- e terminando o primeiro semestre com as vacinas chegando a ainda mais países, o suficiente para imunizar uma taxa suficiente da população para a retomada das atividades.

Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde disse que vacinas podem estar disponíveis no Brasil em fevereiro, mas falta a conclusão dos testes e aprovação das principais candidatas brasileiras, a vacina de Oxford/AstraZeneca, as parceiras da Covax, da ONU, e a da chinesa Sinovac em São Paulo.

O crescimento econômico de fato deve ser melhor do que em 2020, mas com um avanço ainda desigual, tanto entre países quanto entre setores. Os PMIs (Índice Gerente de Compras) divulgados nos últimos meses mostram, por exemplo, a indústria se saindo melhor na recuperação, e com serviços ainda sofrendo. Setores como turismo, alimentação fora de casa e lazer só conseguirão retomar plenamente as atividades com um nível alto da população imunizada.

Mas alguns setores devem se beneficiar, e o investidor precisará estar atento às oportunidades. "Teremos no ano que vem uma demanda global muito mais aquecida, e isso será positivo para o Brasil", diz Álvaro Frasson, economista do BTG Digital. Frasson acredita que, no Brasil, se beneficiam deste cenário positivo globalmente tanto a pauta de exportações, como em commodities, quanto a de renda variável -- uma vez que empresas como Vale e Petrobras representam fatia importante do Ibovespa.

Sobre a inflação no Brasil, Frasson acredita que há um cenário positivo e que a inflação em 2021 deve ficar dentro do centro da meta do Banco Central. "Devemos ter uma diminuição dos preços no atacado com a retomada da produção industrial", diz. O economista também avalia que há possibilidade de retomada do emprego e, por consequência, do consumo, o que traria uma menor dependência do auxílio emergencial.

Ainda assim, segue sendo uma incógnita como a economia brasileira reagirá em 2021 sem algum tipo de prorrogação do auxílio e caso o mercado de trabalho não se recupere da forma esperada.

Na geopolítica global, outra grande expectativa para 2021 é a troca do governo americano. "A principal mudança seria a política fiscal, com a perspectiva de um pacote fiscal novo, não esse que estamos discutindo de curto prazo, mas numa trajetória nova de situação fiscal americana, como investimento em infraestrutura e energia verde", diz Mota.

Por fim, a política brasileira em especial ainda enfrenta um cenário incerto, sem definição clara sobre as reformas. A conjectura entre Congresso e Ministério da Economia pode, apontam os economistas, ainda gerar algum tipo de "ruído".

Frasson usa como exemplo as privatizações, que não avançaram no governo Bolsonaro como prometido. "Se tinha uma agenda muito significativa em relação às privatizações, e dois anos depois continuamos com 46 estatais na União", diz. "Vamos depender da política para ver se a agenda do ministro Paulo Guedes continua, e se o próprio ministro continua no ano que vem", diz Frasson.

Ainda na política os economistas mencionaram a importância do avanço da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), tema do dia no Congresso nesta quarta-feira. O texto foi aprovado na Câmara hoje, e caminha para ser aprovado no Senado ainda nesta tarde, o que pode ser considerado uma boa notícia neste fim de ano, apesar dos atrasos. A LDO deveria ter sido votada em julho.

"É um mínimo avanço, ao menos tem a LDO votada no final do ano, é o mínimo que a gente esperava do Congresso, mas ainda abaixo do que seria o ideal e o aceitável, pelo menos uma PEC emergencial mais acertada", diz Frasson.

Frasson aponta que os "ventos positivos" do exterior dão tempo ao Congresso para que avance com as pautas necessárias, apesar dos atrasos.

O Questão Macro vai ao ar às quartas-feiras, às 13h30. Se inscreva nocanal da EXAME Researchpara acompanhar os programas, ecadastre-se para acessar gratuitamenteos relatórios de macroeconomia na EXAME Research.

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