Infoxicação: como frear o excesso de informação
Ser seletivo com a quantidade e a qualidade dos dados que nos cercam é fundamental para trabalhar melhor e viver bem
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2022 às 09h00.
Última atualização em 29 de julho de 2022 às 09h01.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar
Diferentemente dos livros que compramos, guardamos na estante e optamos por ler ou não, as informações oriundas de dispositivos eletrônicos, sejam úteis ou sejam mera perda de tempo, verdadeiras ou falsas, parecem ter a capacidade de entrar no nosso cérebro “por osmose”. A cada olhada no celular ou em qualquer outra tela (e olhamos para elas muitas vezes ao dia), uma enxurrada de conversas, notícias, polêmicas, piadas, correntes, boatos e afins invadem nosso radar mental e emocional. A informação digital, diferentemente da impressa, tem esse poder: por ser dinâmica, interativa e multicanal, ela “pula” sobre nós.
Diariamente somos expostos a uma quantidade inimaginável de dados. De acordo com um ex-CEO do Google, a cada dois dias, é gerado o equivalente a toda a informação produzida desde o início da civilização até 2003. Se, no passado, tínhamos acesso a um rol restrito de jornais e revistas, hoje somos impactados por sites, blogs, redes sociais, aplicativos de comunicação instantânea, e-commerces e plataformas de streaming. Isso, apenas no “pacote básico”. Há também os displays eletrônicos em elevadores, salas de espera, mobiliário urbano, entre outros. É impossível abster-se da avalanche de informações que nos circundam e nos convocam a reagir de alguma maneira.
O que os especialistas já sabem é que: 1) o fluxo gigantesco e ininterrupto de informação afeta nosso estado de ânimo e saúde mental, pois o ser humano não foi “equipado” para essa demanda; e 2) no entanto, descobriu-se que a qualidade dessas informações e como nos relacionamos com elas têm um impacto ainda mais prejudicial do que o volume em si. Somando-se esses dois aspectos, quantidade e qualidade, chega-se à “infoxicação”, expressão que mescla “intoxicação” e “informação”, resumindo um dos grandes males da atualidade.
Como o próprio termo já antecipa, o processo de infoxicação decorre do consumo desenfreado de informações tóxicas, ou seja, de informações que despertam tristeza, culpa, confusão, pessimismo e outros sentimentos negativos. A informação que nos envenena pode vir na forma de um filme, de uma série, de mensagens, de discussões nas redes sociais ou em outros formatos. No dia a dia, essa toxicidade se traduz em menos qualidade de vida e bem-estar, tanto na esfera pessoal quanto na profissional.
Em poucos minutos, acompanhamos uma tragédia pelo Twitter, confirmamos um evento no Facebook, rimos de um meme no Instagram e participamos de uma reunião de trabalho via Zoom. Manter o foco, o humor e o interesse em meio à montanha-russa de emoções e de distrações trazida pelas telas, é um desafio e tanto. Não é à toa que todo mundo já ouviu falar de pessoas que ficaram off-line por um longo período, saíram das redes sociais ou trocaram um smartphone potente por um aparelho simples, para resgatar o equilíbrio. O fear of missing out (Fomo), ou medo de ficar por fora do mundo digital, acomete muita gente, e precisa ser prevenido e tratado, por vezes com a ajuda de profissionais especializados. Mais do que isso, ele deve dar lugar ao joy of missing out (Jomo), que é a filosofia de sentir-se alegre por não participar de tudo e apreciar o presente em seu próprio ritmo, reduzindo a pressão do mundo digital.
Ler muito e filtrar tudo é a regra de ouro
Acredito que, entre os dois extremos, estar totalmente conectado ou totalmente desconectado, existe um caminho mais sensato. Ser bem-informado, dar vazão à curiosidade e cultivar relacionamentos é fundamental, não apenas para um bom desempenho no trabalho, mas também para a vida. As novas tecnologias nos ajudam muito nesse sentido. Porém, é preciso estabelecer limites. Sem eles, nossa relação com a informação se torna doentia. A infoxicação pode atrapalhar uma carreira da mesma forma que atrapalha a vida pessoal. Por um lado, notícias inconsistentes sobre o mercado, por exemplo, podem confundir a visão que o profissional tem de si mesmo ou do segmento em que atua. Por outro, o excesso de informações no trabalho e sobre ele pode gerar estresse, perda de produtividade e de criatividade.
Para evitar informações furadas, o primeiro passo é o profissional identificar em que ponto de sua trajetória ele se encontra e onde quer chegar. Estando ciente de suas habilidades, metas e deficiências, é necessário buscar boas fontes para se informar sobre tendências, capacitação, vagas e empresas. Ler muito, checar as informações com conhecidos de confiança e filtrar bem tudo é a regra de ouro para formar uma opinião sensata e tomar decisões mais saudáveis.
Em outra frente, é indispensável criar a própria receita para não se tornar refém das ferramentas digitais. Passar o dia inteiro respondendo a mensagens, estar sempre com vários dispositivos ligados ao mesmo tempo e participar de todos os debates das redes sociais são tentações perigosas. Mas eleger prioridades, considerando seus objetivos pessoais e profissionais, com certeza é o melhor caminho.
Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar
Diferentemente dos livros que compramos, guardamos na estante e optamos por ler ou não, as informações oriundas de dispositivos eletrônicos, sejam úteis ou sejam mera perda de tempo, verdadeiras ou falsas, parecem ter a capacidade de entrar no nosso cérebro “por osmose”. A cada olhada no celular ou em qualquer outra tela (e olhamos para elas muitas vezes ao dia), uma enxurrada de conversas, notícias, polêmicas, piadas, correntes, boatos e afins invadem nosso radar mental e emocional. A informação digital, diferentemente da impressa, tem esse poder: por ser dinâmica, interativa e multicanal, ela “pula” sobre nós.
Diariamente somos expostos a uma quantidade inimaginável de dados. De acordo com um ex-CEO do Google, a cada dois dias, é gerado o equivalente a toda a informação produzida desde o início da civilização até 2003. Se, no passado, tínhamos acesso a um rol restrito de jornais e revistas, hoje somos impactados por sites, blogs, redes sociais, aplicativos de comunicação instantânea, e-commerces e plataformas de streaming. Isso, apenas no “pacote básico”. Há também os displays eletrônicos em elevadores, salas de espera, mobiliário urbano, entre outros. É impossível abster-se da avalanche de informações que nos circundam e nos convocam a reagir de alguma maneira.
O que os especialistas já sabem é que: 1) o fluxo gigantesco e ininterrupto de informação afeta nosso estado de ânimo e saúde mental, pois o ser humano não foi “equipado” para essa demanda; e 2) no entanto, descobriu-se que a qualidade dessas informações e como nos relacionamos com elas têm um impacto ainda mais prejudicial do que o volume em si. Somando-se esses dois aspectos, quantidade e qualidade, chega-se à “infoxicação”, expressão que mescla “intoxicação” e “informação”, resumindo um dos grandes males da atualidade.
Como o próprio termo já antecipa, o processo de infoxicação decorre do consumo desenfreado de informações tóxicas, ou seja, de informações que despertam tristeza, culpa, confusão, pessimismo e outros sentimentos negativos. A informação que nos envenena pode vir na forma de um filme, de uma série, de mensagens, de discussões nas redes sociais ou em outros formatos. No dia a dia, essa toxicidade se traduz em menos qualidade de vida e bem-estar, tanto na esfera pessoal quanto na profissional.
Em poucos minutos, acompanhamos uma tragédia pelo Twitter, confirmamos um evento no Facebook, rimos de um meme no Instagram e participamos de uma reunião de trabalho via Zoom. Manter o foco, o humor e o interesse em meio à montanha-russa de emoções e de distrações trazida pelas telas, é um desafio e tanto. Não é à toa que todo mundo já ouviu falar de pessoas que ficaram off-line por um longo período, saíram das redes sociais ou trocaram um smartphone potente por um aparelho simples, para resgatar o equilíbrio. O fear of missing out (Fomo), ou medo de ficar por fora do mundo digital, acomete muita gente, e precisa ser prevenido e tratado, por vezes com a ajuda de profissionais especializados. Mais do que isso, ele deve dar lugar ao joy of missing out (Jomo), que é a filosofia de sentir-se alegre por não participar de tudo e apreciar o presente em seu próprio ritmo, reduzindo a pressão do mundo digital.
Ler muito e filtrar tudo é a regra de ouro
Acredito que, entre os dois extremos, estar totalmente conectado ou totalmente desconectado, existe um caminho mais sensato. Ser bem-informado, dar vazão à curiosidade e cultivar relacionamentos é fundamental, não apenas para um bom desempenho no trabalho, mas também para a vida. As novas tecnologias nos ajudam muito nesse sentido. Porém, é preciso estabelecer limites. Sem eles, nossa relação com a informação se torna doentia. A infoxicação pode atrapalhar uma carreira da mesma forma que atrapalha a vida pessoal. Por um lado, notícias inconsistentes sobre o mercado, por exemplo, podem confundir a visão que o profissional tem de si mesmo ou do segmento em que atua. Por outro, o excesso de informações no trabalho e sobre ele pode gerar estresse, perda de produtividade e de criatividade.
Para evitar informações furadas, o primeiro passo é o profissional identificar em que ponto de sua trajetória ele se encontra e onde quer chegar. Estando ciente de suas habilidades, metas e deficiências, é necessário buscar boas fontes para se informar sobre tendências, capacitação, vagas e empresas. Ler muito, checar as informações com conhecidos de confiança e filtrar bem tudo é a regra de ouro para formar uma opinião sensata e tomar decisões mais saudáveis.
Em outra frente, é indispensável criar a própria receita para não se tornar refém das ferramentas digitais. Passar o dia inteiro respondendo a mensagens, estar sempre com vários dispositivos ligados ao mesmo tempo e participar de todos os debates das redes sociais são tentações perigosas. Mas eleger prioridades, considerando seus objetivos pessoais e profissionais, com certeza é o melhor caminho.
Aqui, neste Blog , você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks .