Duas dicas para recalcular a rota do ensino na sua empresa
Os funcionários querem e as empresas precisam? Veja como deve ser feita a educação dentro das companhias a partir de agora
Luísa Granato
Publicado em 19 de abril de 2021 às 16h17.
Não é de hoje que as empresas tomam para si a missão de preencher algumas lacunas na formação dos profissionais. Por conta do contexto atual, provavelmente esse gap entre a realidade da faculdade e a realidade do mundo do trabalho deve aumentar. Isso porque o processo de aprendizado tem sido duramente impactado pela pandemia, fora o aumento na evasão escolar e o acesso restrito ao ensino à distância por conta da desigualdade socioeconômica no país - 55% dos estudantes que moram em favelas ficaram sem estudar durante a pandemia pela falta de internet ou por não receberem as atividades das escolas ou faculdades, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa).
Diante disso, pode ser que o ímpeto das organizações seja elaborar mais cursos, fazer mais treinamentos, criar mais conteúdos para já se preparar e suprir tal carência. Só que, como as coisas não são tão simples assim, essa produção em massa esbarra em outro cenário: o do cansaço.
Fora o desgaste gerado pela própria realidade em que vivemos, há também aquele que vem do nosso relacionamento com a informação. Para aqueles que podem ter acesso à internet, infoxicação, infodemia e fadiga do Zoom são alguns termos que andam circulando por aí e que se relacionam com essa ideia de esgotamento. Por conta do excesso de dados e de estímulos, esses sintomas começam a aparecer e o curso ou o workshop que tinha sido cuidadosamente desenhado para complementar o conhecimento do colaborador se torna mais um item nessa pilha de conteúdo. Uma pilha que parece estar desmoronando sobre nós.
Sabe aquele mix de desânimo e ansiedade ao se deparar com esse volume gigantesco de conteúdos, esse “Everest” de informações? Estou me referindo a isso. Parece que estamos diante de algo gigantesco e não sabemos muito bem por onde começar a escalada. Na minha opinião, é exatamente neste ponto que se encontra o novo desafio das empresas quando o assunto é a educação. No ponto de partida!
Fazer uma lista de competências comportamentais e técnicas (as soft e hard skills) que precisam ser trabalhadas na sua organização, gerar conteúdos focados nela e disponibilizar esse material já é um grande passo, porém, talvez, o que precisamos é voltar e refletir sobre o processo de aprendizado em si. Mais do que isso: refletir sobre como equipar as pessoas com os acessórios corretos para que elas consigam escalar esse monte de informações. Afinal, como uma empresa pode ajudar seus colaboradores a passarem de um ponto em que falta determinado conhecimento para outro em que ela não só adquire esse conhecimento, mas o assimila?
Estou aqui levantando esses questionamentos, mas a verdade é que não existe uma única rota nessa escalada. O que posso fazer é compartilhar a minha experiência para gerar alguns insights para quem está passando ou vai passar por essa situação.
No Bettha.com, startup do Grupo Cia de Talentos focado em educação, entendemos que, para os jovens profissionais adquirirem conhecimento, também é necessário que eles aprendam a aprender. Soou confuso? É que a ideia da plataforma não é apenas oferecer o conteúdo pelo conteúdo (aquele “Everest” de informações que comentei), mas acompanhar essa pessoa pelo caminho. Na prática, isso pode ser traduzido em duas dicas.
A primeira é: conheça o seu público. No Bettha.com, por exemplo, fazemos mapeamentos de perfis que promovem aprendizado tanto para o usuário (por meio do autoconhecimento), quanto para nós (por meio da coleta de dados). Ao passar pelos assessments, o jovem reflete sobre questões da vida pessoal e profissional que, até então, não tinha parado para pensar; e, do nosso lado, temos a oportunidade de conhecer melhor as particularidades de cada perfil.
Conhecer as pessoas em detalhes, aliás, é essencial para customizar o processo de aprendizado. Se jovens diferentes vão aprender de maneiras diferentes, então é um erro padronizar completamente o ensino, como se uma única abordagem servisse a todos. Não serve. Mas, claro, entendo que padronizamos por uma questão de praticidade. Se for possível, no entanto, considere investir tempo e dinheiro para conhecer melhor seus “alunos” e, na medida do possível, customizar o processo de aprendizado.
A segunda dica diz respeito à jornada, mais precisamente ao ato de criar uma jornada. Quem é da minha geração vai lembrar de quando fazíamos uma viagem mais longa de carro e precisávamos consultar um mapa para planejar a rota. Um plano era traçado, mas muitos percalços eram descobertos assim, no meio do caminho.
Hoje, contudo, dispomos de aplicativos que não só traçam a rota, mas que nos acompanham ao longo dela, fazendo ajustes, fornecendo informações atualizadas. Em algum grau, é o que também pretendemos com as jornadas de conhecimento do Bettha.com.
Não adianta apenas disponibilizar um conteúdo sobre feedback ou inteligência emocional, por exemplo. É importante criar uma rota que guia as pessoas por esse caminho do conhecimento, entendendo que, à medida que ela avança, o aprendizado vai acontecendo. Se, nessa jornada, você tiver a possibilidade de interagir com o seu público, propor atividades reflexivas, enfim, fazer essas “atualizações” dos apps de mapas, melhor ainda.
Tudo isso porque nesse mundo de abundância de conteúdos e de estímulos, não basta que nós, líderes de empresas, sejamos fontes de informação. O excesso nos faz um convite para repensar o nosso papel na educação. Antes de simplesmente entregar uma lista de conteúdos a ser consumida, conheça essa pessoa, investigue suas necessidades de informação e entenda como é seu processo de aprendizado. Não é só o destino final que importa, o conhecimento em si, mas o ato de ensinar como se trilha por essa bela e fundamental jornada do conhecimento.
Não é de hoje que as empresas tomam para si a missão de preencher algumas lacunas na formação dos profissionais. Por conta do contexto atual, provavelmente esse gap entre a realidade da faculdade e a realidade do mundo do trabalho deve aumentar. Isso porque o processo de aprendizado tem sido duramente impactado pela pandemia, fora o aumento na evasão escolar e o acesso restrito ao ensino à distância por conta da desigualdade socioeconômica no país - 55% dos estudantes que moram em favelas ficaram sem estudar durante a pandemia pela falta de internet ou por não receberem as atividades das escolas ou faculdades, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa).
Diante disso, pode ser que o ímpeto das organizações seja elaborar mais cursos, fazer mais treinamentos, criar mais conteúdos para já se preparar e suprir tal carência. Só que, como as coisas não são tão simples assim, essa produção em massa esbarra em outro cenário: o do cansaço.
Fora o desgaste gerado pela própria realidade em que vivemos, há também aquele que vem do nosso relacionamento com a informação. Para aqueles que podem ter acesso à internet, infoxicação, infodemia e fadiga do Zoom são alguns termos que andam circulando por aí e que se relacionam com essa ideia de esgotamento. Por conta do excesso de dados e de estímulos, esses sintomas começam a aparecer e o curso ou o workshop que tinha sido cuidadosamente desenhado para complementar o conhecimento do colaborador se torna mais um item nessa pilha de conteúdo. Uma pilha que parece estar desmoronando sobre nós.
Sabe aquele mix de desânimo e ansiedade ao se deparar com esse volume gigantesco de conteúdos, esse “Everest” de informações? Estou me referindo a isso. Parece que estamos diante de algo gigantesco e não sabemos muito bem por onde começar a escalada. Na minha opinião, é exatamente neste ponto que se encontra o novo desafio das empresas quando o assunto é a educação. No ponto de partida!
Fazer uma lista de competências comportamentais e técnicas (as soft e hard skills) que precisam ser trabalhadas na sua organização, gerar conteúdos focados nela e disponibilizar esse material já é um grande passo, porém, talvez, o que precisamos é voltar e refletir sobre o processo de aprendizado em si. Mais do que isso: refletir sobre como equipar as pessoas com os acessórios corretos para que elas consigam escalar esse monte de informações. Afinal, como uma empresa pode ajudar seus colaboradores a passarem de um ponto em que falta determinado conhecimento para outro em que ela não só adquire esse conhecimento, mas o assimila?
Estou aqui levantando esses questionamentos, mas a verdade é que não existe uma única rota nessa escalada. O que posso fazer é compartilhar a minha experiência para gerar alguns insights para quem está passando ou vai passar por essa situação.
No Bettha.com, startup do Grupo Cia de Talentos focado em educação, entendemos que, para os jovens profissionais adquirirem conhecimento, também é necessário que eles aprendam a aprender. Soou confuso? É que a ideia da plataforma não é apenas oferecer o conteúdo pelo conteúdo (aquele “Everest” de informações que comentei), mas acompanhar essa pessoa pelo caminho. Na prática, isso pode ser traduzido em duas dicas.
A primeira é: conheça o seu público. No Bettha.com, por exemplo, fazemos mapeamentos de perfis que promovem aprendizado tanto para o usuário (por meio do autoconhecimento), quanto para nós (por meio da coleta de dados). Ao passar pelos assessments, o jovem reflete sobre questões da vida pessoal e profissional que, até então, não tinha parado para pensar; e, do nosso lado, temos a oportunidade de conhecer melhor as particularidades de cada perfil.
Conhecer as pessoas em detalhes, aliás, é essencial para customizar o processo de aprendizado. Se jovens diferentes vão aprender de maneiras diferentes, então é um erro padronizar completamente o ensino, como se uma única abordagem servisse a todos. Não serve. Mas, claro, entendo que padronizamos por uma questão de praticidade. Se for possível, no entanto, considere investir tempo e dinheiro para conhecer melhor seus “alunos” e, na medida do possível, customizar o processo de aprendizado.
A segunda dica diz respeito à jornada, mais precisamente ao ato de criar uma jornada. Quem é da minha geração vai lembrar de quando fazíamos uma viagem mais longa de carro e precisávamos consultar um mapa para planejar a rota. Um plano era traçado, mas muitos percalços eram descobertos assim, no meio do caminho.
Hoje, contudo, dispomos de aplicativos que não só traçam a rota, mas que nos acompanham ao longo dela, fazendo ajustes, fornecendo informações atualizadas. Em algum grau, é o que também pretendemos com as jornadas de conhecimento do Bettha.com.
Não adianta apenas disponibilizar um conteúdo sobre feedback ou inteligência emocional, por exemplo. É importante criar uma rota que guia as pessoas por esse caminho do conhecimento, entendendo que, à medida que ela avança, o aprendizado vai acontecendo. Se, nessa jornada, você tiver a possibilidade de interagir com o seu público, propor atividades reflexivas, enfim, fazer essas “atualizações” dos apps de mapas, melhor ainda.
Tudo isso porque nesse mundo de abundância de conteúdos e de estímulos, não basta que nós, líderes de empresas, sejamos fontes de informação. O excesso nos faz um convite para repensar o nosso papel na educação. Antes de simplesmente entregar uma lista de conteúdos a ser consumida, conheça essa pessoa, investigue suas necessidades de informação e entenda como é seu processo de aprendizado. Não é só o destino final que importa, o conhecimento em si, mas o ato de ensinar como se trilha por essa bela e fundamental jornada do conhecimento.