O mercado das fintechs “feitas para ser vendidas”
As fintechs nascem para resolver uma dor dos clientes que os atuais gestores de plataformas no sistema financeiro não estão conseguindo resolver
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2021 às 13h48.
Última atualização em 16 de julho de 2021 às 13h48.
A aprovação pelo Conselho Monetário Nacional da estrutura jurídica de banco múltiplo viabilizou a criação dos primeiros “Marketplaces financeiro da geração X”. Bancos aproveitaram o fluxo de pessoas em “balcões” de agências e começaram “distribuir” soluções de seguros, previdência, capitalização e fundos de investimentos. O termo é distribuir mesmo, porque esses produtos eram “desenhados, concebidos e geridos” por outras empresas, as vezes até com sócios diferentes, e comercializados nos “marketplaces” dos bancos. Vários arranjos de negócios foram realizados a partir do potencial de mercado que representava o balcão das agências. Muitos bancos monetizaram a venda do balcão para seguradoras e novas empresas sugiram e foram até listadas em bolsa a partir do valor que o contrato de venda do balcão representa.
Os bancos perceberam ao longo do tempo que precisavam estar presentes no “habitat” dos clientes, e seria necessário conectar também aos marketplaces de parceiros, como por exemplo, concessionárias de veículos. A venda de carros não ocorre dentro de agências, e sim, em horários fora do expediente bancário, portanto a oportunidade para vender financiamentos e seguros estavam fora das agências. Mesmo movimento ocorreu com a regulamentação dos correspondentes bancários que permitiu num primeiro momento levar soluções de pagamentos a população, também permitiu que os bancos utilizassem como canal do credito consignado, através dos “pastinhas”.
Todos esses movimentos aconteceram antes da academia identificar as “plataformas” na estratégia de negócios e a revolução que elas causaram nos conceitos consolidados das cinco forças competitivas desenvolvido por Michael Porter, da Harvard Business School. O modelo de plataformas construídos por empresas como Google, Amazon, Uber e Airbnb, transformaram o mundo e a relação das empresas com os consumidores e inspiraram uma nova geração de empreendedores apoiados em tecnologia a desafiar os incumbentes, mas é importante destacar que a ancestral das plataformas atuais já operava no mercado financeiro desde a criação do banco múltiplo.
A operação das plataformas analógica dos bancos criou valor, e levou a concentração de mercado, modelo que agora esta sendo desafiado pelo ecossistema digital. O acesso a tecnologia pelos consumidores criou um ambiente propicio para as startups, mas é fundamental destacar que as plataformas dos bancos continuam operando com muita eficiência.
Quando analisamos casos recentes na economia digital, percebemos que gestores de plataformas consolidadas tem como estratégia observar startups dentro do ecossistema que estão resolvendo problemas específicos, e incorporar ao seu negocio como forma de preservar o valor do seu ecossistema. O exemplo mais clássico é o Facebook ao adquirir Whatsapp e Instagram. O Facebook, mesmo possuindo a feature de conversas e compartilhamento de fotos, correu para adquirir as startups, porque elas conseguiam entregar mais valor aos usuários nessas funções, com isso ele garantiu preservação do controle do ecossistema.
As fintechs por natureza nascem para resolver uma dor dos clientes que os atuais gestores de plataformas no sistema financeiro (bancos) não estão conseguindo resolver, portanto elas estão como o Whatsapp e o Instagram estavam para o Facebook. Os grandes bancos, gestores de plataformas consolidadas, os “Facebooks do sistema financeiro”, estão atentos as oportunidades e as ameaças que as startups podem se tornar, o que cria um vibrante mercado para empreendedores e investidores de riscos.
Empreendedores, Anjos, Venture Capital e Private equity estão em busca de captura de valor no “exit” dos negócios, estamos falando do “mercado das fintechs feitas para serem vendidas”.
No mundo digital e na corrida das fintechs o “multihoming” é uma realidade, e o openbanking reduzira ainda mais o custo de mudança de plataformas. Manter o usuário gerando resultado em seu ecossistema sera cada vez mais desafiador, precisara ter escala, escopo amplo, e o fluxo do dinheiro das cadeias produtivas circulando em seus canais, questões que as “plataformas analógicas” conseguiram resolver, portanto o “mercado das feitas para serem vendidas” estará cada vez mais aquecido.
Gueitiro Genso é especialista em serviços financeiros e pagamentos, advisory, mentor e ex CEO do Picpay, também foi Presidente da Previ e VP do BB
A aprovação pelo Conselho Monetário Nacional da estrutura jurídica de banco múltiplo viabilizou a criação dos primeiros “Marketplaces financeiro da geração X”. Bancos aproveitaram o fluxo de pessoas em “balcões” de agências e começaram “distribuir” soluções de seguros, previdência, capitalização e fundos de investimentos. O termo é distribuir mesmo, porque esses produtos eram “desenhados, concebidos e geridos” por outras empresas, as vezes até com sócios diferentes, e comercializados nos “marketplaces” dos bancos. Vários arranjos de negócios foram realizados a partir do potencial de mercado que representava o balcão das agências. Muitos bancos monetizaram a venda do balcão para seguradoras e novas empresas sugiram e foram até listadas em bolsa a partir do valor que o contrato de venda do balcão representa.
Os bancos perceberam ao longo do tempo que precisavam estar presentes no “habitat” dos clientes, e seria necessário conectar também aos marketplaces de parceiros, como por exemplo, concessionárias de veículos. A venda de carros não ocorre dentro de agências, e sim, em horários fora do expediente bancário, portanto a oportunidade para vender financiamentos e seguros estavam fora das agências. Mesmo movimento ocorreu com a regulamentação dos correspondentes bancários que permitiu num primeiro momento levar soluções de pagamentos a população, também permitiu que os bancos utilizassem como canal do credito consignado, através dos “pastinhas”.
Todos esses movimentos aconteceram antes da academia identificar as “plataformas” na estratégia de negócios e a revolução que elas causaram nos conceitos consolidados das cinco forças competitivas desenvolvido por Michael Porter, da Harvard Business School. O modelo de plataformas construídos por empresas como Google, Amazon, Uber e Airbnb, transformaram o mundo e a relação das empresas com os consumidores e inspiraram uma nova geração de empreendedores apoiados em tecnologia a desafiar os incumbentes, mas é importante destacar que a ancestral das plataformas atuais já operava no mercado financeiro desde a criação do banco múltiplo.
A operação das plataformas analógica dos bancos criou valor, e levou a concentração de mercado, modelo que agora esta sendo desafiado pelo ecossistema digital. O acesso a tecnologia pelos consumidores criou um ambiente propicio para as startups, mas é fundamental destacar que as plataformas dos bancos continuam operando com muita eficiência.
Quando analisamos casos recentes na economia digital, percebemos que gestores de plataformas consolidadas tem como estratégia observar startups dentro do ecossistema que estão resolvendo problemas específicos, e incorporar ao seu negocio como forma de preservar o valor do seu ecossistema. O exemplo mais clássico é o Facebook ao adquirir Whatsapp e Instagram. O Facebook, mesmo possuindo a feature de conversas e compartilhamento de fotos, correu para adquirir as startups, porque elas conseguiam entregar mais valor aos usuários nessas funções, com isso ele garantiu preservação do controle do ecossistema.
As fintechs por natureza nascem para resolver uma dor dos clientes que os atuais gestores de plataformas no sistema financeiro (bancos) não estão conseguindo resolver, portanto elas estão como o Whatsapp e o Instagram estavam para o Facebook. Os grandes bancos, gestores de plataformas consolidadas, os “Facebooks do sistema financeiro”, estão atentos as oportunidades e as ameaças que as startups podem se tornar, o que cria um vibrante mercado para empreendedores e investidores de riscos.
Empreendedores, Anjos, Venture Capital e Private equity estão em busca de captura de valor no “exit” dos negócios, estamos falando do “mercado das fintechs feitas para serem vendidas”.
No mundo digital e na corrida das fintechs o “multihoming” é uma realidade, e o openbanking reduzira ainda mais o custo de mudança de plataformas. Manter o usuário gerando resultado em seu ecossistema sera cada vez mais desafiador, precisara ter escala, escopo amplo, e o fluxo do dinheiro das cadeias produtivas circulando em seus canais, questões que as “plataformas analógicas” conseguiram resolver, portanto o “mercado das feitas para serem vendidas” estará cada vez mais aquecido.
Gueitiro Genso é especialista em serviços financeiros e pagamentos, advisory, mentor e ex CEO do Picpay, também foi Presidente da Previ e VP do BB