Turismo europeu com jeitão de Terceiro Mundo
O turismo internacional, pelo jeito, deixou de ser uma forma de desopilar o estresse do dia a dia para se transformar em um caso de perrengue chique
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2022 às 09h26.
Por Aluizio Falcão Filho
Nos últimos dias, percebeu-se um legado inesperado da pandemia – a deterioração dos serviços turísticos no Primeiro Mundo. As companhias aéreas, com problemas seríssimos de mão-de-obra, atrasam voos com frequência, deixam aeronaves estacionadas no pátio sem equipe para operá-las e perdem bagagens dos turistas. Os serviços dos aeroportos também foram degradados. Em Londres, na semana passada, uma pane no sistema do aeroporto de Heathrow evitou que milhares de malas fossem embarcadas (sim, os passageiros voaram sem nenhuma bagagem despachada). Essa mancada, no entanto, não está restrita apenas à Inglaterra. O extravio de malas se tornou tão comum que um aparelhinho da Apple para encontrar objetos perdidos virou um best-seller nas lojas de duty-free.
Brasileiros, quando em viagem ao exterior, têm a expectativa de experimentar uma vida diferente, na qual tudo funciona como se fosse um relógio suíço. Aliás, quando falamos na precisão destas geringonças, talvez tenhamos de repensar essa metáfora. No mês passado, por exemplo, o sistema de tráfego dos aeroportos da Suíça sofreu um apagão. O resultado? Milhares de passageiros confinados em Zurique e nos demais aeroportos do país.
Voltando aos turistas que desejam experimentar um cotidiano no qual tudo funciona de forma precisa. Na prática, esses brasileiros têm recebido serviços de Terceiro Mundo em solo europeu. Ou melhor: serviços que deixam o nosso caos aéreo um exemplo de excelência e governança.
Essa balbúrdia generalizada em terras europeias teve origem quando mais de 2 milhões de funcionários perderam seus empregos na aviação e a maioria esmagadora desta mão-de-obra deixou definitivamente o setor. Sem capacidade de repor esses funcionários e com um verão europeu bombando, a barafunda se instalou de vez no Velho Continente.
Nos Estados Unidos, os problemas são bem menores, mas também existem. No aeroporto de Miami, por exemplo, várias esteiras de locomoção dos passageiros (lembremos que as distâncias nestas construções são enormes) estão quebradas e desativadas. O número de técnicos para consertá-las é pequeno e insuficiente para resolver o problema de todo o local. E a imigração? Nunca foi tão difícil entrar na Terra do Tio Sam. Uma espera mínima de 2 horas se tornou rotina.
Falando em imigração, continuamos a ser campeões em ineficiência em um quesito sui generis. Em todos os países do mundo, os cidadãos nativos passam rapidamente pelos boxes da polícia federal ou similares. Aqui no Brasil, porém, portadores de passaportes nacionais têm de esperar uma fila gigantesca no aeroporto de Guarulhos – e, depois, dependendo do horário, amargar outra espera inacreditável, a da Alfândega.
O turismo internacional, pelo jeito, deixou de ser uma forma de desopilar o estresse do dia a dia para se transformar em um caso de perrengue chique para as classes mais altas. Em algumas cidades, como Paris e Roma, são registrados casos de assalto que lembram muito o que vemos nas grandes capitais brasileiras. Há inclusive episódios em que pilantras se oferecem para tirar fotos de casais ou famílias e, na hora de apertar o botão, saem correndo com o telefone celular. Seria cômico se não fosse trágico.
Caso essa confusão continue por muito tempo (e ainda ontem, o aeroporto londrino de Luton, por conta das altas temperaturas, interrompeu as atividades para reparos na pista), talvez seja melhor olhar para as belezas de nosso país, que oferece atrações fabulosas de norte a sul e de leste a oeste – tudo à disposição por preços inferiores aos internacionais e sem metade dos sufocos que os brasileiros estão enfrentando na Europa.
Por Aluizio Falcão Filho
Nos últimos dias, percebeu-se um legado inesperado da pandemia – a deterioração dos serviços turísticos no Primeiro Mundo. As companhias aéreas, com problemas seríssimos de mão-de-obra, atrasam voos com frequência, deixam aeronaves estacionadas no pátio sem equipe para operá-las e perdem bagagens dos turistas. Os serviços dos aeroportos também foram degradados. Em Londres, na semana passada, uma pane no sistema do aeroporto de Heathrow evitou que milhares de malas fossem embarcadas (sim, os passageiros voaram sem nenhuma bagagem despachada). Essa mancada, no entanto, não está restrita apenas à Inglaterra. O extravio de malas se tornou tão comum que um aparelhinho da Apple para encontrar objetos perdidos virou um best-seller nas lojas de duty-free.
Brasileiros, quando em viagem ao exterior, têm a expectativa de experimentar uma vida diferente, na qual tudo funciona como se fosse um relógio suíço. Aliás, quando falamos na precisão destas geringonças, talvez tenhamos de repensar essa metáfora. No mês passado, por exemplo, o sistema de tráfego dos aeroportos da Suíça sofreu um apagão. O resultado? Milhares de passageiros confinados em Zurique e nos demais aeroportos do país.
Voltando aos turistas que desejam experimentar um cotidiano no qual tudo funciona de forma precisa. Na prática, esses brasileiros têm recebido serviços de Terceiro Mundo em solo europeu. Ou melhor: serviços que deixam o nosso caos aéreo um exemplo de excelência e governança.
Essa balbúrdia generalizada em terras europeias teve origem quando mais de 2 milhões de funcionários perderam seus empregos na aviação e a maioria esmagadora desta mão-de-obra deixou definitivamente o setor. Sem capacidade de repor esses funcionários e com um verão europeu bombando, a barafunda se instalou de vez no Velho Continente.
Nos Estados Unidos, os problemas são bem menores, mas também existem. No aeroporto de Miami, por exemplo, várias esteiras de locomoção dos passageiros (lembremos que as distâncias nestas construções são enormes) estão quebradas e desativadas. O número de técnicos para consertá-las é pequeno e insuficiente para resolver o problema de todo o local. E a imigração? Nunca foi tão difícil entrar na Terra do Tio Sam. Uma espera mínima de 2 horas se tornou rotina.
Falando em imigração, continuamos a ser campeões em ineficiência em um quesito sui generis. Em todos os países do mundo, os cidadãos nativos passam rapidamente pelos boxes da polícia federal ou similares. Aqui no Brasil, porém, portadores de passaportes nacionais têm de esperar uma fila gigantesca no aeroporto de Guarulhos – e, depois, dependendo do horário, amargar outra espera inacreditável, a da Alfândega.
O turismo internacional, pelo jeito, deixou de ser uma forma de desopilar o estresse do dia a dia para se transformar em um caso de perrengue chique para as classes mais altas. Em algumas cidades, como Paris e Roma, são registrados casos de assalto que lembram muito o que vemos nas grandes capitais brasileiras. Há inclusive episódios em que pilantras se oferecem para tirar fotos de casais ou famílias e, na hora de apertar o botão, saem correndo com o telefone celular. Seria cômico se não fosse trágico.
Caso essa confusão continue por muito tempo (e ainda ontem, o aeroporto londrino de Luton, por conta das altas temperaturas, interrompeu as atividades para reparos na pista), talvez seja melhor olhar para as belezas de nosso país, que oferece atrações fabulosas de norte a sul e de leste a oeste – tudo à disposição por preços inferiores aos internacionais e sem metade dos sufocos que os brasileiros estão enfrentando na Europa.