Mais um comentário sobre a controvérsia em torno das pesquisas
É importante ressaltar que as metodologias das pesquisas podem refletir em resultados totalmente diferentes sem que haja fraude nos respectivos resultados
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2022 às 14h22.
Muito se fala sobre as pesquisas que dão a liderança ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Geralmente, esses comentários são negativos e questionam fortemente a credibilidade desses estudos. Eleitores do presidente Jair Bolsonaro vão mais longe: dizem que essas enquetes sempre tiveram como propósito ajudar a esquerda nas campanhas eleitorais.
Antes de entrar nessa discussão, é importante ressaltar que as metodologias das pesquisas podem refletir em resultados totalmente diferentes sem que haja fraude nos respectivos resultados. Vejamos dois exemplos. Um é o da Modal Mais/ Futura, com dados coletados por telefone e sem interferência humana (um computador auxilia o entrevistado com as perguntas). Neste caso, Bolsonaro teve 40,1 % das intenções de voto e Luiz Inácio Lula da Silva, 36,9 % (respostas estimuladas). Já a enquete do Instituto Datafolha, divulgada um dia depois e totalmente baseada em respostas presenciais, coletadas por um entrevistador, apresentou resultados totalmente diferentes: 45 % para Lula e 32 % para Bolsonaro.
Talvez essa diferença tão gritante mostre que existe um grupo de eleitores bolsonaristas com receio de revelar sua verdadeira intenção de voto e se sinta mais confortável em demonstrar a verdade diante de um computador. Ou que a captura que realmente funciona é aquela feita nas ruas, como a do Datafolha. Só saberemos, de fato, quem está com a razão no dia 2 de outubro (e existe ainda a hipótese de os resultados da eleição serem diversos do que nos dizem, hoje, Futura e Datafolha).
Voltando à credibilidade destes estudos e suas estatísticas: qual seria o interesse de manipular um resultado de pesquisas? Esta possibilidade, sempre discutida nas hostes bolsonaristas, leva em consideração a premissa de que os eleitores são influenciados pelas pesquisas e, com isso, tenderiam a votar em quem aparece em primeiro lugar.
Mas será que esse fenômeno acontece?
É possível que existam eleitores preguiçosos o suficiente para votar em quem lidera as pesquisas. Ou que pessoas refratárias a um determinado nome possam repensar sua posição por conta da liderança de um determinado candidato. Mas estamos falando de uma minoria da minoria.
Um indeciso cuja orientação é de direita dificilmente votaria em Lula apenas porque ele está em primeiro lugar nos Datafolhas da vida. O mesmo vale se trocarmos o sinal ideológico. Imaginemos um eleitor de esquerda que tenha se decepcionado com o PT por conta das acusações que emergiram durante o Petrolão: ele votaria em Bolsonaro caso o presidente estivesse na frente das pesquisas? Dificilmente.
Neste ano, no entanto, as pesquisas podem interferir no resultado do Primeiro Turno no que diz respeito à antecipação do voto útil.
De um lado, eleitores mais à direita, com receio de que Lula vença já no Primeiro Turno, podem abandonar seus candidatos preferidos e apertar o número de Bolsonaro nas cabines. De outro, o eleitorado de esquerda, movido pelos números divulgados, pode despejar seus votos em Lula para tentar antecipar o resultado e evitar uma segunda etapa.
O que se vê, assim, é um movimento dentro dos quadrantes ideológicos, que se reuniriam naturalmente em um Segundo Turno. Dificilmente as pesquisas influenciariam alguém a ponto de votar em um nome que contraria a sua, digamos, ideologia.
Em vez de ficar vociferando contra as pesquisas, os coordenadores de campanha deveriam tentar decifrar quais são as razões que movem o eleitorado. Hoje, várias pesquisas mostram que 79 % dos eleitores escolheram em quem vão votar. Ou seja, há 21 % dos votos ainda em jogo – o suficiente para consolidar uma vitória de Lula no Primeiro Turno ou levar Bolsonaro ao Segundo Turno e virar o jogo. Mas, sem uma análise fria dos dados e das informações qualitativas, o caminho para convencer o eleitorado indeciso pode ser montanhoso e esburacado.
Muito se fala sobre as pesquisas que dão a liderança ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Geralmente, esses comentários são negativos e questionam fortemente a credibilidade desses estudos. Eleitores do presidente Jair Bolsonaro vão mais longe: dizem que essas enquetes sempre tiveram como propósito ajudar a esquerda nas campanhas eleitorais.
Antes de entrar nessa discussão, é importante ressaltar que as metodologias das pesquisas podem refletir em resultados totalmente diferentes sem que haja fraude nos respectivos resultados. Vejamos dois exemplos. Um é o da Modal Mais/ Futura, com dados coletados por telefone e sem interferência humana (um computador auxilia o entrevistado com as perguntas). Neste caso, Bolsonaro teve 40,1 % das intenções de voto e Luiz Inácio Lula da Silva, 36,9 % (respostas estimuladas). Já a enquete do Instituto Datafolha, divulgada um dia depois e totalmente baseada em respostas presenciais, coletadas por um entrevistador, apresentou resultados totalmente diferentes: 45 % para Lula e 32 % para Bolsonaro.
Talvez essa diferença tão gritante mostre que existe um grupo de eleitores bolsonaristas com receio de revelar sua verdadeira intenção de voto e se sinta mais confortável em demonstrar a verdade diante de um computador. Ou que a captura que realmente funciona é aquela feita nas ruas, como a do Datafolha. Só saberemos, de fato, quem está com a razão no dia 2 de outubro (e existe ainda a hipótese de os resultados da eleição serem diversos do que nos dizem, hoje, Futura e Datafolha).
Voltando à credibilidade destes estudos e suas estatísticas: qual seria o interesse de manipular um resultado de pesquisas? Esta possibilidade, sempre discutida nas hostes bolsonaristas, leva em consideração a premissa de que os eleitores são influenciados pelas pesquisas e, com isso, tenderiam a votar em quem aparece em primeiro lugar.
Mas será que esse fenômeno acontece?
É possível que existam eleitores preguiçosos o suficiente para votar em quem lidera as pesquisas. Ou que pessoas refratárias a um determinado nome possam repensar sua posição por conta da liderança de um determinado candidato. Mas estamos falando de uma minoria da minoria.
Um indeciso cuja orientação é de direita dificilmente votaria em Lula apenas porque ele está em primeiro lugar nos Datafolhas da vida. O mesmo vale se trocarmos o sinal ideológico. Imaginemos um eleitor de esquerda que tenha se decepcionado com o PT por conta das acusações que emergiram durante o Petrolão: ele votaria em Bolsonaro caso o presidente estivesse na frente das pesquisas? Dificilmente.
Neste ano, no entanto, as pesquisas podem interferir no resultado do Primeiro Turno no que diz respeito à antecipação do voto útil.
De um lado, eleitores mais à direita, com receio de que Lula vença já no Primeiro Turno, podem abandonar seus candidatos preferidos e apertar o número de Bolsonaro nas cabines. De outro, o eleitorado de esquerda, movido pelos números divulgados, pode despejar seus votos em Lula para tentar antecipar o resultado e evitar uma segunda etapa.
O que se vê, assim, é um movimento dentro dos quadrantes ideológicos, que se reuniriam naturalmente em um Segundo Turno. Dificilmente as pesquisas influenciariam alguém a ponto de votar em um nome que contraria a sua, digamos, ideologia.
Em vez de ficar vociferando contra as pesquisas, os coordenadores de campanha deveriam tentar decifrar quais são as razões que movem o eleitorado. Hoje, várias pesquisas mostram que 79 % dos eleitores escolheram em quem vão votar. Ou seja, há 21 % dos votos ainda em jogo – o suficiente para consolidar uma vitória de Lula no Primeiro Turno ou levar Bolsonaro ao Segundo Turno e virar o jogo. Mas, sem uma análise fria dos dados e das informações qualitativas, o caminho para convencer o eleitorado indeciso pode ser montanhoso e esburacado.